contra Dilma, se transformaria na manchete preferida de
toda
imprensa familiar comercial brasileira até que o acusado
renunciasse
O candidato do PSDB a Presidência da República, senador Aécio Neves, deveria abdicar de sua candidatura após a gravidade da denúncia feita pelo Jornal Folha de São Paulo sobre a construção, quando governador de Minas Gerais, de um aeroporto na fazenda de seu tio, Múcio Guimarães Tolentino. Por muito menos, a história recente do Brasil tem casos de políticos que declinaram de ocupar cargos públicos.
Se esta denúncia fosse contra algum candidato petista ou contra Dilma, se transformaria na manchete preferida de toda imprensa familiar comercial brasileira até que o acusado renunciasse. Vamos ver até quando mais este escândalo - para não falar dos demais existentes - vai se manter na mídia. Aposto que será rapidamente esquecido.
Um bom exemplo de dois pesos e duas medidas da imprensa brasileira foi o vivido pelo ex senador pelo PSB gaúcho, José Paulo Bisol. Cotado como candidato a vice de Lula em 1994, renunciou devido a denúncias de que apresentou emendas superfaturadas para beneficiar o município de Buritis, em Minas Gerais, sendo então substituído por Aloizio Mercadante.
A denúncia nunca foi provada, mas o fato arruinou sua vida política, não tendo mais conseguido se reeleger. A verdade é que ele desagradou a muitos tendo ajudado a criar a primeira CPI do Congresso Nacional, que investigou o escândalo dos "anões do orçamento".
Como deputado federal pelo PT/DF, fui o autor da denúncia de favorecimento de uma empreiteira no Orçamento Geral da União feito por Guilherme Palmeira, senador de Alagoas, indicado em 1994, candidato a vice-presidente na chapa de Fernando Henrique Cardoso. Candidato até agosto, foi derrubado por minha denúncia e substituído então por Marco Maciel.
Aécio Neves e os políticos que o cercam deveriam se envergonhar de manter sua candidatura depois de mais uma denúncia sobre sua conduta política. A obra, concluída em 2010, na cidade de Cláudio, interior do Estado, custou cerca de R$ 14 milhões aos cofres públicos, e chama atenção pelo fato do aeroporto, embora público, ser administrado pela família de Aécio.
A nota de Aécio divulgada na manhã de domingo para explicar o negócio só piora a situação. Ele alega que o "antigo proprietário" contesta o valor da desapropriação promovida pelo Estado para implementar o aeroporto. Ou seja, o tio de Aécio teve um aeroporto construído em sua fazenda, com dinheiro do governo do Estado, gerido pelo sobrinho, "tem a chave" da pista e quer receber mais do que determinaram as perícias de uma desapropriação que ao que tudo indica só se deu no papel.
E as denúncias não param por aí. A conta da empresa que venceu a licitação para a obra, a Vilasa, foi doadora da campanha eleitoral de Aécio Neves, na disputa ao governo mineiro, em 2006. E em 2010, quando o aeroporto foi construído, o sucessor de Aécio, Antonio Anastasia, recebeu doações da mesma empresa para sua campanha. As informações estão registradas no Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais.
Os valores não são expressivos no montante geral de gastos dos candidatos, entretanto, os recursos repassados pela empresa aos tucanos figuram no rol de episódios em que empresas fazem doações eleitorais e conquistam também contratos públicos.
A Vilasa já foi contratada para outras obras do governo mineiro, como informa seu site, em empreendimentos de Copasa (Companhia de Saneamento) e Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais. Também já prestou serviços para o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) além de outros órgãos públicos.
Uma simples pesquisa no Google traz como resultado vários processos em andamento contra o candidato Aécio Neves. Num deles, com data de 2013, por três votos a zero, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) decidiu que o senador Aécio Neves continua réu em ação civil por improbidade administrativa movida contra ele pelo Ministério Público Estadual (MPE).
Aécio é investigado pelo desvio de R$ 4,3 bilhões da área da saúde em Minas e pelo não cumprimento do piso constitucional do financiamento do sistema público de saúde no período de 2003 a 2008, quando foi governador do estado. O julgamento deverá acontecer a qualquer momento. Se culpado, o senador ficará inelegível.
Na era das manifestações populares contra a corrupção e a expressão do sentimento nacional por uma reforma política e a moralização de todos os poderes da Nação, pergunto ao leitor brasileiro: vale a pena voltar em homens como Aécio Neves?
Fonte: 247 CHICO VIGILANTE
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