SÃO PAULO - O programa de internações involuntárias de dependentes químicos em São Paulo começou com protestos, nesta segunda-feira. Com cartazes que traziam inscrições como “somos contra políticas higienistas” e “usuário não se prende”, um grupo de 40 pessoas, ligados a movimentos sociais e entidades religiosas, fizeram uma manifestação em frente ao Centro de Referência em Álcool, Tabaco e outras Drogas (Cratod), no centro da capital.
Os manifestantes cobram do governo de São Paulo uma política humanitária no combate às drogas e avaliam que a internação compulsória não é eficaz no tratamento de dependentes químicos.
O padre Júlio Lancelotti, da Pastoral do Povo de Rua, considera que a iniciativa do governo estadual é “drástica” e não eficaz. Segundo ele, o governo de São paulo deveria colocar assistentes sociais e psiquiatras nas periferias de São Paulo, e não concentrar o atendimento em um único centro de referência.
- Há uma carência de atendimento social na cidade. Essa é uma medida drástica e bombástica, que quer facilitar algo que é ineficaz - criticou o padre.
O padre Raniel, da Fraternidade do Caminho, considera que a medida é opressora e atenta contra a dignidade do dependente químico e o seu livre arbítrio. Para ele, é necessário dar o poder de escolha ao dependente químico.
- A igreja quer respeitar a dignidade do ser humano. Que ele tenha o poder de escolha, que ele possa se recuperar da dependência química - afirmou o padre Raniel.
Fim à cracolândia
O governo de São Paulo decidiu internar compulsoriamente dependentes químicos para tentar dar um fim à cracolândia. A medida faz parte de uma ação integrada do governo com o Ministério Público, o Tribunal de Justiça e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
No programa de internação compulsória, após serem abordados por agentes nas ruas, os dependentes são levados para o (Cratod), onde passarão por uma avaliação médica.
No Cratod, haverá juízes e promotores de plantão, das 9h às 13h, para atender medidas de urgência em casos de necessidade de internação compulsória ou involuntária.
Após receber o primeiro atendimento, o dependente químico será avaliado por médicos que vão oferecer o tratamento adequado. Caso o usuário não queira ser internado, o juiz poderá determinar a internação imediata, desde que os médicos atestem que a pessoa não tem domínio sobre suas saúde e condição física.
Balanço divulgado recentemente pela Secretaria de Justiça do Estado aponta que 1.363 dependentes já foram internados voluntariamente. Também foram presas 762 pessoas.
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