Rio - O coronel Erir Ribeiro Costa Filho foi exonerado do cargo
pelo secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, após reunião que durou duas
horas na tarde desta segunda-feira. Em nota, o governador Sergio Cabral disse
que “a troca de comando da PM não mudará em nada a política de pacificação no
estado do Rio”. A polêmica anistia a policiais militares com punições foi a
principal causa para a queda do comandante da PM.
Coronel Erir Ribeiro deixa o cargo após quase dois
anos
Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia
Cabral agradeceu a colaboração pelo 1 ano e 10 meses do coronel à
frente da PM. "Quero agradecer toda a dedicação, lealdade e seriedade do Coronel
Erir da Costa Filho à causa pública e ao serviço da Segurança Pública em nosso
estado. Costa Filho é um exemplo de oficial."
Enfraquecido
O episódio da anistia na queda de Erir Ribeiro foi apenas a gota
d’água. Os erros na condução da tropa nos protestos de junho e julho, e o
retorno da PM de forma negativa aos noticiário — como o desaparecimento do
pedreiro Amarildo de Souza após ser preso por policiais da UPP da Rocinha —
enfraqueceram o coronel e deram espaço às críticas. Nos últimos dias, Beltrame
já não escondia dos principais assessores a necessidade de mudar o comando para
oxigenar a PM.
Beltrame e Erir num evento na Baixada: secretário
não estava satisfeito com a condução da tropa, especialmente nos protestos e no
caso Amarildo
Foto: Paulo Alvadia / Agência O Dia
Insatisfeito com a decisão de livrar a cara dos agentes infratores,
Beltrame expôs a Erir a necessidade de revogar a decisão para manter a doutrina
de pulso firme contra os deslizes da tropa. O chefe da PM bateu o pé e alegou
que o indulto só beneficiava faltas disciplinares administrativas, contidas no
rigoroso código de conduta militar.
Numa nota sucinta, a Secretaria de Segurança resumiu a saída de Erir Ribeiro como um ato normal na gestão de governo. “Mudanças fazem parte do processo de gestão e devem ser vistas com naturalidade", disse Beltrame, que destacou o empenho do coronel no comando da PM.
Erir Ribeiro continua no comando até a Secretaria de Segurança anunciar o nome de quem irá substituí-lo. Será o novo chefe da PM quem também decidirá se mantém ou revoga a decisão assinada por Erir de anistiar os policiais punidos entre o dia 4 de outubro de 2011 e a última quinta-feira — dia da publicação da medida no boletim interno da corporação.
Durante a noite desta segunda-feira, a cúpula da Segurança se debruçava sobre uma lista com o nome de cinco coronéis como candidatos à vaga e tentavam achar o consenso. Dois deles participaram da reunião com o secretário Beltrame: Ricardo Pacheco, atual diretor de Ensino e Instrução da PM, e Luís Menezes, responsável pelo 1º CPA (Comando de Policiamento de Área).
Policiamento ostensivo e comunitário
O coronel Erir Ribeiro assumiu o comando da PM com prazo de validade. E ele expirou há muito tempo. A ideia era esquentar a cadeira até a Secretaria de Segurança encontrar o nome ideal para tocar o projeto de policiamento ostensivo e comunitário do governo. O tempo passou e a falta de opções fez Erir se manter no cargo.
Com hábitos humildes e experiência na cúpula da PM — foi diretor na gestão de Gilson Pita —, Erir se apegou à cadeira e, nos últimos meses, já nem despachava com o secretário Beltrame. Com os episódios das manifestações no Leblon, aproximou-se de Sérgio Cabral e passou a tratar dos assuntos administrativos direto com o governador, magoando alguns chefes na Secretaria de Segurança.
Cobrança por explicações
Beltrame não engoliu a anistia aos PMs e, pior, ficou sabendo da decisão somente através dos jornais. No domingo, foi contundente: queria transparência nas ações e explicações plausíveis da PM adotar as medidas. O benefício atinge, segundo a PM, a 450 policiais punidos por atos de indisciplina como atraso no serviço, faltas e ausências não justificadas, além de falhas pontuais na condução do trabalho
Fonte: O Dia
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