24/08/2011 - 17:19h - Atualizado em 24/08/2011 - 17:48h
» Sandra Hoffmann
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Para a subsecretária de Economia Verde, Suzana Kahn, a valoração de recursos ambientais e a nova visão de mercados levarão a uma mudança no planejamento estratégico dos principais atores da economia, tanto no setor público quanto no privado
O processo de transição para uma economia verde requer diversas mudanças de paradigmas. Com o objetivo de promover um amplo debate sobre os desafios desse processo e a nova visão de mercado em relação aos investimentos ambientais, a Secretaria de Estado do Ambiente promoveu hoje (24/08), no Edifício Anexo do Palácio Guanabara, o seminário Economia Verde: Valoração de Recursos Naturais.
Coordenado pela subsecretária de Economia Verde, Suzana Kahn, o debate reuniu os mais renomados nomes da economia brasileira, além do jornalista André Trigueiro, como mediador. Para a subsecretária, a valoração de recursos ambientais e a nova visão de mercados levarão a uma mudança no planejamento estratégico dos principais atores da economia, tanto no setor público quanto no privado.
“O propósito desse seminário é entender o conceito de economia verde, o que ela poderá promover, além de discutir formas de valoração dos recursos naturais. Um exemplo pode ser a utilização do PIB Verde como métrica de crescimento econômico, analisando quais são seus riscos e as oportunidades. É importante essa discussão, uma vez que a economia verde, ao lado da erradicação da pobreza, será o tema centra da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável Rio+20, a ser promovida no ano que vem no Rio de Janeiro”, disse a subsecretária.
Com as presenças dos economistas Sérgio Besserman, da Prefeitura do Rio de Janeiro; André Urani, do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets); Hugo Penteado, do Banco Santander; José Márcio Camargo, professor da PUC; Ronaldo Seroa da Motta, do Instituto de Pesquisas Econômica e Aplicada (Ipea); e Ricardo Abramovay, professor da Universidade de São Paulo (USP), o debate lotou o auditório.
Os participantes foram unânimes em concordar com a importância de uma economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável como forma de gerar crescimento econômico, empregos verdes, erradicação da pobreza e proteção ao meio ambiente.
O economista Hugo Penteado ressaltou a importância do fortalecimento do consumo consciente na sociedade e de ferramentas de educação ambiental que permitam despertar nas pessoas uma consciência mais ecológica.
“O mundo produz cerca de 792 bilhões de toneladas de lixo por ano, sendo que grande parte poderia ter como destinação a reciclagem. Além disso, a população desperdiça aproximadamente 73% da energia produzida no planeta. É fundamental que as pessoas se conscientizem desse desperdício, que consumam apenas de empresas que preservem o meio ambiente, que mudem o seu comportamento, que repensem suas atitudes. Elas precisam ter em mente que os recursos naturais são finitos”, destacou.
Já Ricardo Abramovay destacou que a iniciativa privada também precisa repensar suas atitudes, buscando incorpora, na prática, o tema sustentabilidade no seu ramo de negócios.
“Uma empresa britânica divulgou em um veículo de comunicação que até 2030 o mundo terá um bilhão a mais de automóveis no mundo. É uma declaração totalmente irresponsável, principalmente no momento que estamos vivendo. Os veículos automotores (carros, ônibus, caminhões) são os que mais poluem a atmosfera”, ponderou Abramovay.
Por sua vez, o economista José Márcio Camargo defendeu penalização para quem destroi a natureza e incentivos financeiros para quem recupera ou preserva o meio ambiente.
“Um exemplo bem-sucedido é o mecanismo de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), ou seja, formas de retribuição, monetária ou não, para quem preservar ou recuperar as florestas. Acho que o Rio vai dar exemplo de sustentabilidade na Rio+20, com seus projetos de geração de energia limpa, pagamento por serviços ambientais e iniciativas importantes com a Carta do Sol, que estimula a produção de energia a partir da luz solar”, acrescentou.
Segundo estudo divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), em fevereiro deste ano, investir 2% do PIB mundial em dez setores estratégicos pode ser o pontapé inicial para a transição rumo a uma economia de baixo carbono – a chamada economia verde. A economia verde será – ao lado da erradicação da pobreza – o tema central da Rio+20.
Fonte: Secretaria de Estado do Ambiente - SEA
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