Testemunha de defesa do senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) no Conselho de Ética do Senado, o advogado Ruy Cruvinel alegou "motivos pessoais" para recusar o depoimento ao colegiado, marcado para esta terça-feira (22). Em ofício encaminhado ao conselho, Cruvinel disse que "em consideração à sua família" recusaria o convite para "optar por sua privacidade".
A Folha adiantou que Cruvinel e o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, não iriam ao conselho prestar depoimentos. Os dois foram arrolados pela defesa de Demóstenes como suas testemunhas no colegiado. O depoimento de Cachoeira está marcado para amanhã, mas seus advogados confirmaram que ele não vai comparecer.
Cachoeira se recusa a falar em processo contra Demóstenes
Com as negativas, Demóstenes fica sem nenhuma testemunha de defesa no processo a que responde por quebra de decoro parlamentar. Apesar das negativas, o advogado de Demóstenes diz que não haverá prejuízos à sua defesa no conselho.
"O mais importante é o depoimento do senador, marcado para o dia 29. Nós arrolamos os dois como testemunhas, mas eles não são obrigados a vir. Para a defesa, o que mais importa é que o senador quer falar, vai ao conselho prestar os esclarecimentos aos seus pares", afirmou o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay.
A defesa do senador arrolou Cruvinel para tentar desqualificar matérias jornalísticas que ligam Demóstenes ao empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. O advogado de Demóstenes disse que um diálogo de Cruvinel publicado pela imprensa, feito quando o advogado teria sido preso, confirmava a sociedade entre Cachoeira e Demóstenes nos negócios do empresário.
Kakay disse, porém, que Cruvinel nunca foi preso e também não tem conhecimentos sobre as ligações do senador com Cachoeira.
"Esse senhor que eu chamei ia dizer que a matéria era falsa e o procurador-geral da República errou ao usar isso como informação no inquérito. Uma palavra falsa, a procuradoria toma como verdade", disse o advogado.
Kakay também reiterou hoje pedido para que o conselho permita a realização de perícia em áudio da Polícia Federal que flagra a suposta negociação para Cachoeira repassar R$ 3.000 a Demóstenes no pagamento de um táxi aéreo. A defesa sustenta que houve adulteração dos diálogos. Kakay quer que a perícia seja realizada antes da próxima terça-feira, quando Demóstenes vai ao conselho depor.
Relator do processo no conselho, o senador Humberto Costa (PT-PE) disse que vai "avaliar a possibilidade" de atender o pedido da defesa, mas não decidiu ainda sobre a perícia. "No conselho, o julgamento é político, não tem o rigor da Justiça. Não há necessidades de provas técnicas porque se analisa se ele [senador] quebrou o decoro. Mas vou analisar essa questão."
Fonte: Folha/ GABRIELA GUERREIRODE BRASÍLIA
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