Brasília – Parlamentares e cidadãos baianos prometem agir para impedir que
toneladas de resíduos industriais tóxicos – há décadas armazenados pela empresa
multinacional Rhodia em um terreno de Cubatão (SP), sejam transportados e
queimados em Camaçari, na região metropolitana de Salvador (BA).
Após a Agência Brasil divulgar, nesta terça-feira (20), com
exclusividade, que o Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) da
Bahia e a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) de São Paulo
autorizaram o envio de toneladas de material contaminado por substâncias
organocloradas como o pó da china (pentaclorofenato de sódio) e o
hexaclorobenzeno para serem incineradas pela empresa de soluções ambientais
Cetrel Lumina, as manifestações de repúdio à decisão vêm ganhando corpo.
Em Camaçari, além dos alertas e campanhas compartilhados entre usuários de
redes sociais, os vereadores do Democratas, Antonio Elinaldo e Manoel Jorge
Curvelo, prometem entrar, ainda hoje (22), com uma representação junto ao
Ministério Público estadual para impedir o envio do material à Bahia.
“É uma falta de responsabilidade com a população permitir que este produto
venha para Camaçari, que já tem tantos problemas de saúde”, disse Elinaldo,
indiferente às manifestações dos órgãos ambientais baiano e paulista, que
garantem que a operação só foi aprovada após a Cetrel Lumina ter realizado
testes de queima de provas do material, comprovando a eficácia do incinerador
para eliminar integralmente qualquer resíduo que ofereça risco à população.
“A população não vai ter ganho nenhum com isso e nem é obrigada a correr
riscos, que existem. Temos exemplos comprovando que estes produtos causam danos
[à saúde e ao meio ambiente]. Vamos verificar porque trazer esse material para a
cidade, ao invés de queimá-lo em São Paulo mesmo”, disse Elinaldo, por telefone,
a Agência Brasil.
Os testes de queima realizados pela Cetrel foram, segundo a Cetesb e o Inema,
uma exigência do Ministério Público estadual para que o transporte e a queima
fossem autorizados. Em 2003, a Rhodia já havia obtido o aval dos órgãos
ambientais oficiais para transportar e incinerar parte do material contaminado
que está armazenado em São Vicente. A Rhodia chegou a enviar para Camaçari 3,6
mil toneladas do lixo tóxico, mas, em fevereiro de 2004, o juiz Ricardo D'Ávila,
da 5ª Vara da Fazenda Pública da Bahia, proibiu a continuidade da operação.
Ao discursar, ontem (21), na Assembleia Legislativa, a deputada estadual
Luiza Maia (PT) também prometeu recorrer à Justiça para impedir que o material
contaminado seja incinerado em Camaçari.
“Atenção ambientalistas de Camaçari.
Não vamos aceitar o lixo químico de São Paulo. Todos à luta: revogação da
licença do Inema já!", escreveu a deputada no twitter, antes do início da sessão
na assembleia.
O deputado Bira Corôa (PT) também se pronunciou contra a iniciativa, durante
a sessão de ontem da Assembleia Legislativa, Ele afirmou que a queima dos
resíduos da Rhodia são uma ameaça não só para a população de Camaçari e região,
mas também para as cidades por onde vão passar os caminhões nos quais o material
vai ser transportado. "Convocamos a sociedade civil para começar uma campanha
contra esse absurdo, que atenta contra a saúde pública e o meio ambiente”,
conclamou Corôa. No twitter, o deputado sustentou que a queima do material é
proibida no estado de São Paulo porque o estado adota limites mais restritivos
de índices de emissão de poluentes junto à fumaça resultante da queima.
Fonte: Alex Rodrigues
Repórter Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário