RIO - O cabo Carlos Adílio Maciel Santos, réu no processo que investiga a morte da juíza Patrícia Acioli, foi condenado a 19 anos e seis meses de prisão por homicídio triplamente qualificado e formação de quadrilha na noite desta terça-feira. Ele também foi condenado a pagar 50 salários mínimos e a perder o cargo público. A sentença foi dada pelo juiz Peterson Barroso Simão, do 3º Tribunal do Júri de Niterói. A defesa recorreu da decisão, de acordo com informações do site G1.
A decisão foi unânime. Os sete jurados — seis mulheres e um homem — votaram pela condenação do réu. A sentença foi lida às 21h40m pelo juiz, que afirmou que o réu não participou da execução, mas teve participação moral e material no crime."O réu tinha conhecimento de todas as tramas e nada fez para interromper o atentado", afirmou o juiz em sua sentença.
A família de Patrícia Acioli comemorou a condenação.
- Saio satisfeita, com a sensação que a justiça foi feita, mas ainda faltam os outros réus - disse a irmã da magistrada, Simone Acioli.
O promotor Leandro Navega se disse satisfeito. Já o advogado do réu, Robson Gomes Barcellos, discordou e recorreu da decisão.
- Ele estava preso quando o crime aconteceu. Colocar participação em quadrilha para uma pessoa que estava presa há mais de 50 dias? Não podemos concordar. Respeitamos a decisão, mas continuamos acreditando que não houve participação dos 11 acusados - disse ao site G1.
Durante a audiência, o delegado Felipe Ettore afirmou que todos os integrantes do Grupo de Ações Táticas (GAT) do 7º BPM (São Gonçalo) — e não só o então comandante da unidade, o tenente-coronel Cláudio Oliveira, e o tenente Daniel Benitez — tinham interesse na morte da juíza Patrícia Acioli, executada em 11 de agosto de 2011 quando chegava em casa, em Niterói. Ettore, que participou como testemunha de acusação afirmou que “todos os integrantes do GAT acordaram em custear esse plano de execução”. Ele acrescentou que, desse modo, estaria assegurada a prática de extorsões e execuções pela quadrilha para garantir a arrecadação do chamado “espólio de guerra”, que, segundo as investigações, seria de R$ 11 mil por semana. O delegado disse ainda em depoimento que com a prisão de Carlos Adílio e Sammy, decretada pela juíza Patrícia Acioli, em junho de 2011, por um suposto auto de resistência forjado, os integrantes do GAT decidiram acelerar a execução da magistrada.
O comissário de Polícia Civil José Carlos Guimarães, também como testemunha de acusação, contou que o plano do assassinato de Patrícia Acioli foi passado aos integrantes do GAT quando todos ainda estavam soltos. Guimarães ressaltou que o réu Carlos Adílio tinha conhecimento do plano e cedeu a parte que lhe cabia da extorsão a traficantes para financiar o crime.
Terceira testemunha de acusação, o inspetor da Polícia Civil Ricardo Henrique Moreira disse que a morte da juíza Patrícia Acioli interessava ao réu. Segundo ele, o policial participava da quadrilha e tinha atuação preponderante porque conhecia todas as áreas onde atuavam. Carlos Adílio estava preso quando ocorreu o assassinato da juíza. Ele também responde na Auditoria de Justiça Militar pelo desvio das munições do 7º BPM.
Quatro PMs, Jefferson de Araújo Miranda, Jovanis Falcão, Júnior Cesar Medeiros e Sérgio Costa Júnior, já foram julgados e condenados por homicídio triplamente qualificado — motivo torpe, mediante emboscada e para ocultar crimes anteriores — e formação de quadrilha. Réu confesso pelo disparo dos tiros que mataram a magistrada, o cabo Sérgio Costa Júnior foi condenado a 21 de prisão por homicídio triplamente qualificado — motivo torpe, mediante emboscada e para ocultar crimes anteriores — e formação de quadrilha. Ele foi beneficiado pela delação premiada tendo sido reduzida a pena total em um terço.
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Fonte: O Globo
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