sábado, 15 de setembro de 2012

CSN terá que remediar outras cinco áreas contaminadas

Terrenos têm 117 mil metros cúbicos de rejeitos siderúrgicos


Medo. Uma moradora do Volta Grande IV perto da placa que alerta sobre os riscos do lugar
Foto: Gustavo Stephan / O Globo
Medo. Uma moradora do Volta Grande IV perto da placa que alerta sobre os riscos do lugarGustavo Stephan / O Globo
Além de estar na mira da Justiça por conta das denúncias de contaminação do subsolo do conjunto habitacional Volta Grande IV, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) deve remediar cinco outras áreas que receberam, durante dez anos, metais pesados. Juntos, os terrenos somam 117 mil metros cúbicos, o que equivale a 46 piscinas olímpicas cheias de rejeitos da atividade siderúrgica.
A presidente do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Marilene Ramos, disse ontem que o órgão e o Ministério Público Federal acertaram que a CSN deve investir R$ 117 milhões em ações ambientais em Volta Redonda, para compensar os danos ambientais. A assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) estabelecendo este compromisso, no entanto, ainda depende da aceitação do Ministério Público estadual.


— Essas áreas estão sujeitas a contaminações pesadas e, em apenas um trecho, conhecido como Márcia II, as ações de remediação definitivas estão sendo feitas. Foram dez anos de despejo sem licença. A empresa já aceitou o valor, que seria investido em ações ambientais em Volta Redonda, como reflorestamento de nascentes e margens de rios por danos causados ao ecossistema — disse a presidente do Inea. — A CSN já cercou e está fazendo o monitoramento das áreas, mas não podemos dar a licença de recuperação definitiva sem o termo assinado. Dependemos do MP estadual.
A promotora estadual Flávia Brandão não comentou o assunto.
Ainda de acordo com o Inea, a CSN tem três meses para entregar o resultado do plano de investigação e gerenciamento do trecho onde está o conjunto habitacional Volta Grande IV. Marilene Ramos acrescentou que a siderúrgica pediu mais seis meses para cumprir o plano, mas o pedido foi negado.
No último dia 29 de agosto, a empresa foi multada por atraso no cronograma — o valor da multa não foi revelado. Como mostrou O GLOBO ontem, 750 famílias vivem numa área vizinha a um terreno que recebeu contaminantes perigosos durante 13 anos — de 1986 a 1999. O MP estadual pede a retirada dessas pessoas e a realocação em outro trecho, descontaminado.
— A CSN alegou vários problemas internos e pediu mais seis meses de investigações. Negamos. Somente com o estudo concluído vamos saber exatamente o nível de risco para a permanência das moradias ali. As pessoas estão preocupadas com razão. A melhor solução é desocupar (a área) — afirmou Marilene Ramos.
Em nota, a CSN informou que faz a gestão ambiental de seus passivos “seguindo as diretrizes da legislação em vigor, com responsabilidade, transparência e respeito aos prazos legais”.
Ontem, o titular da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), José Rezende, esteve no Volta Grande IV com agentes do Inea e ouviu moradores. A delegacia instaurou inquérito para investigar o caso.


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Fonte: O Globo

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