Brasília – Apesar do forte aumento no início do ano, com o estouro do teto da
meta (6,5%) no acumulado de 12 meses, a inflação oficial não deve fugir do
controle. Segundo especialistas, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA) deve arrefecer nos próximos meses, até encerrar o ano em níveis similares
aos do ano passado.
Para os economistas, a possibilidade de o Banco Central (BC) reajustar os
juros básicos da economia pela primeira vez em quase dois anos e as novas
reduções de impostos anunciadas pelo governo contribuirão para conter os preços.
No entanto, o fator decisivo que ajudará a segurar a inflação é o esgotamento
das principais pressões sobre os índices.
Segundo o economista chefe do banco Sulamérica Investimentos, Newton Rosa, os
preços dos alimentos, que se refletiram no IPCA nos três primeiros meses do ano,
tendem a cair depois dos níveis recorde de março. “A perspectiva de uma safra
recorde nos próximos meses e a desoneração da cesta básica vão arrefecer a
pressão dos alimentos sobre os preços”, diz Rosa. Ele também ressalta que os
custos com educação, que também influenciaram a inflação no primeiro trimestre,
já se estabilizaram.
Para ele, a atuação do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom),
que se reunirá na próxima semana para fixar os juros básicos da economia, também
será decisiva para conter a inflação. “O Banco Central vai contribuir para
segurar as expectativas. A alta dos juros é importante para cortar o canal que
alimenta a inflação e facilitar a estabilização dos índices, não apenas em 2013,
mas também no próximo ano”, explica. Ele acredita que, caso o Banco Central não
reajuste a taxa Selic na próxima semana, tomará a decisão no fim de maio.
Tanto o mercado quanto o governo acreditam que a inflação desacelerará nos
próximos meses. No último boletim Focus, pesquisa com instituições
financeiras divulgada toda semana pelo Banco Central, os analistas preveem que o
IPCA encerrará o ano em 5,7%. No Relatório de Inflação, divulgado no
fim de março, o BC também projeta que a inflação vai desacelerar no segundo
semestre.
De acordo com o Relatório de Inflação, o IPCA deverá acelerar um
pouco nos próximos meses,até atingir 6,7% no acumulado de 12 meses terminados em
junho. O índice, então, deverá recuar para 6% no fim de setembro, até terminar o
ano em 5,7%. Para 2014, a autoridade monetária projeta inflação oficial em torno
de 5,3%.
Ex-diretor do Banco Central, Carlos Eduardo de Freitas também acredita que a
inflação desacelere no segundo semestre e chegue ao fim do ano abaixo do teto da
meta. Ele não arrisca uma estimativa exata, mas diz que, mesmo fechando 2013 em
menos de 6,5%, a inflação continua alta. Segundo Freitas, problemas estruturais
da economia brasileira têm feito o IPCA ficar acima de 5% nos últimos anos.
Para ele, a política econômica e o fato de o Brasil estar vivendo níveis
mínimos de desemprego contribuem para que a inflação continue em níveis
elevados. “O país está com condições de crescimento baixo porque o uso da
capacidade instalada está elevado e a economia está em pleno emprego. Neste
cenário, se o governo estimula a demanda, seja reduzindo impostos ou facilitando
o crédito, a produção só pode crescer acompanhada de aumentos de preços.”
Fonte: Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
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