O estudo detectou a presença de 20 substâncias tóxicas ou cancerígenas no local, como ascarel, cádmio e cromo. Segundo o Inea, tanto o solo, quanto o lençol freático da área estão profundamente contaminados.
O iG revelou o caso em 2011, mostrando que o vazamento de resíduos perigosos de depósitos irregulares da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) contaminou o bairro inteiro, chamado de Volta Grande 4, e causava medo e insegurança aos moradores.
O Ministério Público Federal, que move ação sobre o caso, afirmava existir ameaça à saúde dos moradores do bairro e cobrava da CSN estudos de risco, por serem desconhecidas as possíveis consequências para a saúde da população.
Sérgio Alves, do Inea, que aponta existência de material perigoso no despósito Márcia 1 | Foto: Helio Motta / iG
O procurador da República Rodrigo Lines, desistiu de tentar um acordo extrajudicial com a empresa, após tentativas de fazer com que a CSN assumisse responsabilidade pelo local.
Meninos caminham em praça, em Volta Grande 4, bairro contaminado de substâncias cancerígenas | Foto: Helio Motta / iG
CSN tinha licença apenas temporária para depositar resíduos perigosos, diz MPF
De acordo com o MPF, a CSN tinha licença apenas temporária da Feema (hoje Inea, Instituto Estadual do Ambiente) para manter naquele local células de resíduos perigosos (em uma escala com três níveis de risco, este é o mais alto). No entanto, os resíduos deveriam ser removidos posteriormente.
De acordo com o MPF, a CSN tinha licença apenas temporária da Feema (hoje Inea, Instituto Estadual do Ambiente) para manter naquele local células de resíduos perigosos (em uma escala com três níveis de risco, este é o mais alto). No entanto, os resíduos deveriam ser removidos posteriormente – o que não foi feito.
Terreno de resíduos perigosos foi doado por empresa ao sindicato
O terreno hoje ocupado pelo bairro Volta Grande pertencia à CSN e foi doado ao Sindicato dos Metalúrgicos no fim dos anos 90. Durante a construção do condomínio, uma célula – caixa de resíduos do processo industrial – foi perfurada e vazou. O material tóxico se espalhou pelo solo, contaminando todo o bairro, que tem cerca de 770 casas de classes média-baixa e baixa.
Morador Leonardo cobrava estudos mais aprofundados da contaminação do bairro | Foto: Helio Motta / iG
“A CSN ainda doou e autorizou a construção de casas na área sob risco de contaminação. As pessoas não podem conviver com células de resíduos ao lado. A CSN não cumpriu sua licença provisória, que se tornou ‘definitiva’ e ainda doou o terreno onde ocorreu o vazamento, sabendo que seria dada alguma destinação para a área. Ninguém ia ganhar o terreno para contemplá-lo”, afirmou o procurador da República Rodrigo Lines.
Após o acidente, as células foram lacradas. Hoje, um muro separa o condomínio 225, com 58 casas, do terreno com o depósito. Na área mais diretamente atingida pela contaminação, o lote 225 – do outro lado do muro –, quatro casas foram compradas e demolidas pela CSN.
Deram lugar a uma quadra poliesportiva. O acesso às células é feito por um pátio de escória de alto-forno, também vizinho ao condomínio. Das ruas do Volta Grande 4, é possível ver uma montanha de escória com cerca de 25 metros de altura, perto do muro que divide os terrenos.
A CSN informou, em nota, não ter conhecimento do conteúdo do laudo, e informou já ter contratado cinco estudos nos últimos 13 anos. Segundo a empresa, nenhum apontou perigo ou risco iminente à saúde dos moradores.
Fonte: Reportagem de Raphael Gomide, do iG
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