Os dois profissionais designados para a cidade chegaram nesse fim de semana, mas ainda dependem do registro provisório, concedido pelo Conselho Regional de Medicina, para começar a atuar. O povoado de Conceição vai receber um médico, Jose Santos. A demora é também incômodo para o profissional. "Amanhã (25) completa um mês que estamos no país, queremos começar a trabalhar", disse.
"A gente estava esperando ele. Disseram que vinha logo e esse logo nunca tinha chegado. Já veio gente dos povoados vizinhos perguntando se tinha consulta. Pra ir no médico, tem que ir à cidade. Do jeito que vai, volta, não consegue marcar consulta. É um sofrimento de pai d'égua", disse o vizinho de Conceição, João Batista.
No local, a maioria das doenças está ligada à ausência de saneamento básico e à falta de tratamento da água. Foram abertos três poços, em apenas um, "a água presta", declarou João Batista. Verminoses e diarreia são doenças comuns. A atenção básica, somada às visitas à comunidade podem ajudar a melhorar a qualidade de vida dos moradores, acredita o médico cubano.
O povoado reflete a situação de quase metade dos moradores de Vargem Grande. Segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cidade tem 52,9 mil habitantes, 46% vivem na zona rural. No campo, a produção é para a subsistência. A renda mensal per capita dos moradores da cidade é R$ 165,37. O município está entre os 300 com o pior Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), ocupa a 5.293ª posição dos mais de 5.560 municípios brasileiros.
Em relação à saúde, a região tem um hospital e novo postos de Saúde, dos quais quatro são na área rural. Cada um deles tem um médico especializado em atenção básica. Os cubanos vão se somar a eles. Além deles, apenas um dos médicos da atenção primária mora na cidade. Os demais são de municípios vizinhos, que atendem duas ou três vezes na semana. A prefeitura calcula que seriam necessário 21 médicos para atender à população adequadamente.
"Temos muita dificuldade em fixar os profissionais. Eles vêm para cá buscando um salário maior do que o que podemos oferecer", disse o secretário de Saúde de Vargem Grande, Challes Eduardo Marinho. Pela Constituição, os municípios devem aplicar um mínimo de 15% da receita em saúde. Segundo o secretário, no mês passado, foram aplicados 40%.
O pediatra José Curtius, que trabalha no município, declarou que a atuação da profissional cubana vai facilitar o trabalho dele. "A movimentação é muito grande, a demanda muito grande. Além disso, não temos atendimento primário. Na hora que melhorar as condições do atendimento básico, vai melhorar também o especializado. Recebemos várias demandas que poderiam ser resolvidas na base", ressaltou.
Repórter da Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário