Rio de Janeiro - Os índios que habitam o antigo Museu do Índio negaram a
proposta do governo do estado de serem transferidos para o Centro de Referência
da Cultura de Povos Indígenas, na Quinta da Boa Vista, que ainda será
construído. O prédio ocupado fica ao lado do Estádio Jornalista Mário Filho
(Maracanã), na zona norte da cidade. Como representante da comunidade Indígena
Aldeia Maracanã, a Defensoria Pública da União no Rio de Janeiro (DPU/RJ) enviou
na noite de ontem (31) a resposta à carta-proposta da Secretaria de Assistência
Social e Direitos Humanos. O documento foi enviado também à Procuradoria-Geral
do Estado do Rio de Janeiro.
Os índios informaram que não sairão do antigo museu e que estão dispostos a
negociar “qualquer coisa, menos isso”. “Não adianta mandar polícia nem tropa de
choque. Até porque já enfrentamos a violência de fazendeiros, bandeirantes,
milícias e forças militares”, informa trecho da carta.
O governo do Rio desistiu da demolição do antigo prédio, que seria feita por
causa das obras do Maracanã para a Copa de 2014, mas insiste em transferir os
índios para o centro de referência que ainda será construído, e se compromete a
criar o Conselho Estadual dos Direitos Indígenas.
O
Museu do Índio, abandonado desde os anos de 1990 e ocupado pelos índios em 2006,
foi comprado no ano passado pelo governo do estado por R$ 60 milhões da
Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Entretanto os índios são os
legítimos proprietários, por usucapião, de acordo com a lei.
“Queremos mostrar para o povo brasileiro não indígena que estamos vivos e que
podemos contribuir para o avanço da cultura brasileira. O mundo vem mudando
muito rapidamente. Em nossas terras sentimos dificuldades de compreender essas
mudanças. Assim, a vinda de parentes indígenas às cidades não é só para passear,
para vender artesanato ou para trabalhar, mas também para conhecer e vivenciar”,
diz um trecho da carta, em que os indígenas convidam ainda o governador do Rio,
Sérgio Cabral, a visitar o prédio construído em 1862.
Fonte: Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
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