sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Hospital Gaffrée e Guinle agoniza em estado terminal

Unidade referência no tratamento da Aids não paga suas contas há três anos

Rio - Referência nacional no tratamento de pacientes com Aids, o Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, na Tijuca, pede socorro. A dívida com fornecedores e empresas terceirizadas começou em 2013, já ultrapassou os R$ 16 milhões e a unidade está prestes a fechar as portas.
diretor do hospital, Fernando Ferry, já foi comunicado pela empresa prestadora de serviços de limpeza que haverá suspensão dos trabalhos a partir de hoje se não houver o pagamento.Segundo Ferry, a instituição possui uma despesa mensal de cerca de R$ 6 milhões. No entanto, só recebe R$ 2 milhões, que são insuficientes para investir em infraestrutura e pagar funcionários e fornecedores.


Sem repasse de verbas, instituição já desativou 107 dos 236 leitos
Foto: Divulgação

“Estamos diminuindo muito a capacidade de atendimento e correndo um risco de fechar se a situação não mudar. Reduzimos as cirurgias eletivas e fizemos um recesso de 16 dezembro a 6 de janeiro, aproveitando as férias dos alunos e dos professores. Neste período não faremos internações e os atendimentos nos ambulatórios serão reduzidos”, explicou Ferry.
Dos 236 leitos existentes no hospital, 106 foram desativados. Hoje, apenas 130 funcionam, e só 100 são, no momento, ocupados por pacientes. Outros 60 leitos podem ser desativados a qualquer momento. Três das oito enfermarias também estão fechadas. O Ministério da Educação, uma vez que o hospital pertence à Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), prometeu repassar R$ 4 milhões até o dia 15.
“Água, luz e telefone, não pagamos há três anos. Se não vier o dinheiro, não teremos como continuar funcionando”, informou Fernando Ferry. Para o vice-presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj), Nelson Nahon, a situação do Gaffrée e Guinle é inadmissível. 
“Fui aluno da faculdade, me formei ali. Acompanho com tristeza o desmonte do Gaffrée. Não podemos admitir que o atendimento à população e a formação dos médicos sejam prejudicados pelo descaso do poder público”, declarou Nahon.
Pedro II: desvio afeta rotina
Pacientes e funcionários dos hospitais Pedro II, em Santa Cruz, e Ronaldo Gazola, em Acari, se queixam da falta de alimentação e de insumos. As unidades foram afetadas por um desvio de R$ 48 milhões, num esquema de superfaturamento de contratos feito pela Organização Social (OS) Biotech. “Hoje só comemos arroz, frango e feijão”, reclamou um dos terceirizados do Pedro II. 
No Ronaldo Gazola, familiares sofrem para marcar exames. “É muito demorado”, diz a professora Teresa Cristina. O pai dela, de 80 anos, ficou 24 horas sem refeição. “Ele só recebeu um lanche frio na janta”, diz, revoltada.

Fonte: O DIA


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