Rio de Janeiro – Em 2011, 48,5% das pessoas até 14 anos de idade (21,9
milhões) residiam em domicílios em que pelo menos um serviço de saneamento
(água, esgoto ou lixo) era inadequado. O dado faz parte da Síntese de
Indicadores Sociais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
divulgados hoje (28).
Cerca de 4,8 milhões de crianças (10,7%) viviam em casas em que mais de um
desses serviços eram inadequados, sendo que 17,2% delas eram da Região Nordeste
e 3,7%, da Sudeste. Segundo o IBGE, a maior parte da população até 14 anos de
idade faz parte de famílias com menor poder aquisitivo: 60,8% vivem com rendas
até meio salário mínimo.
A pesquisa chama a atenção ainda para o déficit de creches no país,
sobretudo, para as crianças da camada mais pobre e as mães que precisam
trabalhar e/ou estudar, mas não têm com quem deixar os filhos. Entre as mulheres
com filhos até 3 anos de idade cujos filhos frequentam creche, 71,7% estavam
ocupadas em 2011. No mesmo período, apenas 21% das crianças até 3 anos tinham
acesso à creche.
De acordo com o conselheiro do Movimento Todos pela Educação, Mozart Neves
Ramos, a primeira etapa da educação básica é determinante para o desenvolvimento
dessas crianças. Ele informou que o custo per capita da fase
pré-escolar é o mais alto entre todas as etapas da educação, mas que o retorno
compensa.
“A meta número 1 do Plano Nacional de Educação é ampliar o acesso às creches,
mas o Brasil evoluiu muito pouco em relação à demanda. A meta estabelecida era
chegar a 50% em 2010 e o desafio é tão grande que a meta foi mantida para
2020.”
O estudo ressalta ainda que a fecundidade costuma atrasar e, em muitos casos,
interromper o processo de escolarização da mulher e que deve haver políticas
públicas para dar suporte às mães que não desejam parar de frequentar a escola
ou que pretendem estudar ou trabalhar.
Entre as crianças brasileiras de 4 e 5 anos de idade, a taxa de escolarização
é melhor do que entre as crianças mais novas. Em 2011, quase 77,4% das crianças
nessa faixa etária frequentavam a escola, enquanto em 2001 esse percentual era
55,4%. Entretanto, a média brasileira ainda está baixo da dos países-membros da
Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que é 90%.
Flávia VillelaRepórter da Agência Brasil
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