Por Jacqueline Farid – Equipe RCE
A bela paisagem de Búzios ganhou um reforço com a realização do Desafio Solar Brasil, competição de barcos que divertiu e conscientizou a população local e os turistas que se encantam pela cidade. Movidas a energia solar, as embarcações navegaram pelo mar que vão ajudar a preservar, como parte do Projeto Cidade Inteligente, que há pouco mais de um ano está sendo implantado pela Ampla no balneário e é uma iniciativa ligada ao Programa Rio Capital da Energia.
A competição, que já está em sua quarta edição, ocorreu de quinta a domingo (25 a 28 de julho) e foi idealizada e organizada pelo Polo Náutico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em parceria com a Ampla e a prefeitura de Búzios. O primeiro lugar ficou com uma equipe de Santa Catarina, a Vento Sul, seguida pela Equipe Mangue e a equipe Hurakan. Foram 17 equipes inscritas representando os estados do Rio de Janeiro, Santa Catarina e Ceará, totalizando 180 universitários envolvidos, além de 40 professores e orientadores.
A cerimônia de abertura ocorreu na quinta-fera (25) e contou com a presença do prefeito de Búzios, André Granado Nogueira; do Decano do Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Walter Issamu Suemitsu; da Diretora de Comunicação e Relações Externas da Endesa Brasil, Janaina Savino Vilella dos Santos, e do Secretário Municipal de Ciência e Tecnologia de Búzios, João Rafael Fonteneles.
O coordenador técnico do projeto Cidade Inteligente, Weules Fernandes, explica que o objetivo principal do evento é estimular o uso das energias renováveis, divulgando o potencial da energia solar. “Hoje os barcos são de universitários, mas podem vir a ser também de passageiros. No Brasil essa iniciativa tecnológica está ganhando bastante força e os preços estão cada vez mais acessíveis, com estímulos do governo”, diz Fernandes, acrescentando que “é uma competição muito saudável e que ajuda o planeta, além de ser bastante produtiva no sentido acadêmico e social”.
Fernandes conta que visitou a equipe da Universidade Federal Fluminense (UFF) e ficou surpreso com o nível de tecnologia utilizada, já que a embarcação funciona sem botões, mas como um tablet, com todo um sistema de gerenciamento de energia desenvolvido pelos universitários.
Ele explica que o Desafio Solar é atraente para os universitários porque eles têm consciência de que a energia solar será cada vez mais disseminada no País, com expansão do uso em residências e comércio. Como a competição é conhecida pelo profissionalismo dos organizadores e participantes e conta com patrocínios, se torna uma vitrine para o mercado de trabalho. “A gente consegue dar uma demonstração prática de eficiência energética, não é um filme de ficção científica”, afirma.
O coordenador técnico da Cidade Inteligente ressalta que o evento chama “bastante atenção para temas primordiais”, como geração renovável, mobilidade elétrica e uso eficiente de energia. Foi realizado um trabalho de divulgação específico nas escolas de Búzios, onde os alunos estão escrevendo artigos sobre energia solar, com prêmios para as melhores redações.
Em uma cidade na qual os barcos são um importante meio de transporte, os ganhos ambientais do uso dessa energia nas embarcações são significativos. Fernandes observa que, em geral, as praias mais limpas de Búzios são aquelas nas quais há menos barcos, que ficam mais protegidas da sujeira de óleo do motor, fumaça e poluição. Esses impactos são minimizados com os barcos movidos a energia solar, já que o motor, comparado à combustão, é muito mais econômico e eficiente.
Fernandes explica que a competição de barcos movidos a energia solar já era realizada pela UFRJ há alguns anos, mas o responsável pela organização, professor Fernando Amorim, faleceu e a realização do evento ficou ameaçada. A afinidade da iniciativa com o projeto Cidade Inteligente levou a Ampla a realizar a regata em Búzios.
Além da competição, o evento contou com workshops sobre telemetria e monitoramento, propulsão solar, smart grids e outros assuntos relacionados à geração de energia renovável, medição inteligente, engenharia elétrica e naval e consumo consciente de energia.
De acordo com a Ampla, os principais impactos tecnológicos e sociais do evento, para os participantes e a população local, são o desenvolvimento de tecnologia para eficiência energética, propulsão elétrica e controle energético; capacitação de pessoal para atuação com tecnologia solar; realização de seminários, palestras de integração e disseminação do conhecimento; divulgação cientifica nas escolas de Búzios; popularização do debate do uso de energia renovável; entrosamento entre as equipes participantes que podem gerar trabalhos e pesquisas em parceira. Além disso, os participantes poderão desenvolver dissertações e projeto finais elaborados pela experiência da participação.
CIDADE INTELIGENTE
O coordenador técnico do projeto Cidade Inteligente destaca que, neste primeiro ano de implantação do projeto na cidade de Búzios, houve um intenso trabalho na parte de planejamento e definição de tecnologias. Neste segundo semestre, o foco será operacional, com a instalação de 6 mil medidores inteligentes e instalação de rede. “Será um semestre bastante forte de execução técnica e a qualidade da energia ficará mais visível para as pessoas”, adiantou ele. A partir do ano que vem, já irá ocorrer uma redução de tarifa com modulação de carga.
O projeto é uma “aposta estratégica” da Ampla em desenvolvimento e pesquisa de redes inteligentes de distribuição de energia (smart grids), como base do novo modelo energético. A iniciativa conta com a instalação e integração de tecnologias de distribuição e medição inteligente de energia, veículos elétricos, instalação de fontes de geração de energia renovável, projetos socioambientais voltados para o consumo consciente de energia e outros recursos, além de geração de renda e formação de redes de relacionamento.
A Cidade Inteligente Búzios já conta com quatro carros e duas bicicletas elétricas inteligentes, um posto de recarga de energia, chuveiros eficientes e pontos de geração de energias renováveis – solar e eólica. A iluminação pública também ganhou novas luminárias de LED com micro geração eólica e outros pontos de luz telecomandados. Além disso, visitantes e moradores já podem desfrutar de uma rede de wi-fi gratuita na Rua das Pedras e de um posto de coleta de lixo reciclável do projeto Ecoampla.
Fonte: Rio Capital da Energia
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