quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

RELEVO DIFICULTA A DISPERSÃO DOS POLUENTES NO RIO DE JANEIRO

Pesquisadores da UFF apontam as áreas mais críticas da Região Metropolitana




Relevo do Rio de Janeiro dificulta a dispersão de poluentes
Foto: Custódio Coimbra/4-9-2009
Relevo do Rio de Janeiro dificulta a dispersão de poluentes Custódio Coimbra/4-9-2009
RIO - A Região Metropolitana do Rio tem características geográficas que dificultam a dispersão de poluentes. Trabalho feito pelo geógrafo e pesquisador da UFF Heitor Soares de Farias, orientado pelo professor Jorge Oliveira, identificou as bacias aéreas mais críticas. Uma das áreas saturadas, que inclui Santa Cruz, tem recebido investimentos de peso, como a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA).
- Precisamos controlar mais a poluição atmosférica do Rio de Janeiro e atender às carências da população. As áreas mais críticas são também as mais vulneráveis em serviços de saúde, escolaridade e renda – disse Farias. - Entre as diversas fontes que contribuem para a degradação da qualidade do ar, os veículos se destacam, contribuindo com 77% dos poluentes.
O pesquisador não fez medições da qualidade do ar. Ele baseou seu trabalho em diferentes bancos de dados, que foram cruzados para gerar mapas das áreas mais críticas da Região Metropolitana. Os pesquisadores dividiram sua atenção em duas frentes: análise da atmosfera e da condição de vida da população. Assim, levaram em consideração aspectos sociais.
- Primeiro, simulamos a circulação dos ventos e a trajetória de poluentes. A partir daí, levamos em consideração fatores que contribuem para agravar o problema. Fizemos isso considerando relevo; circulação de ventos; densidade populacional e uso do solo; concentração industrial; e principais vias de circulação. Para cada tópico, fomos atribuindo notas – explicou Farias.
As áreas mais críticas ficam na Zona Oeste da Região Metropolitana (a chamadas bacias aéreas 1) e a Zona Norte da cidade somada a grande parte dos municípios da Baixada Fluminense (bacia aérea 3). A região da Barra e Jacarepaguá (bacia 2) também apresenta pontos críticos. Já o leste da Baía de Guanabara (bacia 4) tem as melhores condições, mas recebe o Complexo Petroquímico de Itaguaí, em obras, que causará grande impacto.
- O Comperj pode passar a ser a principal atividade poluidora por si só. E ainda levará para o local outras indústrias. Será certamente o maior impacto da Região Metropolitana – concluiu Farias.
O pesquisador diz que é necessário levar em consideração a situação ambiental das bacias aéreas na hora de planejar o crescimento das cidades. A CSA, por exemplo, fica em um distrito industrial, criado para promover o desenvolvimento, mas está numa já saturada.
- A CSA já enfrentou problemas por emissão de material particulado. A siderúrgica está em um local inadequado, levando em consideração a dificuldade de dispersão e saturação – salientou o pesquisador.
Mariana Palagano, gerente de qualidade do ar do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), reconhece que as bacias aéreas 1 e 3 são as mais críticas da Região Metropolitana. No entanto, pondera que a análise depende do poluente que está sendo analisado.
- Não dá para generalizar, dizendo que há lugares piores do outros. Santa Cruz apresenta saturação por ozônio e de material particulado. Na Baixada Fluminense também enfrentamos problemas com material particulado – enumera Mariana.
O Inea deverá instalar, em 2012, 11 novas estações de monitoramento automático da qualidade do ar. Elas se somarão às dez que já estão em funcionamento. Além disso, há a chamada rede privada de estações, cujos dados são enviados ao Instituto. A CSA, por exemplo, teve que instalar e operar três estações automáticas e duas manuais, de acordo com Mariana.
- Os dados são importantes para subsidiar o diagnóstico. Tendo informação, podemos controlar as indústrias, exigir compensações e até mesmo impor limites mais severos. Temos que medir interesse econômico, ambiental e social – explica Mariana.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/ciencia/relevo-dificulta-dispersao-dos-poluentes-no-rio-de-janeiro-3772391#ixzz1lEsxC0bw
© 1996 - 2012. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização.

Nenhum comentário:

Postar um comentário