sábado, 13 de abril de 2013

Os inimigos têm de ajudar Steinbruch a comprar a CSA

O empresário Benjamin Steinbruch vem tocando uma intrincada negociação para convencer velhos desafetos a ajudá-lo na compra da CSA

Benjamin Steinbruch, da CSN                 
Benjamin Steinbruch: ele só não está tentando compor com o governador do Rio

São Paulo - Ninguém em sã cons­ciên­cia pode acusar o empresário Benjamin Steinbruch de apatia na hora de defender seus interesses. Nos últimos 15 anos, o controlador da siderúrgica CSN acumulou uma série de inimigos em brigas empresariais notórias. Foi dono da mineradora Vale e, na negociação para deixar o controle da empresa, enfrentou os fundos de pensão de estatais e deixou, ainda, sua cota de desafetos na própria Vale.
Em outra briga famosa, Steinbruch entrou na Justiça contra o todo-poderoso BNDES exigindo uma indenização de 700 milhões de reais, um imbróglio ainda em curso.
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, é seu inimigo declarado. Com Dilma Rousseff a coisa também não anda muito bem: Steinbruch toca obras da ferrovia Transnordestina, caras ao governo federal. Após uma desgastante negociação, recentemente obteve do governo um aumento no valor do contrato e no prazo de entrega da obra.
Até aí, jogo jogado — não fossem exatamente esses os personagens que podem decidir se Steinbruch fecha ou não um dos negócios mais importantes de sua vida: a compra da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), colocada à venda em 2012 pela alemã ThyssenKrupp.
A CSN fez uma oferta de cerca de 3,8 bilhões de dólares pela CSA, que está sendo vendida em conjunto com uma laminadora da Thyssen nos Estados Unidos. Steinbruch é o único que topa comprar o pacote completo.
A siderúrgica argentina Ternium, que faz parte do grupo de controle da Usiminas, quer apenas a CSA e ofereceu cerca de 500 milhões de dólares. A indiana Arcelor Mit­tal quer só a laminadora americana, por 2 bilhões de dólares.
Aí entra em cena o plantel de inimigos de Steinbruch. O BNDES, maior credor da CSA, tem o poder de vetar o negócio. A Vale, sócia minoritária da siderúrgica, tem o direito de preferência em caso de venda. Os fundos de pensão poderiam entrar como sócios na empreitada. E o governo federal, neste Brasil de hoje, pode fazer o pêndulo ir para um lado ou para o outro.
Nos últimos meses, Steinbruch fez uma peregrinação para seduzir ou driblar seus inimigos. O mais importante  deles é o BNDES. Além de poder vetar o negócio, o banco é fundamental para que a CSN faça a aquisição sem se endividar demais.
Em tese, a siderúrgica tem em caixa 15 bilhões de reais e pode recorrer facilmente a empréstimos. O problema é que, se tomar mais crédito agora, a CSN acenderá a luz amarela em sua classificação de risco.
Hoje, a empresa é considerada grau de investimento, o que indica baixo risco e reduz os custos de sua dívida. Mas, para a agência Standard & Poor’s, com uma dívida já correspondente a quatro vezes seu resultado operacional a CSN está no limite para manter essa nota. “Um aumento relevante da dívida poderia desencadear uma revisão negativa”, diz Rafaela Vitoria, diretora da agência.

Fonte: Exame 

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