Festa de encerramento dos Jogos Olímpicos de Londres - Getty Images
Em nenhum momento o comitê do Rio explicou se todos os dez funcionários copiaram os dados ou se há diferença no papel de cada um no episódio. E também ainda não se sabe quem era o responsável direto pela parte da equipe envolvida no escândalo
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Não por coincidência, apenas uma das perguntas mais frequentes sobre o escândalo foi rebatida na nota do comitê, divulgada na noite de segunda-feira - a dúvida sobre o papel dos principais dirigentes da Rio-2016 no episódio. De acordo com o texto, os funcionários demitidos "agiram por iniciativa própria, sem o conhecimento de seus chefes imediatos e de nenhuma outra liderança da Rio-2016". O nota não revela o nome dos funcionários envolvidos - dez, no total - e indica que eles não foram demitidos por justa causa, pois o comitê avalia que não houve intenção de praticar crime. "Eles não precisavam ter copiado os arquivos sem autorização", diz o texto. "Bastava solicitá-los ao Comitê Organizador Local de Londres-2012, que vinha compartilhando informações de maneira colaborativa." Uma das principais perguntas sem resposta, portanto, é o motivo do furto de dados. Ainda não se sabe por que os funcionários fizeram cópias não autorizadas do material. O conteúdo retirado dos computadores de Londres é outra incógnita. Não se sabe o que havia nesses documentos.
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Em nenhum momento o comitê do Rio explicou se todos os dez funcionários copiaram os dados ou se há diferença no papel de cada um no episódio. E também ainda não se sabe quem era o responsável direto pela parte da equipe envolvida no escândalo (no total, cerca de 200 pessoas foram enviadas pelo Rio para acompanhar os trabalhos em Londres). Por fim, resta mais uma pergunta que não é respondida nas notas divulgadas na segunda-feira: por que o presidente do comitê, Carlos Arthur Nuzman, e o prefeito da cidade-sede dos Jogos de 2016, Eduardo Paes, ainda não comentaram publicamente um episódio tão grave para a reputação do Rio? Tirar essa dúvida, porém, não exige grande esforço. Nuzman, que acumula os cargos de presidente do comitê organizador dos Jogos e do Comitê Olímpico Brasileiro, é candidato à reeleição no COB, que comanda desde 1995. A votação acontece no mês que vem. Da mesma forma, Eduardo Paes é candidato à reeleição no pleito de 7 de outubro. Beneficiado pela exposição obtida nos Jogos de Londres, o prefeito é favorito a vencer o pleito municipal.
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Uma das poucas coisas que ficam claras nos comunicados do comitê e do governo é o desejo de superar rapidamente o escândalo e retomar a cooperação com Londres. A transferência de informações entre as sedes dos Jogos é não só necessária para o sucesso do evento como também uma exigência do Comitê Olímpico Internacional - o COI determina, por exemplo, que a anfitriã dos Jogos envie uma delegação à futura sede para um grande seminário sobre a organização. O encontro está marcado para novembro. Da mesma forma, Aldo Rebelo lembra que "o governo britânico já aprovou a formação de um grupo de trabalho com o governo brasileiro para repassar sua experiência, de forma a ajudar o Brasil a enfrentar os desafios da preparação". Ainda de acordo com Aldo, o comportamento dos autores do furto "não expressa a atitude de confiança e harmonia que tem marcado a cooperação dos dois países". Já a Rio-2016, preocupada em afastar Nuzman do caso, garantiu que o cartola não foi procurado pelo seu colega londrino, Sebastian Coe, como chegou a ser divulgado na semana passada.
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Um dos argumentos que a cúpula da Rio-2016 usa para afastar qualquer pedido de explicações do governo sobre o furto de informações confidenciais do comitê Londres 2012 por dez funcionários do comitê brasileiro é o de que como não há verba pública na Rio 2016, não há explicações a dar para Brasília. Independentemente de ser um argumento que despreza a opinião pública, não chega a ser 100% verdadeiro: todo o eventual déficit da Rio 2016 será coberto pelo governo federal. E o comitê já avisou que em meados de 2013, o primeiro déficit quase que certamente aparecerá.
Fonte: Veja
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