Brasília - O governo da Bahia vai determinar que a empresa de soluções
ambientais Cetrel Lumina suspenda o transporte e a queima de material tóxico
enviado de Cubatão (SP), pela multinacional Rhodia, para Camaçari, na região
metropolitana de Salvador. Serão solicitados novos testes para confirmar a
segurança da operação, que causou polêmica no estado depois de noticiada com
exclusividade pela Agência Brasil.
Segundo a Secretaria do Meio Ambiente do governo baiano, a suspensão atende à
solicitação do grupo de deputados estaduais, vereadores e ambientalistas que se
reuniram hoje (26) de manhã com o secretário estadual da pasta, Eugênio
Spengler. Ele convocou para esta tarde reunião com representantes da empresa
para notificá-los da decisão. A autorização na Bahia foi concedida pelo
Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema).
“Pedimos a suspensão permanente da incineração porque achamos isso um
desrespeito ao povo de Camaçari e um risco a todas as cidades por onde vão
passar os caminhões necessários ao transporte de todo este lixo. Se esse
material foi gerado em São Paulo, por que o trazer para a Bahia?”, questionou a
deputada estadual Luiza Maia (PT), uma das participantes da
reunião.
Para tranquilizar a população e afastar de vez o receio de que
a incineração do material contaminado por compostos organoclorados como o
pentaclorofenato de sódio (pó da china) e o hexaclorobenzeno causem danos ao
meio ambiente e à saúde dos moradores de Camaçari e região, a secretaria
estadual vai exigir que a Cetrel realize novos testes de queima para comprovar a
eficiência do seu incinerador.
A secretaria estadual também vai solicitar ao Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) detalhes sobre os riscos
envolvidos no transporte dos resíduos de Cubatão a Camaçari, um percurso de
cerca de 1,5 mil quilômetros. Compete ao instituto, que é federal, autorizar o
transporte deste tipo de material de um estado a outro.
Além disso, a secretaria vai solicitar à Cetrel Lumina e à Rhodia detalhes
sobre a operação, inclusive quanto do material chegou a ser transferido para a
Bahia, quanto dele já foi eliminado e qual a destinação do resíduo resultante da
queima, já que, segundo alguns críticos da iniciativa, as cinzas resultantes da
queima dos compostos organoclorados também oferecem risco se não forem
adequadamente descartadas.
Por meio da assessoria, a secretaria baiana ponderou que a decisão de exigir
novos testes tem a intenção de oferecer uma garantia maior à sociedade baiana,
mas não põe em dúvida a eficácia da Cetrel, empresa que opera há mais de 20 anos
em Camaçari e que possui autorização para destruir termicamente resíduos
clorados. Tampouco, questiona a competência do Inema de atestar a segurança da
operação.
Conforme a Agência Brasil noticiou com exclusividade no
último dia 20, o Inema e a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
(Cetesb), de São Paulo, haviam autorizado a Rhodia a transferir para Camaçari
760 toneladas por ano das cerca de 5 mil toneladas de material contaminado que,
há décadas, a Rhodia mantém armazenada no terreno de Cubatão, na Baixada
Santista, onde, até 1993, funcionava sua fábrica. Procurada agora à tarde, a
Rhodia disse que não havia sido comunicada pelo governo baiano da decisão.
Outras 33 mil toneladas de material semelhante permanecem à espera de uma
solução definitiva armazenados em um terreno de São Vicente, outro município da Baixada
Santista. No sábado (24), a Rhodia informou à Agência Brasil
que não tem planos de enviar os resíduos de São Vicente para
serem queimados em Camaçari. Procurada, a prefeitura disse que aguardaria os
resultados obtidos com a incineração do material de Cubatão antes de decidir se
vai cobrar da Rhodia a mesma solução para o material acumulado na cidade.
Fonte: Alex RodriguesRepórter Agência Brasil
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