RIO - No Rio, quase 40% das infrações cometidas por motoristas de empresas que fazem o transporte público (permissionárias da prefeitura) ou privado (para agências de turismo, escolas e condomínios) resultam numa segunda multa, por falta de identificação do real infrator. Um levantamento feito pelo Detran a pedido do GLOBO no fim do ano passado mostrou que entre os ônibus e micro-ônibus (que fazem o serviço público e privado), o número de multas administrativas por falta de identificação dos motoristas infratores chegou a 27 mil nos primeiros seis meses de 2012, liderando o ranking das infrações mais cometidas por essa categoria de transporte. Ao não informar o nome do motorista, a empresa de ônibus tem de pagar duas multas: a administrativa (R$ 68,10) e a que foi registrada pela autoridade. Além do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), os ônibus têm de cumprir o Código Disciplinar da prefeitura.
No caso das autuações administrativas, a Secretaria municipal de Transportes afirma que o maior problema acontece entre as empresas de ônibus que fazem frete ou outros serviços particulares. Proporcionalmente, o número de ônibus e micro-ônibus (convencionais, escolares e de turismo) na capital representa menos de 1,2% da frota de veículos da cidade. No entanto, eles respondem por 6,6% de todas multas aplicadas entre janeiro e junho de 2012.
Professor de Engenharia de Transportes da Coppe/UFRJ, Paulo Cezar Ribeiro afirmou que o acidente com o ônibus da Viação Paranapuã, que tinha 12 multas por avanço de sinal e 14 por excesso de velocidade, é um sinal de que todo o sistema de transportes do Rio deveria ser reformulado.
— Não podemos deixar essas coisas acontecerem impunemente. Mas poderíamos partir deste episódio para uma discussão sobre a necessidade de se reformular todo o sistema de transporte do Rio. É preciso que a sociedade se preocupe mais com a questão e exija mais conscientização dos motoristas, melhores condições de trabalho para os motoristas de ônibus, melhores condições viárias. Este viaduto, por exemplo, não parece ter proteção. Essa é uma arquitetura que acaba favorecendo esse tipo de acidente — diz o professor.
Ele, no entanto, é cauteloso ao dizer que falta mais treinamento para os motoristas de ônibus.
— Acho que os motoristas de ônibus, como qualquer outro motorista, estão sofrendo com o trânsito cada vez mais congestionado. Ele ainda dirige em condições adversas, ao lado do motor, de muito ruído. Além disso, tem que ficar trocando as marchas. Isso numa cidade que tem clima quente, com o trânsito congestionado.
Fonte: O Globo
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