terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Paes festeja 'Minha Casa, Minha Vida', mas Rio só atendeu 8% de cadastrados

Cariocas sem casa própria estiveram em evento do governo federal para cobrar moradias

A festa em torno da entrega de 248 apartamentos do Condomínio Mangueira II, na comunidade de mesmo nome, na Zona Norte do Rio, nesta terça-feira (4), por meio do programa 'Minha casa, Minha Vida', trata-se da realidade de uma pequena parcela de cariocas, segundo dados da Secretaria Municipal de Habitação (SMH).
Com as entregas feitas hoje, chega-se a um total de 24.624 imóveis entregues na cidade que vai sediar a Copa de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. O número de famílias cadastradas pela SMH, no entanto, chega a 326.004. Ou seja, apenas 7,66% dos inscritos foram contemplados nos três anos de vigência do programa. Ainda segundo dados da Secretaria Municipal de Habitação, outras 55.213 unidades habitacionais foram contratadas.
Questionado sobre o déficit habitacional na cidade e sobre novos projetos para contornar o problema, o secretário municipal de Habitação, Pierre Batista, disse que o número de cadastrados no programa 'Minha casa, Minha Vida' no Rio de Janeiro não corresponde à realidade. Segundo Pierre, que participou da inauguração do empreendimento ao lado do prefeito Eduardo Paes, há má-fé de alguns inscritos.

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Há famílias de quatro pessoas onde cada membro da família fez uma inscrição pedindo um imóvel. Há muitos casos deste tipo", defende-se o secretário. Segundo ele, um estudo da SMH dá conta de um déficit habitacional de 200 mil famílias, contrariando os 326 mil inscritos. Ainda assim, se considerarmos o número de famílias já contempladas pelo programa e o registro de déficit da SMH (200 mil), temos um percentual de apenas 13% de famílias atendidas pelo 'Minha Casa, Minha Vida' no Rio.
Morador do que restou da comunidade Metrô-Mangueira, que está sendo removida devido às obras de ampliação do Maracanã, o frentista Dejair esteve na inauguração do Mangueira II e fez críticas à baixa cobertura habitacional da Prefeitura.

Casal aguarda há dois anos sorteio do 'Minha Casa, Minha Vida'. Enquanto isso, já receberam ordem de despejo da Prefeitura do Rio. Eles vivem na comunidade do Metrô (Zona Norte do Rio)
Casal aguarda há dois anos sorteio do 'Minha Casa, Minha Vida'. Enquanto isso, já receberam ordem de despejo da Prefeitura do Rio. Eles vivem na comunidade do Metrô (Zona Norte do Rio)
"Eu também queria estar recebendo as chaves da minha casa própria hoje. Mas são poucos os sorteados pela Prefeitura. Fiz a minha inscrição há anos, estou aguardando e ... nada!" reclamou. "Para piorar a situação da população pobre, o prefeito ainda está expulsando quem mora na favela do Metrô. Já recebi ordem de despejo, mas não tenho para onde ir e vou continuar resistindo", queixou-se, acompanhado de sua mulher.
Outro que também reclama do número de contemplados pelo programa é Valmir Costa, pedreiro, morador da favela Barreira do Vasco, em São Cristóvão.
"Todo mundo quer ter uma casa onde a rua tenha asfalto. Um apartamentinho que tenha saneamento básico. Que a tubulação de água e esgoto seja feita pela Cedae e não não pela própria população em mutirões. Era para ser para muitos e não para poucos. Eu já cansei de esperar o sorteio da Prefeitura", reclama. Ele não conseguiu se aproximar do prefeito para fazer a cobrança.
Novos empreendimentos
Questionado sobre a construção de novos empreendimentos destinados a atender outras famílias inscritas no programa, o secretário Batista admitiu que a última contratação de uma construtora feita pelo programa para o Rio de Janeiro foi em março.
"Temos que atingir um número forte, mas com qualidade. A Prefeitura faz sua parte desonerando impostos para construtoras, reduzindo ITBI (imposto sobre transmissão de bens imóveis) e ISS (Imposto sobre Serviço). Mas quem contrata as construtoras são as entidades financeiras (Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil). Não é a Prefeitura", desconversa

Fonte: Jornal do Brasil

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