Grupo está no abrigo provisório de Jacarepaguá há mais de um ano
Organizada por uma belga, a abertura da Copa do Mundo tentou consagrar o clichê do índio feliz e respeitado. Remando em uma canoa, homenageado e aplaudido, o índio mostrado na solenidade não vive a mesma realidade dos grupos indígenas da antiga Aldeia Maracanã. Após sua remoção forçada, índios de diferentes etnias foram levados para um abrigo improvisado em contêineres emJacarepaguá, na Zona Oeste do Rio.
Segundo o Cacique Tucano, que faz parte do grupo que está no local, o governo incluiu os moradores do abrigo no programa Minha Casa, Minha Vida. “Estamos há quase um ano e três meses nesse abrigo provisório. O governo prometeu criar uma nova aldeia, mas não teve tempo hábil. Agora conseguimos [ser incluídos] o Minha Casa, Minha Vida. Dia 20 vamos lá buscar as chaves e acredito que até agosto vamos para as casas”, conta. Ainda de acordo com o Cacique, a reforma e restauro do Museu do Índio devem acontecer depois da Copa do Mundo.
Perguntado sobre a vida no abrigo, ele diz: “Confortável não é. Até porque a cobertura é de lonas, então, faz muito calor e, quando chove, temos problemas também. Além disso, é distante da cidade, né? Lá na Aldeia Maracanã era mais perto, tinha mais condução. O nosso sonho mesmo era montar uma aldeia típica, mas não teve tempo”.
Entenda o caso
No terreno, viviam índios de diferentes etnias. Com a medida, eles foram expulsos do terreno com força policial. O grupo ofereceu resistência à remoção e fez protestos por toda a cidade. Ativistas pediram à Organização das Nações Unidas que investigasse possíveis de abuso policial e violência, devido ao uso de balas de borracha e spray de pimenta.
O desfecho não agradou a maioria dos índios. Uma parte do grupo decidiu não resistir ao Batalhão de Choque e foi removida para o Hotel Acolhedor Santana 2, no Centro, e depois para um alojamento construído pelo Estado em Jacarepaguá, na Zona Oeste da cidade. Os que foram removidos forçadamente também foram levados para o novo abrigo. O local onde foram construídos os alojamentos abriga a antiga colônia de Curupaiti, destinada aos portadores de hanseníase. Na época da instauração do novo abrigo para índios, o terreno era ocupado por cerca de 2 mil pessoas, sendo 250 hansenianos. Segundo o governo, a medida seria provisória, mas o grupo está no local desde o dia 22 de março de 2013. Além do bairro da Zona Oeste, eles tinham a opção de escolher um espaço em Bonsucesso ou ao lado do galpão da empreiteira Odebrecht, na Avenida Visconde de Niterói. Os alojamentos para residência temporária contam com beliches, contêiner cozinha e contêiner banheiro, sendo um feminino e um masculino.
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