domingo, 31 de março de 2013

Sem acordo com PT, PMDB busca reforço para Pezão

Até candidatura de Cabral ao Senado pode ser usada para impulsionar chapa de vice-governador à sucessão

RIO — A falta de acordo entre PT e PMDB para a sucessão do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), em 2014, levou peemedebistas a traçar um plano “B” em socorro à candidatura do vice-governador Luiz Fernando Pezão, caso o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) não desista da ideia de disputar o Palácio Guanabara, e a Executiva Nacional petista abrace de vez a ideia. Cresce no partido a corrente em defesa do lançamento de Cabral ao Senado para reforçar a chapa de Pezão. Apesar do esforço do partido em tornar o vice-governador mais popular, ele ainda enfrenta, apesar de uma melhora identificada por pesquisa recente, o desconhecimento de sua trajetória por boa parte dos eleitores. A presença de Cabral ajudaria a quebrar essa barreira.
No outro lado da balança, Lindbergh Farias teve sua candidatura inflada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que afirmou que o senador tem o direito de disputar o estado. Após ganhar fôlego, o petista guardou na manga uma carta para ser usada em caso de recusa de seu nome pela Executiva Nacional — o quadro hoje dentro do partido é favorável a Lindbergh. O senador recorreria, afirma um petista com estrela de alta grandeza, ao PSB em busca de legenda desde que o governador pernambucano, Eduardo Campos, entrasse na disputa pelo Palácio do Planalto e garantisse um palanque forte.


Além de atuar nas eleições municipais do ano passado para eleger prefeitos petistas, Lindbergh se empenhou para garantir prefeituras a candidatos aliados do PSB, de olho no apoio fiel do grupo em 2014.
Enquanto PMDB e PT não entram em acordo quanto à aliança, Lindbergh engrossa as críticas ao governo Cabral em suas viagens pelo estado — entre os dias 4 e 7 de abril o senador levará sua Caravana da Cidadania a bairros da Zona Oeste do Rio. A rotina de críticas tem provocado reações dos peemedebistas, que classificam a estratégia do petista “como um tiro no pé”.
Peemedebistas nacionalizam aliança com petistas no Rio
Para os peemedebistas, as críticas feitas por Lindbergh Farias à administração de Sérgio Cabral vão respingar no próprio PT. A maior parte dos investimentos é feita em parceria com o governo da presidente Dilma Rousseff.
— A população não quer a ruptura da parceria entre PMDB e PT no estado. A aliança deu certo e tirou o Rio de Janeiro da estagnação. Quando o senador Lindbergh critica ações do governo Cabral, ele ataca o ativo dos dois governos, o estadual e o federal da presidente Dilma. A candidatura dele é legítima? É, mas ele se esquece de que só foi eleito porque o PT estava com o PMDB, e seu nome recebeu o apoio de Sérgio Cabral e do prefeito Eduardo Paes — analisa o presidente estadual do PMDB, Jorge Picciani.
De posse de um levantamento que comprovaria mais investimentos do estado e da prefeitura do Rio em áreas nobres, preterindo a periferia, cidades da Baixada Fluminense e da Região Metropolitana, além de municípios do interior, Lindbergh busca o apoio de prefeitos descontentes em sua caravana. O senador também apresentou as distorções em inserções do PT na TV.
O PMDB tenta barrar as investidas de Lindbergh em busca de apoio dos prefeitos e nacionaliza o acordo. O partido é hoje o principal aliado do PT no Congresso, e uma quebra da aliança no Rio, ameaçam peemedebistas fluminenses, poderia repercutir no apoio à reeleição de Dilma: ele só existiria no papel, não na prática.
— A parceria do PMDB com o PT no Rio é a mais importante no país. Representa mais que comandar a prefeitura de São Paulo, já que o PT não possui o estado, nas mãos do PSDB. Em Minas Gerais, a posição do PT também não é a mais confortável. No Rio, está junto no estado e na capital. É uma arrogância e uma precipitação do senador Lindbergh antecipar essa discussão para um ano ímpar — critica Picciani.
Peemedebistas e petistas fluminenses têm antecipado a corrida eleitoral de 2014 e travado embates. Lindbergh chegou a acusar o PMDB de estar por trás de denúncias publicadas pela revista “Época” de irregularidades em sua gestão à frente da prefeitura de Nova Iguaçu. O PMDB do Rio nega a produção de dossiês contra o senador.
Em entrevista ao jornal “Valor Econômico”, o ex-presidente Lula defendeu a candidatura de Lindbergh, mas ressaltou a importância da aliança com o PMDB. Ele colocou a reeleição da presidente Dilma como prioridade mesmo que algumas candidaturas sejam rifadas. O vice-governador não comentou as declarações.


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Fonte:O Globo

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