quinta-feira, 19 de junho de 2014

Pedro Simon deixa a política, mas não abandona os ideais por um Brasil sério

Senador revela seus planos de percorrer o país unido à luta dos jovens


O senador Pedro Simon (PMDB-RS), que no início da semana confirmou que deve se aposentar no ano que vem, quando completa 65 anos de vida pública, pretende continuar lutando por um Brasil mais sério e digno. O caminho escolhido, contudo, é um pouco diferente. Simon planeja percorrer o país unido ao movimento dos jovens, em um trabalho que pode ser visto como "mais ingênuo", mas com o qual ele se identifica mais. Na eminência de uma convulsão social diante da anomia do Estado, o senador ressaltou, em conversa com o Jornal do Brasil por telefone, que a participação da mocidade é a chave para alguma mudança no quadro político.
Simon destaca que sua permanência no Congresso tem sido muito dura e analisa a trajetória do país, com seus bons e maus momentos, enumerando personagens decisivos como os jovens com as redes sociais ou ainda políticos que souberam governar em nome da sociedade. Alerta também para as urgências que devem ser adotadas pelo próximo governo, em um momento marcado por uma "mágoa", uma "tristeza" da população, em um grau talvez pior do que em outras épocas da história brasileira.
Figura ímpar em um cenário político recheado de maus exemplos, Pedro Simon alerta que participação da mocidade é a chave para alguma mudança no quadro político
Figura ímpar em um cenário político recheado de maus exemplos, Pedro Simon alerta que participação da mocidade é a chave para alguma mudança no quadro político
O gaúcho, advogado e professor universitário de forte bagagem acadêmica, ficou conhecido como um político franciscano, que não acumulou bens durante a carreira. Devoto de São Francisco de Assis, fez voto de pobreza. Ao longo dos quase 85 anos de vida, já foi vereador, deputado, ministro, governador e senador. Estreou na política em 1954 como vereador pelo PTB de Caxias do Sul. Foi deputado estadual durante 16 anos e, como presidente do MDB gaúcho, organizou a oposição ao regime militar. Como um dos líderes do PMDB, coordenou a campanha das "Diretas, Já" e percorreu o Brasil com Teotônio Vilela na luta pela anistia. Foi coordenador da CPI que levou ao impeachment de Collor.
Confira a entrevista do Jornal do Brasil com o senador Pedro Simon na íntegra:
JB - Com tantas denúncias e decepções relacionadas ao cenário político brasileiro, mais ainda nos últimos anos com o advento das redes sociais, muito tem se falado sobre um risco iminente de convulsão social. O povo chegou a ter quatro momentos de grande esperança no Brasil, o da Vassoura, com Jânio Quadros, nacionalista e reacionário; o da Revolução, em tentativa de ‘moralização do país”, que acabou caindo em denúncias de corrupção; o do caçador de Marajás, identificado com uma classe mais alta; e o da ascensão da classe trabalhadora, com o PT e a esperança da classe mais pobre. 
Com tantas decepções ao longo da história política do país, o senhor acredita que pode haver uma convulsão social, diante da anomia do estado, que faça com que o povo arregace as mangas por si e procure uma solução?
Interessante, foram situações realmente intensas, que houve movimentação, uma desilusão por parte da sociedade. Jânio Quadros renunciou e terminou com a luta do Brizola e a tentativa de reação, de manutenção da democracia, que depois terminou com a ditadura de 1964. Mas o que eu quero dizer é o seguinte, o que tem de novo é que dessa vez, nas "Diretas, Já", a mocidade foi para as ruas e a mocidade derrotou a ditadura, e a mocidade fez a democracia, essa é a uma grande realidade. Foi uma ditadura de 20 anos, uma ditadura dolorosa, dura, cruel. Tinha os que queriam a guerrilha, tinha os que queriam a luta armada, tinha os que queriam o sequestro e tudo mais, mas foi através da resistência civil, foi através dos jovens na rua, que se conseguiu restabelecer a democracia.
Dentro dessa democracia, nesses anos todos que nós estamos atravessando, de oito anos de Fernando Henrique, oito anos de Lula, quatro anos de Dilma, infelizmente, nós vivemos neste momento, sob o ponto de vista da ética, da moral, da corrupção, um grau talvez pior do que todas as outras épocas de mágoa, de tristeza realmente muito grande, mas o que está acontecendo até agora foi exatamente a reação da mocidade. Duas coisas são positivas, o movimento dos jovens que no ano passado foram para rua, foram buscar duas coisas e duas coisas eles conseguiram. 
A lei popular, um milhão e seiscentos mil pessoas assinaram, estimuladas pelos jovens, pela OAB, pela CNBB, a Lei da Ficha Limpa, foi votada e foi aprovada a revelia do Congresso. O congresso não queria votar, eu lembro que numa terça-feira, no Senado, tinha mais de 20 senadores, fazendo discurso contra a Lei da Ficha Limpa, eu fui para a Tribuna com um grau de mágoa, de inquietação, bati na mesa e gritei, que não estavam certos em votar contra, e no dia seguinte estava a Praça dos Três Poderes cheia, um mar de jovens, com cruzes com o nome de cada um dos senadores, com vassoura, e foi aprovado por unanimidade. 
Outra questão, toda a imprensa dizia que não ia dar em nada, que não ia dar em nada, e os jovens com suas redes sociais bateram "movimentar, movimentar, movimentar", e foi aprovado. No Mensalão, deputado, senador, foram cassados, foram condenados e foram para a cadeia. Então são dois momentos muito grandes. Agora nós estamos vivendo uma grande interrogação, é que os movimentos sociais, que tiveram uma participação extraordinária, que foi altissimamente produtivo, teve um lado negativo e agora estão se levantando os jovens. Os partidos políticos estão treinando jovens, estão pagando jovens, ensinando a participar da rede social, para fazer uma ocupação, uma anarquia do sistema. Para mudar, para modificar, é participação da mocidade.
JB - O senhor, nesses 60 anos e meio de vida política, se notabilizou como uma Figura ímpar em um cenário recheado de maus exemplos. A aposentadoria tem um pouco a ver com essa decadência do quadro político do país, o senhor não se identifica mais com a vida política?
Eu estou com 85 anos, faço no dia 31 de janeiro, dia que coincide com o dia que encerra meu mandato de 32 anos que eu estou no Senado. Em 65 anos de vida pública ininterrupta, um mandato atrás do outro, eu sinto que dentro do Congresso a minha presença está sendo muito difícil, muito dura de levar lá dentro. 
Eu pretendo, se Deus me ajudar e se eu tiver credibilidade, percorrer o Brasil, andar pelo Brasil, andar com os jovens, nas universidades, participar dessa movimentação e fazer um outro tipo de trabalho, que é mais ingênuo, mas eu me identifico mais. Se nós conseguirmos um grupo de pessoas que aceite participar com jovens, não tentando impor, tentando aprender com eles e ajudá-los, eu acho que isso é realmente uma ocasião muito importante. Eu pretendo fazer isso, dar a minha colaboração. Modesta, singela, mas no sentido de fazer essa caminhada.
JB - O senhor comentou que o maior progresso desses anos democráticos não saiu do Congresso, mas sim de uma proposta de emenda popular.
E a segunda melhor foi o mensalão, no Supremo, que também foi por jovens na rua, se não fosse os jovens não tinha acontecido nada.
JB - O senhor enxerga alguma evolução, como vê o Congresso atual?
O Congresso Nacional é uma dolorosa realidade. O que eu espero na nova eleição, a bandeira que eu vou levantar, o debate que eu defendo, é nós tentarmos que o povo entenda que o que está esmagando é o sentimento de “toma lá, da cá”. O Brasil, infelizmente, tem quase 40 partidos, e se cria ministérios, tudo que se consegue no Brasil é assim, dá um ministério para deputado, dá uma verba pessoal, então é um troca-troca. Isso, infelizmente, aconteceu no governo Fernando Henrique, aconteceu no governo do Lula e está acontecendo no governo da presidente agora. Isso é negativo.
O que eu estou vendo, e a grande questão que vai ser discutida, quem ganhar e qual for o espírito de quem ganhar, nenhum partido, nenhum candidato a presidente da República, vai reunir maioria de deputados e maioria de senadores, ele vai ter que fazer uma composição, vai ter que fazer um arrego, vai ter que fazer um entendimento, teria que fazer uma unanimidade parlamentar para conseguir uma governabilidade, maioria para governar. Agora, maioria para governar teria que ser feito na base de um plano de governo, o governo se reunir, sentar, discutir, chamar os partidos e fazer um entendimento em cima desse governo. E aí fazer uma escolha de grandes nomes que representassem isso. No Brasil acontece o contrário. 
Para ganhar o governo hoje, todo mundo está correndo atrás de partido, e não representa nada. Os 50 segundos de televisão, por esse espaço de tempo na televisão, ele pegaum partido, é um troca-troca. E nesse troca-troca, consegue se dar a presidência de um fundo social da Petrobras para a CUT, um fundo de assistência social do Brasil para a Força Sindical, dar cargos da maior importância para pessoas que não tem embasamento, não tem absolutamente nada, e é isso que está acontecendo.
Eu dou um exemplo, do tempo que o Itamar assumiu como presidente da República, e nesse governo dele, teve isso. Quando ele assumiu, com a cassação do mandato do Collor, e aconteceu uma coisa realmente importante, ele reuniu todos os presidentes de todos os partidos, lá no governo, no Palácio, ele disse o seguinte: olha, o povo votou no Collor, quem era maioria popular era o Collor, quem me trouxe aqui é o Parlamento. Então, para governar, ele juntou os presidentes dos partidos, Brizola, o Lula, o Arraes, todos os presidentes de partido, Ulisses, e disse isso, exatamente isso: vamos fazer um entendimento político, no momento que tiver uma crise, que é importante, que é significativa, convoque uma reunião, porque nós estamos aqui reunidos para discutir. E ele fez o ministério dele, com grandes nomes. O Lula, a Erundina para ser ministra, teve que se afastar do PT. O Plano Real, o Congresso debateu, discutiu, foi um debate enorme, mas foi aprovado sem dar um cargo, sem dar um ministério, sem dar uma emenda, porque o Itamar não precisava da dependência dos parlamentares, ele estava com a sociedade controlando, e o Plano Real foi votado sem nenhuma concessão. Se o próximo presidente fizer isso, governar para a sociedade, reunir nomes notáveis, fizer um governo realmente sério, no contexto, ele será um grande governo. Quem fizer isso na campanha, debater e conseguir impressionar a sociedade com isso, vai ter um bom papel.
JB - O senhor acompanhou muitos momentos decisivos na política brasileira. Quais o senhor destacaria como os mais marcantes, ou os mais importantes?
Na gestão pública?
JB - Sim.
Eu acho que o Dr. Ulisses, pela continuidade, pela solidez, pela luta e pela competência que teve, de segurar a oposição na hora difícil, inclusive presidindo a Constituinte com a morte do  Tancredo e com o Dr. Sarney presidindo. Mas ele não tendo força política, porque ele tinha sido eleito para ser vice, ele como vice teve a competência de conduzir. Eu acho que o Teotônio Vilela, que com quatro cânceres, entre a vida e a morte, percorreu o Brasil em defesa da liberdade, da anistia, dos presos políticos. O Tancredo Neves, que fio ao sacrifício e à própria morte, mas fez um trabalho realmente espetacular. O Mario Covas, que foi uma das figuras mais brilhantes e mais notáveis que nós tivemos na nossa vida pública. Eu acho que, dos grandes nomes, o Miguel Arraes que a vida inteira se destacou, pela luta, pela garra.
JB - Como o senhor qualifica o momento atual do Brasil?
Eu acho que nós estamos vivendo um momento que tem pela frente altamente positivo, que é, nós temos uma eleição onde o povo pode escolher, onde o povo pode decidir, agora não é fácil o povo decidir, porque a maneira de fazer as eleições brasileira é muito confusa, ela é muito complexa. A televisão, essas grandes empresas de publicidade, eles realmente fazem uma campanha. Se a campanha de eleição no Brasil fosse igual nos Estados Unidos, cinco debates na rede nacional de televisão, onde os dois candidatos, cara a cara, um fala e o outro responde, um fala e o outro responde, e a gente fica assistindo, isso é uma coisa, seria uma maravilha. Nos Estados Unidos, a eleição agora do Obama, a eleição do Kennedy, foram feitas nesses debates.
Agora no Brasil, o Duda Mendonça pegou o Lula, mudou o Lula, tirou aquela barba que ele tinha, fez ele emagrecer 15 kg, não sei quanto, a postura dele, roupa, transformou ele. No Brasil, o programa de televisão é uma mentira generalizada, isso impede que o povo tenha condição de conhecer o candidato.
O brasileiro está aprendendo a ver, a debater, a analisar, a se aprofundar nesse sentido. Eu creio, com toda a sinceridade, que é importante que tenha uma eleição decisiva. Não podemos continuar esse pingue-pongue, PT-PSDB, "vai e vem, vai e vem", com a política de que é dando que recebe, toma-lá-dá-cá, mais quatro anos, eu acho que vai ser muito ruim para a política brasileira. Nós temos que vencer isso e termos uma democracia onde há participação, há responsabilidade, onde há realmente um espírito republicano, evidente, perspicaz, aí nós vamos fazer a grande mudança que é necessária.
JB - Para o futuro, quais as projeções que o senhor faz?
Em primeiro lugar, nós temos que ter capacidade e competência, e fazer uma eleição tranquila, quer dizer, sem os ódios, sem os escândalos, a questão da Petrobras, que deve ser aprovado, deve ser levantado, ver o que está acontecendo, etc, e todos os outros que podem estar acontecendo, mas não vamos botar isso na crista da onda, vamos botar o debate da proposta do que nós queremos e fazer eleição em cima disso.
Em segundo lugar, não fazer uma maioria comprometida, e fazer a distribuição de cargos, distribuição de favores como se fosse a vitória eleitoral, como uma vitória no tempo do império romano, em que ganhavam e seguiam os espódios dos derrotados. Não, vamos fazer uma eleição onde realmente se busque um governo de maioria, maioria não buscando favores e vantagens, maioria a favor do que é importante para o povo brasileiro. Isso eu acho fundamental, se nós conseguirmos isso, quem fizer isso, quem tiver a capacidade de entender isso, podemos viver o grande momento da política brasileira.
JB - Sobre essas sucessivas denúncias de corrupção, que o Brasil enfrenta a cada ano, o senhor acredita que deveria haver uma ação mais concreta para punir os corruptores e não apenas os corruptos?
Eu estou no Congresso há 20 anos defendendo uma proposta de criar a CPI dos corruptores, e não consigo. Várias vezes entrei, mas não consigo. Nem o governo, nem dentro do Parlamento, tem condições, capacidade e competência de se fazer uma CPI dos corruptores. Dar um exemplo, que apareceu agora dentro de uma confusão, uma luta, discórdia tremenda, a CPI da Petrobras. Primeira coisa de todos os partidos, não "vamos chamar os fornecedores da Petrobras". Dá para entender? Os grandes fornecedores, as grandes movimentações, esses não vão ser chamados. Então vê que mexer com corruptor é uma coisa que não acontece.
Se tem corrupto, é porque tem corruptor. O corrupto se vende, é covarde, é imoral, agora o corruptor compra, é o que tem a vantagem, é o que inicia o processo de corrupção. No Brasil, a primeira vez que aconteceu isso, de punir o corruptor, foi o Mensalão. O Mensalão está lá. Quer dizer, chefe da Casa Civil, dono de banco, presidente de partido, os mais importantes que você possa imaginar foram processados, foram condenados e estão na cadeia. É a primeira vez que isso acontece. 
Eu acho que, com a Lei da Ficha Limpa, isso vai mudar. Porque, antes da Lei da Ficha Limpa, o sujeito era processado, pegava um advogado, e não era nem para absolver, ele queria empurrar com a barriga o recurso, e isso demorava quatro anos, cinco anos, seis anos, e enquanto não havia uma condenação definitiva, ele não podia ser condenado. Antes que houvesse a condenação definitiva, era encerrado. Com a Lei da Ficha Limpa, isso acabou. Quer dizer, ele é julgado uma vez, vai ser julgado uma segunda vez e recorrer quando ele quiser, mas vai para a cadeia, ele paga o que tem que pagar. Esse é um fato novo que é importante, e que foi executado agora no Mensalão, é o grande fator fundamental que nós podemos levar adiante.
JB - O senhor comentou recentemente que estamos em um novo patamar da democracia e disse agora que deseja se unir em uma luta com os jovens. Em que essa luta deveria se pautar?
Primeiro, não há dúvida nenhuma que é na seriedade, na dignidade. Quer dizer, um governo que se organize, se solidifique, um governo que busque uma maioria, não para governar, mas para ter a representatividade para conduzir o país, um governo que tenha os seus partidos, mas não distribuindo cargos e distribuindo favores, buscando contexto da sociedade. 
Em segundo lugar, uma plataforma, olhar quais são as prioridades, o que é realmente importante. Por exemplo, é necessário 40 ministérios? É claro que não. Teve agora em Brasília uma ministra, se não me engano do Chile, do ministério dela, no Brasil tem cinco ministérios. Todo mundo sabe que não é necessário. 
Em terceiro lugar, selecionar os mais capazes, quer dizer, e governar com eles, e reunir os partidos, inclusive de oposição e montar uma proposta. Quando o Itamar era presidente, o Antonio Carlos Magalhães era governador da Bahia e todo mundo sabe que ele tinha um poder espetacular, ele tinha grande força nas grandes redes de publicação, e ele chegou e deu indicação que tinha um dossiê de corrupção contra o presidente da República, e que queria, se fosse possível, entregar na mão do presidente da República. O Itamar falou com a Casa Civil, marcaram a reunião. No dia seguinte estava marcada a reunião e ele veio à Brasília e Itamar o recebeu no gabinete. Ele entrou, e estava lotado de imprensa, rádio, televisão, ele ficou conversando banalidades. Aí o presidente, “vamos conversar?”, e ele disse “mas conversar com toda essa imprensa aqui?", e nisso o Itamar, “o senhor disse que tem grandes provas de corrupção, para mim, eu acho que a imprensa tem que estar aqui para saber, para conhecer, se o senhor quer que ela se retire, eu peço para ela sair”, aí ele ficou no “não, não, não”, ele não tinha acordo nenhum, ele não tinha nada. O que ele queria, era deixar um recortes lá com o Sr. Itamar e depois passar para a imprensa, caiu no ridículo o negócio dele. 
O novo governo tem a obrigação de fazer esse diálogo, esse respeito, com a grande imprensa, com a sociedade. A ideia é que essa imagem seja limpa, se reúna com os nomes brasileiros que tenham credibilidade, respeitabilidade, e que não tenha nada que esconder da sociedade.
Fonte: Jornal do Brasil

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