1. ANTECEDENTES E JUSTIFICATIVA
Atualmente, há registro de circulação do vírus Zika em 18 Estados do Brasil, são eles: Roraima, Rondônia,
Amazonas, Pará, Tocantins, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Rio de
janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Mato Grosso e Paraná.
O surgimento de pacientes com manifestação neurológica com história prévia de infecção viral tem sido
registrado em estados com circulação de vírus Zika e circulação concomitante de dengue e/ou chikungunya,
principalmente nos Estados da região nordeste. As manifestações neurológicas dos pacientes incluem encefalites,
meningoencefalite, mielite, Síndrome de Guillain-Barré, entre outras.
Há registro de manifestações neurológicas após processos infeciosos pelo vírus da dengue e chikungunya desde
a década de 1960, e com o Zika vírus desde 2007, especialmente após os surtos ocorridos na região da Micronésia e
Polinésia Francesa.
Visto que a febre do Zika é pouco conhecida e por se tratar de uma doença emergente no Brasil, justifica-se a
implantação de uma vigilância de manifestação neurológica associados à infecção viral não especificada, anterior ao
quadro neurológico para conhecer e confirmar a relação entre a manifestação neurológica e Zika vírus.
2. OBJETIVOS
2.1.Geral
Identificar relação entre a manifestação neurológica e infecção por doenças virais.
2.2.Específicos
- Descrever os dados clínicos, laboratoriais e epidemiológicos em tempo, lugar e pessoa.
- Determinar a ocorrência de manifestação neurológica possivelmente relacionada à dengue, chikungunya e zika
vírus.
3. MÉTODO
3.1.Seleção da unidade sentinela
A escolha e o número de unidades sentinelas devem ser feitos pelos Estados em conjunto com os Municípios.
Recomendam-se os seguintes critérios para seleção:
Deve ser selecionada uma unidade de saúde hospitalar que seja referência em neurologia, com serviço de
pronto-atendimento (urgência/emergência) e neurologista de plantão;
A unidade deve ter boa articulação com a vigilância epidemiológica;
Possuam estrutura mínima para colher, processar e armazenar as amostras de maneira adequada enquanto
estas permanecerem na unidade.
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3.2.Definições de caso
Suspeito: Paciente atendido na unidade sentinela, que apresentou quadro de manifestação neurológica* de
origem indeterminada e registro de infecção viral prévia até 60 dias antes do início do quadro neurológico.
*Entende-se por manifestação neurológica quadros de encefalite, meningoencefalite, mielite, paralisias flácidas agudas,
ADEM (encefalomielite disseminada aguda) e/ou Síndrome de Guillain-Barré.
Provável: Caso suspeito que não foi possível realizar exame laboratorial e que apresentou quadro clínico
compatível com as definições de caso de:
- Febre do zika
- Dengue
- Febre de chikungunya
Confirmado: Caso suspeito com confirmação laboratorial pela técnica RT-PCR para os seguintes agentes
etiológicos:
- Febre do zika: amostras de líquor, urina ou soro.
- Dengue: amostras de líquor ou soro.
- Febre do chikungunya: amostras de líquor ou soro.
Descartado: Paciente que se enquadrou na definição de caso suspeito e:
- Confirmou-se outro agente etiológico (excluindo os agentes da definição de confirmado), tais como: EpsteinBarr,
Herpesvírus, Citomegalovírus, Campylobacter, entre outros, OU
- Que apresentou outro diagnóstico pelo médico, tais como: AVC, acidose diabética, entre outros.
3.3.Fluxo de informação
A unidade sentinela selecionada deverá registrar todo caso suspeito por meio da planilha já encaminhada aos
estados via Ofício Circular nº 39/2015/GAB/SVS/MS, conforme Anxo I deste protocolo. Esta planilha deve ser
encaminhada regularmente (semanal ou mensal) aos Estados e ao Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD).
Neste momento, não há orientação de digitação no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN)
Cada gestor estadual realizará o monitoramento em seus respectivos estados e a Coordenação do Programa
Nacional de Controle da Dengue (PNCD) realizará o monitoramento nacional.
3.4.Fluxo de envio de amostras para laboratório
Atualmente, existe uma rede de laboratórios de referência realizando diagnóstico laboratorial para o Zika vírus,
são eles: Fiocruz/RJ, Fiocruz/PR, Fiocruz/PE, Instituto Evandro Chagas -IEC/PA e Instituto Adolfo Lutz - IAL/SP. Estes
laboratórios realizam diagnóstico para 10 amostras semanais/Unidade Federada de cobertura, conforme acordado com
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a área técnica do Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) e Coordenação Geral de Laboratórios (CGLAB) da
Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS).
Os pacientes internados que atenderem a definição de caso suspeito, deverão coletar amostras de soro, urina,
líquor e seguir o fluxo para os laboratórios de referência, conforme estabelecido abaixo:
Fiocruz-PR: UFs de cobertura - PR, SC e RS.
Fiocruz-RJ: UFs de cobertura - RJ, ES e MG.
Fiocruz-PE: UFs de cobertura - PE, PB e RN.
IAL-SP: UF de cobertura - SP, MT, MS, GO e DF.
IEC-PA: UF de cobertura - AC, RR, RO, TO, AM, AP, PA, MA, PI, CE, AL, SE e BA.
As informações referentes a coleta, volume, processamento, armazenamento e envio estão descritas nos
anexos 2, 3 e 4.
3.4.1. Tipo de amostras:
Amostras de sangue (soro), líquor, urina e vísceras (na eventual investigação de óbito) serão utilizadas para
pesquisa de genoma do vírus zika empregando-se a RT-PCR em tempo real. A tentativa de isolamento do vírus poderá
ser realizada em cultivo celular a partir das amostras de sangue (soro), líquor e vísceras. Ainda poderá ser realizado o
exame histopatológico em fragmentos de vísceras.
As amostras sangue (soro), líquor e vísceras também serão utilizadas para pesquisa dos vírus dengue e
chikungunya empregando-se as mesmas metodologias utilizadas para pesquisa de vírus zika. Eventualmente, como
investigação complementar, poderá ser realizada a pesquisa de anticorpos (IgM e/ou IgG) no soro e no líquor,
principalmente para o vírus chikungunya.
No anexo II são apresentadas, de acordo com tipo de exame a ser realizado, as instruções para coleta,
armazenamento, conservação, acondicionamento e transporte de amostras.
O transporte deve ser feito em caixa térmica destinada às amostras biológicas de Categoria B UN/3373,
conforme anexo 3, contendo gelo seco ou reciclável em quantidade suficiente para garantir a conservação da amostra
até chegar ao Lacen e/ou laboratório de referência nacional. Os recipientes das amostras devem estar bem vedados
para evitar o risco de contaminação das demais amostras no caso de descongelamento e vazamento. Incluir na remessa
a(s) ficha(s) com dados clínicos e epidemiológicos do(s) paciente(s).
3.4.1.2 Espécime clínica e quantidade:
Sangue:
Crianças - coletar no mínimo 3ml e enviar o soro. Adutlos – coletar de 5 a 10 ml e enviar o soro. Armazenar em
criotubos e manter/enviar em gelo seco ou nitrogênio líquido. Antes do envio ao IEC/PA, manter a – 70ºC no LACEN ou
outro laboratório dispondo de freezer -70ºC.
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Líquor:
Crianças e adultos - coletar no mínimo 1ml a partir do início dos sintomas. Armazenar em criotubos e
manter/enviar em gelo seco ou nitrogênio líquido. Antes do envio ao IEC/PA manter a – 70ºC no LACEN ou outro
laboratório dispondo de freezer -70ºC.
Urina:
Crianças e adutlos - coletar no mínimo 3 ml. O processamento das amostras de urina deve seguir o mesmo
padrão adotado para o soro. Armazenar em criotubos e manter/enviar em gelo seco ou nitrogênio líquido. Antes do
envio ao IEC/PA manter a – 70ºC no LACEN ou outro laboratório dispondo de freezer -70ºC.
3.5.Produtos esperados
Espera-se conhecer a ocorrência, distribuição e os determinantes da manifestação neurológica por infecção viral
prévia, destacando-se as seguintes informações:
1. Pessoa: sexo, idade, sinais e sintomas (ou quadro clínico apresentado), histórico de infecção prévia (até 60 dias
antes do início do quadro), distribuição dos casos segundo quadro neurológico apresentado, exames específicos
e inespecíficos.
2. Tempo: data de início do quadro neurológico, data de início da infecção viral anterior, tempo entre a infecção e
o quadro neurológico, curva epidêmica com as datas de início dos sintomas da infecção viral e do quadro
neurológico.
3. Lugar: local de residência, local provável de infecção, local de notificação, local de internação.
4. ELABORADORES DO PROTOCOLO
Esse protocolo foi elaborado em pelo Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis (DEVIT) da
Secretaria de Vigilância em Saúde, com a participação do Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD),
Coordenação Geral de Laboratórios de Saúde Pública (CGLAB) e Coordenação Geral de Vigilância e Resposta às
Emergências em Saúde Pública (CGVR).
5. MAIORES INFORMAÇÕES E CONTATO
Para maiores informações consulte o site www.saude.gov.br/svs. Em caso de dúvida, entre em contato com o
Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) pelos telefones: 3213-8004/8006 ou email: dengue@saude.gov.br
Fonte: Portalsaude.saude.gov.br/
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