quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Governo estuda reajuste unificado para servidores

O governo discutia ontem conceder um reajuste global a todo o funcionalismo público federal para recompor o poder de compra do servidor e tentar por fim às greves.
Segundo a Folha apurou, uma das alternativas debatidas pelo núcleo do Executivo era viabilizar um aumento médio anual -que poderia ser de 5%- de 2013 a 2015.
Não se trata, conforme relatos de interlocutores da Presidência, de uma recomposição inflacionária, para não indexar a economia, mas a avaliação do governo é que se chegaria perto disso.
O impacto dessa oferta para a categoria é de R$ 4,18 bilhões ao longo do período. No total, cerca de 30 órgãos do governo têm servidores em greve ou operação-padrão.
Várias categorias pedem reajustes superiores a 20% para garantir a recuperação do salário frente à inflação desde os últimos aumentos.
Outra proposta é usar reserva no caixa para reajustar o salário de carreiras pontuais, aquelas mais defasadas ou de remuneração mais baixa. A ala contrária ao aumento global defende que é melhor contemplar categorias com propostas diferenciadas.
Dessa forma, pondera essa corrente, é melhor usar a folga no Orçamento para reestruturar algumas áreas em vez de um aumento linear, que não seria capaz de atender às várias reivindicações.
Sergio Lima/Folhapress
Policial joga gás de pimenta em servidores grevistas do Incra e do Ministério do Desenvolvimento Agrário, em Brasília
Policial joga gás de pimenta em servidores grevistas do Incra e do Ministério do Desenvolvimento Agrário
Com dificuldade para dar reajuste maior por causa da crise internacional e eventuais impactos sobre o Brasil, todo esforço vai, segundo o governo, na linha de não cometer aventuras fiscais e tentar, na medida do possível, contemplar os servidores.
Se for possível dar aumento de cerca de 15% a todos, diluídos em três anos, a expectativa é que a proposta desmobilize o movimento, com uma saída para recomposição salarial no longo prazo.
DE UMA VEZ
Na semana passada, o governo ofereceu esse percentual de reajuste aos técnicos administrativos das universidades e institutos federais, em greve há dois meses.
A categoria pediu ao governo para receber o aumento de cerca de 15% de uma vez só, mas recebeu um "não" do Ministério do Planejamento. Esses servidores voltam a negociar com o governo hoje.
Além dos técnicos, apenas os professores universitários já receberam uma proposta concreta do governo, com reajustes que variam entre 25% e 40%, também diluídos ao longo dos próximos três anos.
PIMENTA
Uma reunião ontem no Ministério do Planejamento com grevistas do Incra e Ministério do Desenvolvimento Agrário teve confronto com a PM.
Após ouvirem que o governo não ofereceria proposta de reajuste salarial no encontro, o grupo, de cerca de 20 pessoas, manteve ocupada por duas horas a sala da reunião.
Eles saíram no início da noite, e nova reunião foi marcada para segunda-feira. Um grupo que estava fora do prédio, porém, tentou entrar e foi contido com gás de pimenta pelos policiais militares.
Hoje, estão previstas várias reuniões entre grevistas e o governo. Também hoje, as centrais sindicais serão recebidas pelo ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral).
Fonte: Folha/ Colaborou FLÁVIA FOREQUE

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