Fábio Cleto, ex-vice da Caixa - Alexandre Durão | Caixa Econômica Federal
BRASÍLIA - Na decisão que mandou prender o doleiro Lúcio Funaro, o ministro Teori Zavascki cita trecho de depoimento de Fábio Cleto, ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal (CEF). Nele, Cleto cita como era feita a partilha da corrupção. Segundo Cleto,
Lúcio Funaro acertou os detalhes dos pagamentos e informou que o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ficaria com 80% da propina em todos os contratos. Funaro ficaria com os 12% restantes. Cleto disse que recebia 4% e o empresário Alexandre Margotto outros 4%. Segundo Cleto, o valor da propina representava 1% do valor dos contratos com recursos do Fundo de Investimento do FGTS.
Já no pedido de prisão que enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF), o Ministério Público Federal sustentou que há indícios de que Lúcio Funaro presta serviços lavagem de dinheiro para Cunha. "Lúcio Bolonha Funaro tem longa e íntima relação com Eduardo Cunha,
havendo fortes evidências no sentido de que o parlamentar utilize os serviços de Funaro para lavar e ocultar valores ilícitos provenientes do esquema em tela, especialmente no que que concerne a Eduardo Cunha", diz trecho do pedido de prisão que foi acolhido pelo ministro Teori Zavascki.
Para o MP, a atuação de Funaro mostra que ele agia como braço financeiro de uma organização criminosa que envolvia vários políticos.
"A riqueza fática e a robustez das evidências não deixam dúvidas de que se trata de organização criminosa com alto poder econômico e político, cuja dimensão ainda é incerta. Entre seus integrantes estão os maiores empresários do país e políticos com grande influência dentro do Estado. Lúcio Funaro é peça chave nessa organização. Segregá-lo cautelarmente é imprescindível para ao menos enfraquecer o funcionamento do grupo criminoso organizado ainda ativo", diz o pedido de prisão do MPF.
O doleiro Lúcio Bolonha Funaro - 08-03-2006/ Dida Sampaio - Divulção / Agência EstadoNo despacho, o ministro Teori concordou que havia elementos para a prisão. E afirmou "Nos autos, há elementos suficientes que apontam a necessidade de custódia do requerido, evidenciada pelo seu papel de destaque no suposto esquema criminoso narrado, voltado para prática, em tese, de crimes de corrupção ativa/passiva e de lavagem de dinheiro".
Segundo o MPF, Funaro, que já apareceu no caso do mensalão, tem participação em vários esquemas de corrupção.
Funaro foi preso hoje às 6h da manhã, em sua casa nos Jardins, em São Paulo, alvo da operação “Sépsis”. Ele é acusado de corrupção, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. As investigações relacionadas a esses crimes estariam entre os fundamentos que levaram Zavascki a decretar a prisão dele.
No pedido de prisão de Funaro, Teori faz referência à terceira denúncia contra Eduardo Cunha, enviada para o STF pela Procuradoria-Geral da República (PGR) no último dia 10 de junho. O documento está protegido pelo segredo de justiça.
A denúncia foi feita com base nas delações premiadas dos empresários Ricardo Pernambuco e Ricardo Pernambuco Júnior, donos da Carioca Engenharia, e também na delação de Fábio Cleto. Os empresários disseram ter repassado ao parlamentar US$ 4,68 milhões. O dinheiro teria sido depositado em contas na Suíça entre 2011 e 2014.
Em seguida, Cleto disse que Lúcio Funaro acertou os detalhes dos pagamentos e informou que Cunha ficaria com 80% da propina em todos os contratos. Funaro ficaria com os 12% restantes.
Fonte: O Globo
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