A temperatura atingiu hoje (13) 40 graus Celsius (°C) em algumas áreas do Rio de Janeiro, com sensação térmica de até 46ºC em Guaratiba, na zona oeste, e tudo indica que o calor vai continuar, pois o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) não prevê chuva nos próximos dias, embora admita a possibilidade de chuvas isoladas em alguns pontos da região serrana e da Baixada Fluminense.
A meteorologista do Inmet Marlene Leal disse que as temperaturas no verão deste ano estão acima do esperado. “Temos os termômetros marcando 3 a 4 graus além do previsto, algo semelhante ao que ocorreu no verão anterior. Outra similaridade com o verão do ano passado é o pouco volume de chuvas, devido à presença de uma massa de ar seca e quente. Ela impede a aproximação de frentes frias e, consequentemente, as precipitações conhecidas como chuvas de verão”, explicou.
Marlene esclareceu que esse fenômeno não é considerado anormal, mas a diferença é que vem acontecendo com maior frequência, causando escassez das precipitações. “Muita gente acha que este verão está muito seco, mas não está muito diferente do ano passado. Percebemos que a tendência no verão é a de que as chuvas devem ser mais dispersas, mas também mais concentradas.”
Para quem trabalha diariamente debaixo de sol intenso e em situações de calor extremo, as altas temperaturas são um problema diário. O motorista de ônibus Israel Valin, de 43 anos, falou sobre o desconforto que sente por dirigir veiculos sem ar condicionado. "É uma sensação térmica terrível. Calor nas pernas e no rosto, por causa da quentura do motor", disse Valin, que aguarda a chegada dos veículos com ar condicionado para ter condições melhores de trabalho e se cansar menos.
Já o vendedor ambulante Leonardo de Carvalho, de 24 anos, procura se proteger do sol usando um guarda-sol e bebendo muita água para evitar a desidratação. "É muito cansativo e muito estressante. Não só pelo sol, mas pelos clientes estressados. Por aqui, vejo muitas pessoas passando mal, desmaiando por causa do sol. Não temos nenhuma cobertura melhor nos pontos", disse Leonardo. Ele explicou que também dá assistência às pessoas que ficam na fila esperando o coletivo, quando alguém passa mal ou desmaia.
A ex-presidente da Associação Brasileira de Medicina do Trabalho (ABMT) Elizabeth Mota Schiavo destacou que o trabalho a céu aberto é inevitável, por ser inerente a uma série de profissões e serviços que não podem deixar de ser feitos e explicou o termo estresse térmico, que pode ocorrer em qualquer pessoa que trabalha exposta a temperaturas extremas, tanto altas quanto baixas. "Nas temperaturas altas, esse tipo de estresse tem consequências. Uma das principais é a desidratação e o que ela causa. A segunda é a exposição solar e os cuidados que se tem que ter, como uso de chapéu, filtro solar e camisas. Proteger o corpo da exposição, tanto pela queimadura, que é um efeito rápido, quanto pelo câncer de pele, que é uma consequência tardia dessa exposição", disse Elizabeth.
Outra profissão em condições de calor extremo é a de quem controla o tráfego nas ruas do centro do Rio de Janeiro. Os agentes precisam ficar no meio das vias para ajudar motoristas e pedestres que atravessam de um lado para o outro. Muitas ruas não têm locais com sombra, e isso dificulta ainda mais o trabalho. É o caso do operador de tráfego Ezequias dos Santos, de 23 anos, que qualifica o trabalho de muito desgastante. "É difícil, a gente sua muito, tem que beber muita água, senão é desidratação geral mesmo. Às vezes, quando o trânsito está fluindo bem, a gente vai para a sombra se abrigar e usa o protetor [solar] também."
Paulo Henrique Pinheiro, de 36 anos, que trabalha como chaveiro, diz que o calor não é bom para ninguém, principalmente para as pessoas que têm problema de pressão. Além disso, ele trabalha em uma cabine de ferro e diz que, para se refrescar, busca sombra, molha a cabeça e os pulsos e usa um ventilador. "O calor é imenso para todo mundo. Mesmo com o ventilador o vento vem quente."
A médica Elizabeth Schiavo destacou que hoje em dia existe conscientização das empresas quanto à necessidade de uso do protetor solar, de bonés e roupas confortáveis para executar tarefas sob o sol. Além disso, as empresas devem fornecer o material de proteção contra o sol, como "o chapéu de aba larga que protege a face, o protetor solar, que deve ser aplicado a cada duas horas, e fazer com que o profissional tenha acesso à reposição de água". Ela ressaltou também que a prefeitura do Rio já permite que seus funcionários públicos usem bermudas para trabalhar, o que reduz o desconforto dos profissionais nos dias mais quentes.
Fonte: Da Agência Brasil Edição: Stênio Ribeiro
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