quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Presa em protesto, jovem de Macaé relata ameaças


Edição247-Reprodução-YouTube / Fernando Frazão-Agência Brasil:


Edição247-Reprodução-YouTube / Fernando Frazão-Agência Brasil:



Nesta semana, mais um grupo de 70 pessoas foram presas pela Polícia em uma série de confrontos no Rio; dentre elas, está Elisa de Quadros Pinto Sanzi, enquadrada pela "Nova Lei de Organização Criminosa"; a jovem gravou um vídeo onde relatou as ameaças que ela e o grupo vinham sofrendo
Weslei Radavelli, Clique Diário - A violência e a truculência abordada por parte das forças policiais, comandadas pelo Governo do Estado, continuam levando ativistas e pessoas que lutam pelos próprios direitos à cadeia. E, o que é pior: ainda tratados como bandidos, criminosos e "presos políticos", bem como – no passado – aqueles que lutavam contra a ditadura eram chamados.

Nesta semana, mais um grupo de 70 pessoas foram presas pela Polícia em uma série de confrontos no Rio de Janeiro. Dentre elas, está a jovem Elisa de Quadros Pinto Sanzi, popularmente conhecida como "Sininho". Elisa foi moradora e estudante de uma instituição de ensino em Macaé e faz parte do grupo que luta em busca de justiça na capital fluminense.

Ao lado de outros jovens, Elisa foi enquadrada pela "Nova Lei de Organização Criminosa" - a mesma que proíbe pessoas utilizando máscaras nas ruas do Estado – sob a alegação de "Formação de Quadrilha". Ela foi encaminhada à 25ª Delegacia de Polícia Civil (Engenho Novo) e depois levada para o presídio feminino de Bangu, onde há outros presos por tráfico de entorpecentes, homicidas, assaltantes e verdadeiros criminosos.

O delito de Elisa, segundo a lei aprovada pela Alerj – de autoria dos deputados Paulo Mello e Domingos Brazão (PMDB), sob as bênçãos do Governador Sérgio Cabral, é inafiançável.

De acordo com a Polícia Civil, todos foram autuados com base na nova lei de organização criminosa, por crimes como dano ao patrimônio público, formação de quadrilha, roubo e incêndio. Elisa, assim como grande parte do grupo, apenas lutava contra seus direitos. Acabou sendo enquadrada como "presa política", assim como acontecia no período ditatorial.

Para ela, esta situação não é novidade. Há exatos trinta dias, um vídeo com o nome "Rompendo o Silêncio" mostra Sininho e um jovem – identificado como Denner – falando sobre as pressões e situações que o grupo vinha enfrentando. Em vários pontos do vídeo – postado pela Mídia Independente Coletiva e com duração de doze minutos – Elisa fala sobre o modelo de ações e das estratégias do grupo, mas também da preocupação com a vigilância da milícia.

"Quando a ocupação da Câmara (Municipal) começou, a gente sabia dos riscos que estávamos correndo. Até o pessoal dos direitos humanos e uma procuradora da Defensoria Pública nos alertou destes riscos", diz Sininho no vídeo.

Se identificando como uma Militante Ativista, Sininho conta que, em um dado momento, houve uma suposta ameaça contra ela, onde haveria uma foto sua com milicianos que preparavam um ataque. "Recebemos uma denúncia que o nosso nome estava 'na roda'. Dias depois, nos encontramos com um político, que viveu algo bem parecido. Ele passou informações do que ele viveu e falou: 'É melhor vocês saírem'", relembra. "Os fatos que ele viveu é exatamente com o que vem acontecendo agora", completou Dener.

"Vamos juntar a nossas histórias. (...) Apesar da 'falta de prova', não podemos esquecer o que aconteceu na ditadura. Foi assim que começou, nas pequenas ameaças, tortura psicológica... é exatamente isso que ta acontecendo hoje", apelou Sininho ao fim do vídeo.

Quem eram os presos políticos?

No período da ditadura no Brasil, houve uma pressão forte dos militares contra a população. Naquela época, um preso político era um indivíduo que acabava encarcerado numa prisão pelas autoridades, unicamente por exprimir, por palavras ou atos, a sua discordância com o regime político em vigor.

Esta situação, é bem semelhante a vivida nos dias de hoje. O site Wikipédia vai ainda mais além: completa que "A existência de presos políticos está, em regra, associada a regimes políticos ditatoriais".

Desde o início dos confrontos no Rio de Janeiro, a forças policiais – comandadas pelo Governo do Estado – são alvos de fortes críticas por parte da população "séria", que vai para as ruas para reivindicar melhorias e não para praticar o vandalismo e destruir o patrimônio público.

Em meio à demandas de aumentos salariais, fim da corrupção e crescimento do país, parte da queixa da população é direcionada a casos como o desaparecimento do ajudante de pedreiro Amarildo dos Santos, que foi retirado da própria casa por policiais em uma favela da capital. Sequer o corpo de Amarildo apareceu até hoje, assim como todas as causas que levaram à sua prisão.

Páginas na internet pedem liberdade a Sininho

A internet tem sido a principal ferramenta de comunicação do grupo que reivindica melhorias. É por ela que eles prestam depoimentos e enviam fotos e vídeos – alegando que não há edição ou manipulação por parte da imprensa.

Este vídeo onde Sininho e Dener revelam as ameaças que o grupo vem sofrendo, está postado no YouTube e, até às 2 da manhã desta quinta-feira, dia 17, pelo menos 24 mil pessoas visualizaram o vídeo (veja o vídeo ao fim desta matéria). Já no Facebook, a comunidade "Libertem Sininho" (acesse aqui), criada por volta das 19 horas de quarta-feira, dia 16, já havia contado com a adesão de 1.068 internautas.

Nas reportagens já divulgadas na imprensa, o Governo do Estado reforçou que não irá liberar os "presos políticos", que esperam por um posicionamento contrário por parte da Justiça.
Fonte: Rio247

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