quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Fundação que cuida de rios é flagrada poluindo um deles

Moradores reclamam do impacto ambiental


Na tarde de quarta-feira (17), um caminhão da Fundação Rio Águas despejava detritos no Rio Jacaré, dentro da recém-pacificada favela de Manguinhos, para espanto dos moradores.
A fundação, segundo definição na sua página da internet, tem por função "a manutenção dos corpos hídricos do município, realizando obras de conservação e desobstrução de canais e rios, além disso, é o órgão responsável pelo planejamento, supervisão e operação, direta ou indireta, do sistema de esgotamento sanitário". No caso, ela nem conservava nem cuidava do esgotamento sanitário, mas simplesmente ajudava a poluir ainda mais o rio despejando mais resíduos em seu leito.


Carro da empresa apareceu despejando resíduos em Rio na comunidade de Manguinhos, e culpou terceirizada pelo fato Fotos: Douglas Shineidr / Jornal do Brasil
Culpando terceiros

A Rio Águas, ao ser procurada pelo Jornal do Brasil, tentou lavar as mãos e jogar a culpa em uma terceirizada, mas não quis identificar a suposta responsável pela ilegalidade. Em nota, declarou que "a empresa terceirizada realizou descarte de resíduos indevidamente no Rio Jacaré".
Afirmou ainda que "não compactua com este procedimento" e garantiu que "no momento, avalia a denúncia e informa que a empresa será multada, podendo ter o contrato suspenso. Todos os funcionários presentes na foto são terceirizados".
A Fundação, no entanto, não apenas não identificou a empresa terceirizada, como também não explicou como os ditos funcionários terceirizados trajavam uniformes da Rio Águas e utilizavam um dos seus caminhões, como mostra a fotografia que flagrou o utilitário ao despejar os detritos no Rio Jacaré.
Poluição antiga
Nilson Damião, morador da comunidade há 48 anos, declarou que a poluição do canal começou há cerca de três décadas e desde então só aumentou:
“São vários fatores: traficantes jogavam os corpos de desafetos no canal, muitos moradores são porcos. Além disso, muitos carros, de diferentes tamanhos, despejavam diversas substâncias neste canal”,conta Damião, que lembrou que a presença dos traficantes na comunidade intimidava a qualquer um que fosse verificar o que acontecia.
Vanderley Pereira, de 29 anos, lamenta o impacto ambiental que ocorre na comunidade com esses despejos, e disse claramente que há pessoas dentro da favela que contribuem para isso:
“A Associação de Moradores do Parque João Goulart não faz nada para resolver esse e outros problemas da comunidade. Isso é uma vergonha”, desabafou. Outro morador, que se identificou apenas como Manoel ao Jornal do Brasil, aproveitou para ironizar a situação dos que residem à beira do canal:
“Nossas casas deveriam custar muito mais. Temos essa vista privilegiada e esse cheiro fenomenal que passa pelos nossos narizes”, provocou Manoel. Maria do Carmo, de 52 anos, também estava indignada com a situação: "Nós vivemos na podridão, e as pessoas acham que nós gostamos de viver assim".

Fonte: Jornal do Brasil

Nenhum comentário:

Postar um comentário