Embora não exista fato jurídico ou crime de responsabilidade cometido pela presidente Dilma Rousseff, a revista Veja, como seria de se esperar, abraça com entusiasmo a causa do impeachment, em seu especial de 24 páginas; no editorial "A beleza do impeachment", a revista dos Civita chega a sugerir uma destituição sem provas, ou seja, um golpe; "Embora tenha sua origem na acusação de crime de responsabilidade contra um presidente, o impeachment é essencialmente um processo político. Seus rumos e seu desfecho não são determinados pela força ou fraqueza das evidências de autoria do crime imputado ao presidente, mas pelo somatório de forças contra e a favor de sua destiuição. A presidente manterá seu cargo enquanto contar com uma base forte de sustentação no Congresso", diz o texto de Veja, que também elogia a agenda econômica de Michel Temer
Não chega a ser surpreendente, mas merece registro. Em seu editorial deste fim de semana, chamado "A beleza do impeachment", a revista Veja, da família Civita, sustenta a tese de que uma presidente da República, eleita com 54 milhões de votos, pode ser afastada do cargo com ou sem crime de responsabilidade, com ou sem provas de sua participação ou de sua autoria. Ou seja: sem qualquer preocupação em manter as aparências, Veja defende a legitimidade de um golpe parlamentar.
"Embora tenha sua origem na acusação de crime de responsabilidade contra um presidente, o impeachment é essencialmente um processo político. Seus rumos e seu desfecho não são determinados pela força ou fraqueza das evidências de autoria do crime imputado ao presidente, mas pelo somatório de forças contra e a favor de sua destiuição. A presidente manterá seu cargo enquanto contar com uma base forte de sustentação no Congresso. Se perder essa base, perderá o mandato", diz o editorial de Veja, de responsabilidade do diretor Eurípedes Alcântara.
Talvez ciente da fragilidade do pedido de impeachment acolhido por Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ainda presidente da Câmara, Veja trata uma questão crucial para a democracia como uma mera questão de maioria no Congresso, como se o regime político no País fosse parlamentarista – e não presidencialista. Não custa lembrar que a acusação das "pedaladas fiscais" em 2015 está ancorada apenas em um parecer técnico, que não foi validado nem pelo Tribunal de Contas da União nem pelo Congresso Nacional.
Em seu especial de 24 páginas sobre o impeachment, Veja também elogia a agenda do vice-presidente Michel Temer, de corte liberal, que está sintetizada no documento "Uma ponte para o futuro". O documento prevê uma profunda reforma da Previdência, o fim das despesas obrigatórias e da fórmula de reajuste do salário mínimo.
Pela lógica de Veja, se Temer tiver mais votos do que Dilma no Congresso, o impeachment será legítimo, mesmo que não haja nenhum crime de responsabilidade por parte da presidente.
Fonte: BRASIL 247
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