A baixaria e grosseria deselegantes, inomináveis e infames cometidas por parte da nossa "elite branca" ontem, no jogo de abertura da Copa do Mundo na Arena Corinthians, no bairro de Itaquera, na cidade de São Paulo, foi um episódio deplorável e a "prova dos nove" para aqueles que ainda tinham alguma esperança e atribuíam algum valor a essa parte insignificante, mas ruidosa e amplificada, daqueles integrantes de um grupo social que deveria servir como exemplo e liderar o país rumo às transformações e melhorias que precisam ser feitas urgentemente.
Explicando os termos, alcance e adjetivos: refiro-me a parte insignificante da nossa elite, pois desimportante, sem valor e representatividade na sociedade. Felizmente.
Porém, uma parte ínfima, ruidosa e amplificada porque conta com amplo apoio e repercussão dos grandes meios de comunicação, e de alguns maus jornalistas e colunistas, que se omitiram indesculpavelmente, e se esconderam à sombra da pusilanimidade ao não condenar peremptoriamente tamanha manifestação de intolerância e incivilidade.
A nossa elite rastaquera, quem diria, teve seu dia de Barra-Brava – sem querer faltar com o devido respeito à torcida argentina, famosa por sua intolerância e violência.
Mas, como todo gesto que mescla estupidez com grosseria, o tiro pode sair pela culatra – sem querer fazer aqui, ao me utilizar deste termo, qualquer ironia, referência ou alusão enviesada às imprecações dirigidas à presidente. Ou seja: aqueles que pretendiam afetar e ofender é que no fim foram ofendidos e afetados. O feitiço virou contra o feiticeiro.
Portanto, curioso é que, ao fim e a cabo, tal gesto poderá vir a ser a gota d'água que faltava para o povo brasileiro reeleger a presidente Dilma Rousseff no primeiro turno das eleições deste ano – como de resto apontam algumas pesquisas. Pois, diferente dessa parte desprezível de suas elites, o povo brasileiro é respeitador, generoso e sabe reconhecer e valorizar uma brasileira exemplar, que tem respeitável currículo e biografia, e que está inegavelmente empenhada em melhorar as condições de vida desse mesmo povo.
Ressalte-se aqui ainda a omissão, que flerta com a cumplicidade criminosa, dos editorialistas, colunistas e âncoras dos grandes veículos de comunicação, que deveriam condenar peremptoriamente, de modo exemplar, tão nefando episódio. Procurei hoje nos principais jornais uma coluna de opinião, uma que fosse, crítica ao ocorrido, inutilmente. Além do mais, já é por demais conhecida de todos, a opinião destes veículos acerca do governo Dilma. Estes mandam, diária, metafórica e desrespeitosamente, a presidente e seu partido tomar "naquele lugar". E, certamente, foi esta mesma a opinião, forjada dia-a-dia por esse consenso dos intolerantes, hipócritas e falsos moralistas, que reverberou no setor VIP das arquibancadas do Itaquerão.
Menção honrosa, justiça seja feita, aos jornalistas Kennedy Alencar, Juca Kfouri e Josias de Souza que, embora estejam há ano-luz de serem considerados petistas, ao contrário até, foram exemplares, honestos e éticos ao dar o tratamento que o assunto requeria/exigia.
Não bastava vaiar, tinha que xingar, ofender, em alto e bom som – chego ao paroxismo de imaginar e temer que, se a covardia atávica de alguns bem nascidos não fosse maior que o suposto ódio que simulam sentir, e se a oportunidade lhes fosse dada, teriam agredido e até linchado a presidente da República. Muitos parecem desejar isso no abismo de suas emoções e pensamentos sombrios, inconfessáveis.
Ouso inferir, reitero, portanto, para além do que sugere as aparências e os ruidosos impropérios, que tal manifestação ruinosa poderá propiciar a definitiva redenção da presidente perante os brasileiros em geral e aos eleitores em particular. Pois a presidente foi vítima, acima de tudo de uma vil covardia. E por quê? Por que supostamente faz um governo desastroso? Essa última suposição, além de guardar considerável e prudente distância da realidade, por si só justificaria tal atitude? Não, é claro.
Por que então? Por que era mulher? E porque as mulheres nesse pai ainda são utilizadas como bode expiatório ou válvula de escape para todo tipo de recalque, neurose ou violência?
Imagino que alguns eleitores, aqueles que ainda estavam em dúvida entre votar na dupla "Eduardo Campos & Marina" ou em Dilma Rousseff, boa parte destes agora tenderá a votar em Dilma, em repúdio a gesto tão grosseiro, virulento e infame. O mesmo, suspeito, poderá ocorrer com alguns eleitores que ainda não haviam definido seu voto e também, creio, com alguns que pretendiam anular o voto, não votar ou votar em branco.
Sem falar no novo gás que, inadvertidamente, conseguirão dar àqueles militantes do PT e do PCdoB que porventura estivessem apáticos, indiferentes ou cansados e sem muito ânimo para a campanha que se avizinha.
Estou certo que muitos, depois desse deplorável episódio, entrarão na campanha com uma vontade e com uma garra nunca antes vista neste país.
Dilma, muito provavelmente, depois dessa, se elegerá no primeiro turno. E é bem capaz de conduzir/carregar consigo alguns governadores do PT e dos demais partidos aliados.
Para a tristeza da turma do coro dos infames descontentes.
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