quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Após definir penas, Supremo decide sobre mandatos de réus

Concluída a fase da definição das penas no julgamento do mensalão, os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) retomam o caso nesta quarta-feira (5) para decidir sobre os últimos detalhes antes de proclamarem o resultado final.
Na 50ª sessão do julgamento do mensalão, nesta quarta, os ministros irão debater se cabe à corte decidir se os deputados federais condenados pelo caso devem perder o mandato, ou se essa decisão cabe apenas à Câmara.
Entre os 25 réus condenados, três exercem atualmente mandato de deputado: João Paulo Cunha (PT-SP), Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT).
Outra discussão que deve acontecer na sessão de hoje é a respeito dos ajustes nas penas atribuídas aos réus. Ontem, o ministro revisor, Ricardo Lewandowski, afirmou que vai propor que as multas aplicadas aos 25 condenados sejam reavaliadas. Ao todo, as sanções aplicadas aos réus somam R$ 22,3 milhões, em valores referentes a 2003 e 2004 que ainda serão corrigidos pela inflação no período ao final do julgamento.
O ministro afirmou que é preciso adotar um critério para evitar distorções nas multas aplicadas aos condenados, abrindo brechas para contestações dos advogados. Ele disse que vai apresentar aos colegas uma tabela propondo valores máximos e mínimos para as multas, proporcional à pena de prisão, mas não deu detalhes do sistema.
Uma das situações que mais chama atenção dos ministros é a multa de Ramon Hollerbach, sócio do empresário Marcos Valério, operador do mensalão, que está em R$ 2,79 milhões, maior do que a do próprio Valério, de R$ 2,72 milhões.
Lewandowski afirma que é preciso analisar o patrimônio do réu para estipular a multa.
PENAS
Na última sessão, os ministros concluíram a definição de todas as penas. Dos 25 réus condenados, 13 irão cumprir a pena inicialmente em regime fechado, como prevê a lei para penas maiores que oito anos de prisão.
Outros dez réus, que tiveram pena definida entre quatro e oito anos de prisão, irão cumprir pena em regime semiaberto, quando o réu pode passar o dia trabalhando ou estudando, e voltar para dormir e passar os fins de semana na prisão.
Entre os réus, dois tiveram o tempo de prisão trocado por duas penas alternativas: a suspensão do direito de exercer cargos públicos e multas.
Condenado Perfil Crimes Pena total Multa
Núcleo PolítcoJosé Dirceu Ex-ministro da Casa Civil, considerado o "chefe da organização criminosa"Corrupção ativa e formação de quadrilha10 anos e 10 meses de prisão R$ 676 mil
Delúbio SoaresEx-tesoureiro do PTCorrupção ativa e formação de quadrilha8 anos e 11 meses de prisão R$ 320 mil
José GenoinoEx-presidente do PTCorrupção ativa e formação de quadrilha6 anos e 11 meses de prisão R$ 468 mil
Núcleo OperacionalMarcos Valério Considerado o "operador do esquema", ex-sócio das agências SMP&B e DNA propagandaFormação de quadrilha, corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro e evasão de divisas40 anos, 1 mês e 6 dias de prisão R$ 2,78 milhão
Cristiano Paz Ex-sócio de Marcos ValérioFormação de quadrilha, corrupção ativa, peculato e lavagem de dinheiro25 anos, 11 meses e 20 dias de prisãoR$ 2,5 milhão
Ramon Hollerbach Ex-sócio de Marcos ValérioEvasão de divisas, corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro e formação de quadriha29 anos, 7 meses e 20 dias de prisão R$ 2,78 milhão
Simone Vasconcelos Ex-funcionária de Marcos ValérioFormação de quadrilha, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e evasão de divisas12 anos, sete meses e 20 dias de prisão R$ 374 mil
Rogério Tolentino Advogado e ex-sócio oculto de ValérioFormação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro8 anos e 11 meses de prisãoR$ 312 mil
Núcleo FinanceiroKátia Rabello Dona do Banco RuralFormação de quadrilha, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta de instituição financeira e evasão de divisas16 anos e 8 meses de prisão R$ 1,5 milhão
Vinícius Samarane Ex-vice-presidente do Banco RuralLavagem de dinheiro e gestão fraudulenta de instituição financeira8 anos, 9 meses e 10 dias de prisão R$ 598 mil
José Roberto Salgado Ex-vice-presidente do Banco RuralFormação de quadrilha, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta de instituição financeira e evasão de divisas16 anos e 8 meses de prisão R$ 926 mil
Outros réusHenrique Pizzolato Ex-diretor de marketing do Banco do BrasilPeculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro12 anos e 7 meses de prisão1,272 milhão
Carlos Rodrigues Ex-deputado pelo extinto PL (atual PR) pelo RJ e líder da bancada evangélica na CâmaraCorrupção passiva e lavagem de dinheiro6 anos e 3 meses de prisãoR$ 696 mil
Valdemar Costa Neto Deputado (SP) e líder do PRCorrupção passiva e lavagem de dinheiro7 anos e 10 meses de prisãoR$ 1.080 milhão
Breno Fischberg Sócio da corretora Bônus BanvalLavagem de dinheiro5 anos e 10 meses de prisãoR$ 528 mil
Enivaldo Quadrado Sócio da corretora Bônus BanvalFormação de quadrilha e lavagem de dinheiro5 anos e 9 meses de prisão R$ 528 mil
João Cláudio Genu Ex-assessor do PPFormação de quadrilha, lavagem de dinheiro e corrupção passiva7 anos e 3 meses de prisãoR$ 480 mil
Jacinto Lamas Ex-tesoureiro do PRFormação de quadrilha, lavagem de dinheiro e corrupção passiva5 ano de prisãoR$ 240 mil
Romeu Queiroz Ex-deputado pelo PTB-MGLavagem de dinheiro e corrupção passiva6 anos e 6 meses de prisãoR$ 858 mil
Pedro Henry Ex-deputado do PP-MTLavagem de dinheiro e corrupção passiva7 anos e 2 meses de prisãoR$ 962 mil
Pedro Correa Ex-deputado (PE) e líder do PPFormação de quadrilha, lavagem de dinheiro e corrupção passiva9 anos e 5 meses de prisãoR$ 1,132 milhão
José Borba Ex-deputado pelo PMDB-PR, atual prefeito de Jandaia do Sul (PR)Corrupção passiva2 anos e 6 meses de prisãoR$ 390 mil
João Paulo Cunha Deputado (PT-SP)Corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro9 anos e 4 meses de prisãoR$ 260 mil
Roberto Jefferson Ex-deputado (RJ) e presidente do PTBCorrupção passiva e lavagem de dinheiro7 anos e 14 dias de prisãoR$ 720,8mil
Emerson Palmieri

Fonte: Folha de S. Paulo
Ex-tesoureiro do PTBCorrupção passiva e lavagem de dinheiro4 anos de prisãoR$ 228 mil

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