quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Ação contra suspeitos de fraudes no Detran já tem 38 presos

Agentes cumprem 41 mandados de prisão e 67 de busca e apreensão no estado


Policiais pulam o muro de uma casa durante operação
Foto: Urbano Erbiste / Extra / Agência O Globo
Policiais pulam o muro de uma casa durante operaçãoUrbano Erbiste / Extra / Agência O Globo
RIO - Trinta e oito pessoas foram presas na madrugada desta terça-feira durante a Operação Asfalto Sujo, realizada pela Corregedoria do Detran, com apoio da Polícia Civil e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público estadual. A ação tinha o objetivo de desarticular uma quadrilha de fraudadores formada por funcionários do órgão, despachantes e zangões (despachantes que não são funcionários) que atuavam em pelo menos quatro postos de vistoria. Entre os presos, 25 eram mulheres.
Segundo o corregedor do Detran, David Anthony, o grupo faturava cerca de R$ 200 mil mensais fraudando vistorias e operações de transferência de propriedade de veículos. De acordo com as investigações, os acusados atuavam desde 2009, principalmente nos municípios de Campos, Magé, Itaboraí e São Gonçalo. A estimativa é de que proprietários de pelo menos 150 veículos tenham recorrido ao esquema.
Ao todo, 53 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público e 47 funcionários do Detran e despachantes públicos cadastrados foram afastados do serviço. De acordo com o promotor do Gaeco, Daniel Braz, todos os proprietários de veículos que obtiveram benefícios junto à quadrilha serão chamados para fazer nova vistoria e regularizar os documentos. Já o promotor criminal de Itaboraí, Luiz Augusto Andrade, disse que, se ficar comprovado que os donos dos veículos pagaram propina, eles poderão ser indiciados por corrupção.
As investigações começaram em abril deste ano, depois que a corregedoria do Detran descobriu um esquema de fraudes em Itaboraí. Através de escutas telefônicas autorizadas pela Justiça, os investigadores comprovaram que o bando cobrava entre R$ 50 e R$ 1,2 mil por operação. Segundo Daniel Braz, os valores variavam conforme a distância do município e o serviço a ser executado. O corregedor David Anthony afirmou ainda que as escutas mostraram que o grupo chegou a ameaçar uma funcionária do Detran ao suspeitar que ela havia denunciado o bando.
— Eles são tão perigosos que pegamos nas escutas a ameaça de morte a essa funcionária que sequer ajudou nas investigações — disse o corregedor.
A operação Asfalto Sujo começou por volta das 6h, e contou com 300 agentes da Polícia Civil, do Gaeco e da Corregedoria. Foram feitas diligências nos municípios de Campos, Magé, São Gonçalo e Itaboraí para cumprir 41 mandados de prisão.
Entre os presos, estava o primeiro-sargento da reserva da PM João Acácio Filho, que era chefe do posto do Detran em Campos. Foram detidos também o chefe do posto em Itaboraí, Gilberto Luiz Pereira, e o subchefe da unidade, Stanay Borges dos Santos.
Os presos e denunciados vão responder por formação de quadrilha, supressão de documentos, usurpação de função pública, inserção de dados falsos, corrupção ativa e passiva. Segundo promotor Daniel Braz, apesar de não terem antecedentes criminais, os presos cometeram uma série de crimes.
— Eles fizeram um verdadeiro passeio pelo Código Penal — disse o promotor Daniel Braz.
De acordo David Anthony, as investigações vão continuar. Ele não descarta a possibilidade de as investigações detectarem fraudes em postos da capital.
— Nosso trabalho não vai parar — disse o corregedor.
Em novembro de 2011, pelo menos 36 pessoas foram presas em nove municípios do estado do Rio em uma ação contra funcionários, prestadores de serviço dos postos de vistoria Detran e despachantes.
 
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