Moradores de Oswaldo Cruz reclamam da falta de uma escada rolante na estação
No dia a dia, bambas só ficam as pernas, mas de ter que subir a escadaria da estação para ir ao Centro ou à vizinha Madureira. Com grande contingente de idosos, população pede a instalação de escadas rolantes e de serviços básicos, como bancos e farmácias.
Escadaria de acesso à estação ferroviária de Oswaldo Cruz é alvo das reclamações de moradores: por causa dela, muitos ‘optam’ pelos ônibus | Foto: Paulo Araújo / Agência O Dia
A impossibilidade de subir escadas é uma perda grave para quem quer ter o deslocamento mais rápido que o dos ônibus, que se arrastam em congestionamentos na região. Marlene de Moraes, 70 anos, estima que o ônibus da linha 391 (Realengo-Tiradentes) leve entre 1h20 e 1h30 do bairro ao Centro.“Tenho medo de sofrer um acidente na escada, pois é muito difícil apoiar a bengala num degrau e colocar os pés no que vem logo a seguir. Se eu cair, ficarei ainda pior do que estou”, comenta a comerciante Marilena Cruz, 60 anos, que sofre de artrose nos joelhos e na coluna.
Marilene: bengala e preocupação | Foto: Paulo Araújo / Agência O Dia
A Supervia informou que a estação de Oswaldo Cruz é uma entre 99 que vão receber melhorias, com a construção de acessos para deficientes físicos, instalação de piso tátil, colocação de cobertura nas plataforma e banheiros. Adianta que, em 2013, será realizada a parte mais importante da reforma: a instalação de elevadores.
Peculiaridades cantadas por Noel e Heitor dos Prazeres
Antes de a Portela fincar raízes em Oswaldo Cruz, onde nasceu e cresceu, o bairro já era respeitado como um dos principais celeiros de bambas do Rio, como versava Noel Rosa, na década de 30.
Foi lá que Heitor dos Prazeres e seus amigos criaram o Conjunto Oswaldo Cruz, cuja data de fundação (11/4/1923) seria adotada, anos mais tarde, pela Portela — que, na verdade, passaria a existir com esse nome 18 anos depois.
O samba já atraía verdadeira ‘multidão’ à casa número 95 da Rua Antônio Badajós, onde residia Ester Maria Rodrigues — a Dona Ester. Era ali que aconteciam os famosos ‘bailes dos dez dias’, reunindo a nata de bambas do bairro — entre eles Paulo da Portela, Rufino e Caetano, fundadores da Azul e Branca — e companheiros de toda a cidade: Ismael Silva, Heitor dos Prazeres, Cartola, Pixinguinha e vai por aí.
O imóvel foi escolhido pelo Instituto Rio Patrimônio da Humanidade para integrar o Circuito Cultural que reunirá casas onde se reuniam os grandes sambistas da Grande Madureira. Ideia é tombar esses imóveis e promover ações culturais.
Marquinhos de Oswaldo Cruz diz que é apaixonado pelo bairro vizinho | Foto: Paulo Araújo / Agência O Dia
Um amor que virou sobrenome
Sentado numa cadeira da Portelinha, a antiga sede da Azul e Branca, o compositor Marcos Sampaio de Alcântara, o Marquinhos de Oswaldo Cruz, explica que a adoção do bairro como sobrenome é questão de DNA. Mesmo tendo nascido em Madureira, o seu maior sonho era se mudar para o bairro vizinho.
“Após vender um imóvel, meu pai deu um carro para cada um de meus irmãos, pagou viagem para minha irmã e eu, o caçula, pedi fantasia da Portela”, disse, rindo.
Além do sucesso como compositor, criou projetos culturais, entre eles o Trem do Samba, que resgata tradição iniciada por Paulo da Portela, e a Feira das Yabás, que serve comidas africanas em frente à Portelinha.
Fonte: O Dia
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