quarta-feira, 30 de maio de 2012

Coaf: Carlinhos Cachoeira lavava dinheiro em empresas

Vitapan Indústria Farmacêutica recebeu R$ 128,3 milhões de 2005 a 2012

BRASÍLIA - Relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) em poder da CPMI do caso Cachoeira registra que a Vitapan Indústria Farmacêutica, uma das empresas do bicheiro, recebeu R$ 128,3 milhões de janeiro de 2005 a fevereiro de 2012 apenas em uma de suas contas.



Somente entre fevereiro de 2011 a fevereiro deste ano, a empresa de Cachoeira movimentou nada menos que R$ 12,1 milhões. O documento disponibilizado pelo Coaf mostra ainda uma pífia movimentação financeira em nome de Cachoeira, do ex-diretor da Delta Construções Cláudio Abreu, e do sargento Idalberto Matias, o Dadá, um dos chefes operacionais da organização do bicheiro.
Empresas criadas para justificar ativos

A baixa movimentação financeira pessoal dos acusados seria, para a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, mais um indicativo da lavagem de dinheiro do grupo. No texto, o Coaf reproduz trechos da denúncia em que o Ministério Público Federal de Goiás informa que Cachoeira e Cláudio Abreu são sócios “em diversas empresas”. Estas empresas seriam usadas “de forma sistemática e habitual, a dissimular ativos das atividades ilícitas do líder da organização criminosa, além de utilizar com igual frequência dos valores por ela movimentados”.
Cachoeira teve ‘movimentação incompatível’
No relatório, o Coaf informa que Carlinhos Cachoeira recebeu R$ 420 mil numa conta entre março de 2004 e dezembro de 2005. A movimentação foi apontada como “incompatível” com a capacidade econômica presumida do bicheiro. Os novos documentos começaram a chegar à CPI na segunda-feira. Para alguns parlamentares, as informações podem ajudar a comissão a abrir uma frente de apuração sobre os negócios do bicheiro e da Delta.
O relatório cita ainda vínculo entre a Vitapan e a Leão&Leão, empresa de coleta de lixo citada nas denúncias envolvendo o ex-ministro Antônio Palocci. O documento remetido à CPI menciona um negócio de R$ 10 mil entre a Vitapan e a Leão&Leão em 2005, mas não esclarece a natureza da transação.
“Nessa comunicação com valor simbólico de R$ 10 mil (em 16/09/2005) consta como única informação adicional que a empresa possuiria vínculo com a empresa Leão&Leão Ltda., sem especificar o tipo de relacionamento”, informa o relatório. O Coaf não aprofundou, no entanto, a análise das ligações financeiras entre as duas empresas. Na época em que o documento foi produzido, a CPI dos Bingos e a Polícia Civil de São Paulo investigavam relações do então ministro da Fazenda, Antônio Palocci, com supostas irregularidades em contrato da Leão&Leão para a coleta do lixo em Ribeirão Preto no período em que o ex-ministro era o prefeito da cidade.
No mesmo período, a polícia investigou supostas ligações de Palocci com dirigentes de bingos interessados em fazer doações para campanhas eleitorais. A Leão&Leão informou ontem que faria uma checagem em sua contabilidade para tentar identificar se essa transação de fato ocorreu.

Fonte: O Globo


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