Estado suspendeu pagamento às empresas após Congresso derrubar veto presidencial
sobre royalties
RIO - A associação que reúne as empresas prestadoras de serviço do Rio de
Janeiro (AEPS-RJ) decidiu nesta segunda-feira, 11, liberar suas afiliadas para
entrar na Justiça contra o governo do Rio, que suspendeu o pagamento às empresas
na semana passada depois que o Congresso derrubou o veto presidencial sobre a
distribuição dos recursos do petróleo. A associação também estuda entrar na
Justiça caso a suspensão do pagamento seja estendida por mais tempo.
O Estado tem três datas para pagar no mês seus prestadores de serviço. São os
dias 7, 17 e 27. O do dia 7 não foi feito e, se o pagamento não acontecer no dia
17 também, vamos entrar na Justiça no dia seguinte", disse à Reuters o
diretor-executivo da AEPS, José de Alencar.
Segundo ele, a associação conta com 60 afiliadas, sendo que cerca de 25
empresas prestam serviço ao governo do Rio de Janeiro. Ao todo, são
aproximadamente 100 mil prestadores de serviço atuando nas áreas de saúde,
limpeza, segurança, registro de veículos e escola.
Na sexta-feira, o governador Sérgio Cabral (PMDB) anunciou a suspensão de
todos os pagamentos não obrigatórios feitos pelo Estado até que o Supremo
Tribunal Federal (STF) se manifeste sobre a constitucionalidade da nova fórmula
de distribuição.
A decisão de Cabral foi anunciada depois de o Congresso Nacional derrubar o
veto da presidente Dilma Rousseff a uma nova fórmula de distribuição dos
royalties do petróleo, que reduz a participação dos Estados produtores e eleva a
dos Estados não produtores. A nova distribuição vale, inclusive, para os campos
de petróleo que já estão em operação.
Os governo de Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo, também um Estado
produtor, prometem propor ao STF ações diretas de inconstitucionalidade contra a
nova fórmula de distribuição.
As perdas calculadas pelo governo do Estado com a redistribuição dos
royalties do petróleo é de aproximadamente 75 bilhões de reais até 2020.
Serviços mantidos. Mesmo sem receber, os serviço serão
mantidos, de acordo com o diretor-executivo da AEPS. "O que decidimos foi manter
o serviço no limite da capacidade de cada um. Não podemos parar, senão o Estado
vira um caos, com problemas em presídios, calendário escolar, merenda e muito
mais", afirmou.
"Cada um vai até o seu limite financeiro, mas estão todos liberados para
entrar na Justiça assim que quiserem para pedir reparo", completou ele,
lembrando que os contratos são feitos e pagos individualmente com cada prestador
de serviço.
Embora apoie o Rio de Janeiro na disputa pela manutenção das regras atuais de
distribuição de royalties, o diretor-executivo argumentou que o cancelamento dos
pagamentos dos servidores revela um lado contraditório do Estado.
"O Cabral briga para não quebrar contratos, mas está quebrando contratos. Na
verdade, isso é uma contradição e uma jogada política para tentar causar
sensibilização", declarou. O governo suspendeu pagamentos nesse mês que somam
R$ 470 milhões.
Docentes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), professores
substitutos e bolsistas também reclamam de atraso no pagamento, que já estaria
afetando mais de 4 mil pessoas.
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Fonte: Estadão
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