A Prefeitura de São Sebastião classifica a construção do Contorno Sul como o
"maior desmatamento da história" na Mata Atlântica do litoral norte e afirma que
a licença emitida para a construção das pistas obedeceu a critérios "mais
econômicos do que ambientais", segundo afirma o secretário do Meio Ambiente da
cidade, Eduardo Hipólito Rego.
A área total a ser desmatada chega a 370 mil metros quadrados - espaço
equivalente ao dos Parques da Independência e da Aclimação, ambos na zona sul da
capital, juntos. Para o secretário, há duas questões "graves" que deveriam ser
mais analisadas, sendo a primeira o próprio desmatamento. "A região afetada tem
locais de Mata Atlântica nativa preservados, cachoeiras, nascentes. A área de
Caraguatatuba é mais plana, mas em São Sebastião será preciso fazer cortes na
serra, algo irreparável", afirma. Nessa área, ainda segundo o secretário, há
pastos e moradias.
Essas moradias estão relacionadas ao segundo ponto discutível, segundo a
prefeitura de São Sebastião: a questão social. "Será preciso deslocar 5 mil
pessoas", diz o secretário. Ele afirma que o problema é que não há outras áreas
nas cidades para receber esses moradores, que já viviam em lugares invadidos,
nem certeza se eles permanecerão na região. "Sem contar a questão da especulação
imobiliária. As áreas por onde vai passar a pista estão registrando crescimento
de 7% a 10% ao ano. São novas ocupações ilegais, movidas pela grilagem, na
esperança de que, quando houver os deslocamentos, as pessoas consigam moradia",
diz ele.
Rego diz que a Prefeitura tentou alterar o traçado da obra durante as
audiências públicas obrigatórias (que fazem parte do processo de licenciamento
ambiental), mas não conseguiu. A administração municipal pedia mais áreas
subterrâneas, como túneis sob a serra. "Nenhum dos nossos questionamentos foi
atendido", reclama o secretário. "O que prevaleceu foram os aspectos econômicos
para a construção da obra, mas não é possível colocar preço na mata. Quanto vale
a área que será desmatada?"
Fonte: ARTUR RODRIGUES E BRUNO RIBEIRO - Agência Estado
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