Rio - O corpo de Laércio Hilário da Luz Neto, de 17 anos, foi
enterrado na manhã desta quinta-feira, por volta das 11h30, no Cemitério de
Irajá, na Zona Norte. O jovem foi encontrado morto, nesta terça-feira, na laje
de uma casa vizinha no Parque Proletário, na Penha, também na Zona Norte. Não
houve velório, o corpo foi levado do Instituto Médico Legal (IML) direto para o
cemitério.
Enterro de jovem encontrado morto na Penha é
marcado por protestos
Foto: Estefan Radovicz / Agência O
Dia
Cerca de 200 pessoas, entre familiares e amigos, estiveram
presentes no enterro. Um grupo de 100 mototáxis da comunidade fizeram um pequeno
protesto na porta do local. Eles gritavam palavras de ordem contra o governador
Sérgio Cabral e a Polícia Militar.
"O que fizeram com meu filho? Quero abraçar, quero beijar meu
menino", gritava a mãe de Laércio. O pai da vítima não quis falar nada a
respeito.
Moradores denunciam de agressões de
PMs na comunidade
Muitos familiares e colegas do jovem aproveitaram o momento do
enterro para denunciar agressões sofridas por PMs da UPP do Parque
Proletário. Amiga da família, Silvia Cristina, de 40 anos, relatou que todos
sabiam que "mais cedo ou mais tarde outros moradores seriam assassinados pela
polícia".
"A forma como estamos sendo tratados na comunidade não deixa margem
de que se algo não for feito, outros morrerão", afirmou.
Segundo o presidente da Associação de Moradores do Parque
Proletário, Celso de Sousa Campos, conhecido como Binha, Laércio desapareceu às
20h de segunda-feira, depois de ter avistado PMs e corrido “com medo”.
“Laércio e amigos viram policiais e, com medo de serem abordados,
correram. Ele foi mais para cima da favela, onde foi achado morto. Mas ele não
tinha envolvimento com o tráfico. Era um bom garoto e trabalhava na barbearia do
avô”, afirmou.
Na tarde desta quinta-feira, os parentes da vítima prestarão os
primeiros depoimentos na Delegacia de Homicídios.
Enterro de jovem encontrado morto na Penha é marcado por
protestos de mototaxistas do Parque Proletário
Foto: Estefan
Radovicz / Agência O Dia
Após morte de adolescente, moradores fizeram
protesto
A notícia do encontro do corpo do adolescente e da acusação da
participação de PMs acirrou os ânimos na comunidade. Uma manifestação foi
realizada na Estrada José Rucas, uma das principais vias de acesso as
comunidades do Complexo da Penha, na noite desta quarta-feira.
Na altura da Praça São Marcos, uma viatura da PM baseada no local
foi apedrejada. Foi pedido reforço e os policiais chegaram a usar balas de
borracha para dispersar a multidão.
Em represália, populares incendiaram dois ônibus da linha 623, na
Rua Aimoré, na altura da Rua Maragogi. Um outro da linha 622 foi queimado na
Estrada José Rucas. Os três coletivos fazem a linha Penha-Saens Pena.
Com medo de novos ataques, a empresa Nossa Senhora de Lourdes,
responsável pelas linhas, recolheu todos os seus veículos da região. Moradores
que voltavam de seus compromissos tiveram que ir para casa a pé.
O fornecimento de energia elétrica também ficou prejudicado na
região. Trechos da fiação foram atingidos pelas chamas do fogo nos ônibus.
Técnicos da Light passaram a madrugada tentando normalizar a situação. Segundo
Frederico Caldas, o policiamento está reforçado na região da Penha com PMs de
seis UPPs e do 16º BPM (Olaria).
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