Brasília – Ainda que todos os países do mundo decidam agora ser mais
ambiciosos nas metas voluntárias e obrigatórias de redução de emissões de gases
de efeito estufa, não será mais possível atingir o compromisso firmado em 2010,
de evitar que a temperatura no mundo suba mais que dois graus Celsius (°C) até
2020.
A terceira edição do Relatório sobre Emissões de Gases de Efeito Estufa,
divulgada hoje (21), pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(Pnuma), mostrou, em um novo cálculo, que a concentração de gases do aquecimento
global pode ficar até 14% acima do nível definido como meta para 2020. Segundo o
estudo, ao invés de diminuir, a presença de gases como o dióxido de carbono está
aumentando em torno de 20% na atmosfera, desde o ano 2000.
De acordo com o levantamento, a distância entre a atual situação, o que os
pesquisadores projetam como cenário para 2020 e o que os cientistas consideram
como índices ideais, é cada vez maior.
Há dois anos, representantes de mais de 190 países se comprometeram, na
África do Sul, com ações para conter o aumento da temperatura no mundo. Ao
reconhecerem a necessidade de mudanças globais para minimizar problemas
decorrentes das mudanças climáticas – como grandes enchentes e secas extremas,
as economias concordaram em definir metas até 2015, que deverão ser colocadas em
prática por todos os países signatários a partir de 2020.
Esse conjunto de metas foi chamado de Plataforma Durban e deve substituir o
Protocolo de Quioto em oito anos. O acordo global, porém, segue ainda na teoria,
sob ameaça de resistência ou dificuldade de países como Estados Unidos e China
em modificar padrões como o da queima de combustíveis fósseis (responsável por
mais de 60% das emissões dos países mais desenvolvidos). Além disso, muitas
economias europeias ainda travam a definição de questões complexas, como a
transferência de tecnologia e financiamento para que países mais pobres e em
desenvolvimento consigam acompanhar as mudanças globais.
Diante dos alertas pessimistas, negociadores de mais de 190 países que
participarão da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em
Doha, no Catar, a partir da próxima semana, sabem que as pressões por mudanças
vão continuar e vão recair tanto sobre os setores produtivos quanto sobre os
governos, para a implantação de medidas de controle das emissões.
Fonte: Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil
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