quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Lixão de Guapimirim tem atividades encerradas

Baía de Guanabara deixará de receber “um Maracanã” de chorume por semana

RIO - O último lixão situado às margens da Baía de Guanabara, o vazadouro de lixo de Guapimirim, na Região Metropolitana do Rio, teve nesta terça-feira suas atividades encerradas em operação realizada pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea), com apoio de policiais do Comando de Polícia Ambiental (CPAm) e da Prefeitura de Guapimirim. O secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, e a presidente do Inea, Marilene Ramos, que acompanharam a operação, disseram que com o fechamento desse lixão e os de Itaoca, em São Gonçalo, de Babi, em Belford Roxo, e de Gramacho, em Duque de Caxias, a Baía de Guanabara deixará de receber “um Maracanã” de chorume por semana.
— Guapimirim passará a descartar seus resíduos no aterro sanitário de Itaboraí, uma solução ecologicamente correta. Já os cerca de dez catadores que aqui atuam, serão assistidos pela Secretaria de Estado do Ambiente e pelo Inea. A nossa meta é ajudar a Prefeitura de Guapimirim a organizá-los em cooperativa para atuarem na coleta seletiva do município. Os catadores são uma prioridade para a secretaria — disse Minc. O secretário esclareceu, ainda, que com o fechamento do lixão, Guapimirim passará a receber mais R$ 450 mil de ICMS Verde.
— Só com isso, o município poderá bancar o transporte dos caminhões e o despejo do seu lixo no aterro de Itaboraí — disse ele.
Além disso, explicou Minc, está para ser criado na cidade o Parque Municipal de Proteção Integral de Guapimirim, na área de amortecimento do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), de aproximadamente 1.700 hectares, com recursos do próprio Comperj.
— Com isso, Guapimirim também vai ganhar pontos para o ICMS Verde. Somando o fim do lixão com a criação desse parque municipal, Guapimirim poderá receber cerca de R$ 900 mil, por ano, de ICMS Verde, o suficiente para a prefeitura pagar o transporte e o despejo do lixo, fazer a coleta seletiva e investir em outras questões ambientais”, completou Minc.
A presidente do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Marilene Ramos, que também acompanhou a operação, disse que o Município de Guapimirim será incorporado no Programa Compra do Lixo Tratado. “Por esse programa, são repassados temporariamente a municípios, por convênio, recursos da ordem de R$ 20 por tonelada de resíduo sólido urbano que deixa de ser depositada em lixões, e que passa a ser destinada a aterros sanitários ou centrais de tratamento de resíduos devidamente licenciados. Em contrapartida, é cobrado dos municípios o atendimento a metas como, por exemplo, investimento na implantação e ampliação da coleta seletiva.”
Marilene disse ainda que, após o fechamento do lixão de Guapimirim, o próximo passo será preparar o processo de remediação desse lixão.
— Com relação aos catadores, temos programas de coleta seletiva, e esses catadores vão ser convidados a participar de cooperativa de catadores. Eles serão organizados em condições sanitárias adequadas, porque esse trabalho que era feito no lixão não é digno para um ser humano — disse a presidente do Inea.
Sem oportunidade para estudar, Maria Salete da Silva, de 50 anos, deixou o trabalho como empregada doméstica há dez anos em busca de melhores rendimentos para sustentar a filha e a casa, ao lado do marido. Por isso, tornou-se uma das catadoras do lixão de Guapimirim. No entanto, com o fechamento do lugar, espera dias melhores:
— Ficamos com medo, mas, com certeza, seria muito bom trabalhar em um lugar mais limpo. Temos esperança que as coisas vão melhorar para nós, e acreditamos na ajuda do governo. Eu tenho interesse em participar da cooperativa de catadores”, afirmou.
Os catadores serão cadastrados pelo Governo do Estado, e receberão cestas básicas e cerca de um salário mínimo como ajuda de custo, até que sejam organizados em cooperativas de catadores. A meta da Secretaria do Ambiente e do Inea é que esses catadores atuem em ações de coleta seletiva de lixo em Guapimirim.

Fonte: O Globo

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