Henry Wagner Vasconcelos não considerou depoimento do ex-goleiro uma confissão,
como alega a defesa; ele pedirá condenação por homicídio triplamente qualificado
CONTAGEM - A participação ativa dos jurados na formulação de perguntas a
Bruno em seu depoimento na noite de quarta-feira, 6, no Fórum de Contagem, é um
"indicação de que haverá uma exemplar condenação do réu", disse o promotor Henry
Wagner Vasconcelos. Para o promotor, não houve confissão, como sustentam os
defensores do goleiro. O júri popular que irá condenar ou absolver Bruno chega
ao quarto e possivelmente último dia nesta quinta, 7.
"Bruno não confessou, não há sequer um único traço de confissão nas palavras
dele. A única coisa que Bruno fez foi, após o regresso de Macarrão e Jorge,
desacompanhados de Eliza, ele não somente foi inteirado do que havia acontecido
com ela, como aceitou".
Nos debates previstos para esta quinta-feira, provável último dia do
julgamento, o promotor disse que vai defender a condenação pelo homicídio
triplamente qualificado e espera que a pena seja de pelo menos 30 anos, caso
contrário ele já adiantou que vai recorrer.
Diante de um depoimento recheado de contradições e da negativa do goleiro de
responder as questões do promotor, orientado por seus advogados, Bruno não teve
como escapar dos jurados, que fizeram 27 perguntas ao réu. A primeira delas foi
por que não denunciou a morte de Eliza assim que ficou sabendo do ocorrido. "Não
fiz essa denúncia por medo, medo do que poderia acontecer com as minhas filhas,
e por causa da minha amizade com ele", disse o goleiro.
Um dos jurados também perguntou por que Bruno não procurou um laboratório
para coleta de amostra de exame de DNA em domicílio, já que afirmou em seu
depoimento que sempre quis fazer o exame para confirmar a paternidade de
Bruninho, filho dele com Eliza, mas nunca o fez. "Faltou tempo, talvez
conhecimento", respondeu o réu.
O júri também quis saber o motivo pelo qual o goleiro permitiu que Eliza
viesse do Rio de Janeiro para Minas e ficasse no sítio dele se não conversava
mais com ela, como afirmou mais cedo. Bruno respondeu: "Não conversávamos porque
não tivemos a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a pessoa Eliza, a
pessoa como mãe".
Foi questionado também porque mentiu em uma entrevista dada às TVs, dentro
das instalações do Flamengo, na qual dizia ter visto Eliza pela última vez há
"dois, três meses", quando, na verdade, já sabia que ela estava morta. Bruno
disse que mentiu porque se sentia acuado. "Eu me sentia acuado, perseguido, já
tinha começado a investigação". Os jurados perguntaram ainda por que Fernanda
estava na casa do goleiro no Recreio dos Bandeirantes, ele respondeu que havia
sido por convite de Macarrão para ajudar a cuidar da criança.
E deu versão diferente da de Dayanne ao dizer que não conseguiu falar com ela
no celular, apesar de tentar inúmeras vezes, no dia em que ela esteve na
delegacia de Contagem e acabou sendo presa, em 26 de junho de 2010. Dayanne, na
véspera, havia afirmado que ela tentou e não conseguiu falar com Bruno, que
estaria atendendo suas ligações.
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Fonte: Aline Reskalla, Especial para o Estado, e Marcelo Portela, O Estado de S. Paulo
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