Estádio do Maracanã no Rio de Janeiro, setembro de 2012 - Daniel Basil/ME/Portal da Copa
Passados cinco anos, a Copa do investimento privado é, mais que nunca, a Copa do gasto de dinheiro público
A escolha do Brasil como país-sede da Copa do Mundo de 2014 completa exatos cinco anos nesta terça-feira. Em 30 de outubro de 2007, a Fifa confirmou que o Mundial aconteceria no país, que era candidato único na ocasião. O então presidente da CBF, Ricardo Teixeira, prometia transformar o evento numa oportunidade de ouro para o Brasil. Conforme o discurso do cartola, o Brasil ganharia mais de uma dezena de arenas modernas gastando muito pouco dinheiro público - Teixeira garantia que os estádios seriam construídos ou reformados com investimentos privados. Também afirmava que o setor de infraestrutura seria muito beneficiado, com grandes obras nos aeroportos e na área de transporte público. Desde então, o chefão da CBF caiu - assim como as promessas que acompanharam a escolha do Brasil pela Fifa.
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Passados cinco anos, a Copa do investimento privado é, mais que nunca, a Copa do gasto de dinheiro público. De acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU), 85% das despesas do país com o evento são bancadas, de forma direta ou indireta, pelos governos municipais, estaduais e federal (através de investimentos ou financiamentos de bancos estatais). No caso dos estádios, Teixeira prometia atrair empresas dispostas a bancar as obras para depois explorar o uso das arenas. Mas a participação de dinheiro público nas obras das arenas é ainda maior que a média geral dos preparativos para a Copa: 97% do montante consumido pelos estádios corresponde a dinheiro do governo. Em muitos casos, como o Maracanã, por exemplo, o país bancará as obras e depois permitirá a exploração pela iniciativa privada.
Além de pesar diretamente sobre o bolso do contribuinte, as obras nos doze estádios da Copa do Mundo também ficaram muito mais caras do que se previa. No ano em que foi oficializado como país-sede, o Brasil calculava que a construção ou reforma de todas as arenas somaria 2,3 bilhões de reais. De acordo com o último balanço oficial do andamento dos trabalhos nos estádios, anunciado pelo governo em setembro (nas fotos acima), as doze arenas custarão um total de 6,7 bilhões de reais - ou seja, quase três vezes mais que o estimado inicialmente. Para completar, as novidades de infraestrutura prometidas para 2014 custam a sair do papel. O projeto do trem-bala entre São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, está parado. E o VLT de Brasília, que chegou a ser incluído na lista oficial de obras, foi cancelado.
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Fonte: Veja
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