quarta-feira, 31 de julho de 2013

Com nomes queimados, só Lula salva PT em São Paulo?

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Pré-candidatos petistas a governador, em 2014, não ficam de pé; protestos e recuo frente aos médicos abatem ministros Alexandre Padilha e Aloizio Mercadante; Guido Mantega tem trabalho suficiente na Fazenda; prefeito Luiz Marinho, de São Bernardo, ainda precisa de mais altitude; e dirigentes teimam em não abrir espaço para ministra Marta Suplicy, da Cultura; desse jeito, desejo do marqueteiro João Santana irá se concretizar: Lula para governador de São Paulo; "Só não sou candidato a síndico do meu prédio", diz o próprio Lula, entre amigos, alimentando o suspense

Só Lula, ao que parece, pode salvar o plano que o próprio Lula, meses atrás, formulou para o PT: ter um candidato surpreendente para vencer as eleições estaduais em São Paulo, aproveitando a melhor chance do partido desde a sua fundação, como avalia o ex-presidente. É nesse projeto, também, que o marqueteiro João Santana trabalha, de olho na candidatura à reeleição da presidente Dilma Rousseff e na simbiose eleitoral que ela e Lula, concorrendo ao governo de São Paulo, poderiam formar em favor de ambos.
Ao mesmo tempo em que pode parecer uma espécie de jogo de tudo ou nada para o partido, um olhar ao redor parece indicar a alternativa Lula como a mais provável nas atuais condições de temperatura e pressão da política nacional. Todos os pré-candidatos do partido, sem exceção, enfrentam sérios problemas para ficarem de pé como postulantes com reais chances ao cargo do governador Geraldo Alckmin, do PSDB.
NUM GOLPE SÓ - Além de ainda não se ter encontrado um bom argumento para tirar da presidente Dilma Rousseff o legítimo direito à reeleição (o que destinaria Lula a concorrer ao Planalto), a conjuntura abateu dois de seus queridinhos. Num só golpe, os médicos brasileiros que protestaram contra o programa Mais Médicos conseguiram queimar os ministros Alexandre Padilha, da Saúde, e Aloizio Mercadante, da Educação. O segundo, que já concorreu sem sucesso ao cargo, avisou que não está interessado para 2014. Ele ficará à frente da pasta para pilotar investimentos bilionário no setor.
Padilha, ao contrário, até transferiu, sem alarde, seu título eleitoral do Acre para São Pauo, de modo a ter condições, no próximo ano, de atender ao chamado das bases (na verdade, a uma ordem da cúpula partidária). Porém, a maneira enviesada como ele apresentou o programa Mais Médicos à sociedade, os protestos decorrentes e, nesta quarta-feira 31, o recuo dele diante da mobilização da categoria médica, desistindo da ideia de impor dois anos de estágio obrigatório no SUS para a obtenção do diploma, o queimaram . Além de desconhecido do eleitorado paulista, Padilha, ao ser apresentado, terá muito o que explicar como gestor. O que seria novo envelheceu rapidamente.
Num campo mais distante, o próprio Lula citou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, como um dos pré-candidatos, além de seu compadre Luiz Marinho, prefeito reeleito de São Bernardo. Mantega, sabe-se, tem tarefas suficientes na condução da política econômica, cujos resultados devem ser o principal motivo da vitória – ou da derrota – da candidatura à reeleição. Não se imagina um horizonte tão tranquilo, no próximo ano, a ponto de ele deixar o ministério da Fazenda nos braços do povo em direção ao Palácio dos Bandeirantes.
MEDO DE MARTA - Ao prefeito Marinho falta, ainda, altitude na política paulista, mas, no atual quadro, é o que menos está perdendo. Em todas as pesquisas, o nome da ministra da Cultura, Marta Suplicy, sai na frente. O problema para ela, porém, é que os dirigentes de seu próprio partido não a reconhecem como alternativa confiável, apesar do favoritismo e de ela jamais ter afrontado o PT. A todo momento, por exemplo, o prefeito Fernando Haddad, que fez parte do segundo escalão da administração municipal de Marta, elogia a gestão dela, da qual recolheu uma série de quadros políticos. No PT mesmo, sua gestão na capital paulista é visto como modelo, com obras e projetos sociais de largo alcance. No entanto, os chefes partidários, para evitá-la, dizem que não há interesse da parte dela. "Padiha vai ultrapassar essas dificuldades. A Marta não quer voltar à Prefeitura", afirmou, na quarta-feira 30, ao 247, o presidente da Câmara Municipal de São Paulo, José Américo. Ele pertenceu ao primeiro escalão de Marta.
Resta, afinal, quem, então? Lula! Se não puder concorrer à Presidêncida, dada a vaga estar ocupada por Dilma, e não querendo disputar ser síndico de seu prédio, o ex-presidente poderia tentar uma revanche, já que concorreu no passado ao cargo de governador. Com seu discurso de desenvolvimento econômico e inclusão social, além de todas as suas qualidades de personagem político, ele poderia se beneficiar de um momento de extrema fraqueza dos tucanos, enredados em graves denúncias de corrupção em torno das multinacionais Alstom e Siemens. Os astros da conjuntura parecem se alinhar para que o velho Lula seja o novo que ele mesmo sugere.

Fonte: Brasil 247

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