segunda-feira, 21 de março de 2011

TKCSA POLUIÇÃO- O CRIME COMPENSA?

OPENSA

Companhia Siderúrgica do Atlântico – CSA – O Crime Compensa?

Sex, 07/Jan/2011 02:03 Luiz Prado


Por Luiz Prado - No Brasil de hoje, o marketing é peça essencial não apenas da política, mas das mais simples iniciativas como fazer uma raspagenzinha no asfalto e um recapeamento mixuruca: colocam-se imensas placas nos pontos mais visíveis e dá-se o nome à bobagem rotineira de “Operação Asfalto Liso”.

Agora, é a vez da Companhia Siderúrgica do Atlâtnica - CSA, do grupo alemão ThyssenKrup, em sociedade com a Vale.  "A maior siderúrgica da América Latina" produz meras "palanquilhas", uns tarugos de aço de baixo valor agregado mas elevado consumo energético que, depois, são enviados para laminação nos EUA.
Desde que iniciou as suas operações, há cerca de 6 meses, a CSA inferniza a vida dos moradores da região com nuvens de pó preto que ela afirma ser "apenas grafite", que não seria "tóxico".  O cinismo certamente tem compensado.  A CSA e dois de seus dirigentes já foram processados criminnalmente pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janerio, e todos esperam que novos processos sejam ajuizados.
Diante das pressões da imprensa, a CSA saiu-se om um slogan: “Grafite Zero”.  "Grafite" é o catzo!  Mentirosos!  Não importa se grafite ou não, para os técnicos em poluição o nome genérico daquela imensa porcaria toda é material particulado.  “Tóxico” ou não, o particulado causa problemas de saúde, em particular bronco-pulmonares, com as inevitáveis consequências cardiológicas.
A farsa - coisa de moleques - evidencia-se quando as crianças brincam com o "grafite" usando imãs.
Além disso, particulados entram pelos computadores, televisões e outros aparelhos eletrônicos, diminuindo a vida útil e causando defeitos.

Já é tempo da população local tomar vergonha na cara se organizar em lugar de deixar ao poder público e à empresa a decisão sobre o que fazer, como ocorre nos países sérios.

Dar um trocado para uma clínica de tratamento de diabetes ou qualquer outro atendimento médico  como “compensação” é uma forma de tentar comprar corações e mentes com paliativos: a indústria causa as doenças mas apóia o tratamento médico.

O importante – e a única coisa realmente importante - é parar totalmente com a emissão de particulados e isso só será feito no dia em que for feito o controle total do “poço de emergência” que há meses vem sendo usado regularmente como se tudo fosse uma constante emergência.

A persistência da empresa naquilo que em inglês denomina-se “denial” (denegação, na tradução psicanalítica brasileira, ou recusa de ver algo que é evidente) é uma patologia psiquiátrica e  uma fonte da continuidade das infrações.

Não importam as baboseiras sobre as médias e asa máximas de particulados no ar, já que as normas brasileiras de qualidade ambiental e de controle de poluição são mais do que antiquadas, são largamente obsoletas.
De toda forma, uma empresa alemã - ThyssenKrupp - tem que cumprir, aqui, as normas de lá, e isso inclui não causar os imensos incômodos que a CSA está causando, há meses, à população da região.

Um excelente exemplo desse tipo persistente de descaso desavergonhado é o porto de Tubarão.  Na década de 90, começaram a ser examinadas alternativas para conter as nuvens de pó de carvão e de minério que se espalham continuamente sobre a cidade, proveniente do arraste eólico sobre as imensas pilhas desses materiais nos pátios do complexo portuário.

Os imóveis estavam (estão?)sempre imundos, o dano era visível o tempo todo, e os médicos falavam com freqüência nos altos índices de doenças respiratórias.

Uma das soluções consideradas foi a colocação de telas quebra-ventos (wind fences), já então  bastante usadas em outro lugares do mundo com as mais diversas finalidades, desde evitar que trens de alta velocidade descarrilassem na saída de tuneis em regiões de fortes ventos até o controle do arraste eólico de pó em áreas portuárias.

Se bem dimensionadas as cercas quebra-ventos reduzem o arraste de poeira em 90%.  Mas os “investidores” queriam lucros e não havia interesse dos gerentes locais em tentar convencê-los.  Além do que, o argumento era o mesmo de sempre: não há normas brasileiras sobre esse tipo de controle.  Ora, bolas, o que importa se existem normas ou não quando uma cidade inteira está sendo visivelmente prejudicada?


A primeira reação da canalha local foi a disseminação boca a boca de que aquela solução não existia e de que a única explicação possível seria a de que o então secretário de estado de então – o autor deste blog – representava os interesses de algum fabricante.  A Companhia Siderúrgica de Tubarão, a Vale (então do Rio Doce) e a administração do Complexo Portuário de Tubarão recusaram-se a sequer considerar o assunto.


Mas brasileiro odeia inovação - ainda que goste de novidade - e por essa razão é que Tom Jobim dizia que para fazer sucesso aqui era necessário primeiro fazer sucesso “lá fora”.

Enfim, a proposta foi abandonada.  Tempos depois, alguém deve ter arranjado uma forma de ganhar dinheiro com ela, colocando cercas quebra-ventos – ainda que de altura questionável para o tipo de ventos e para a altura das pilhas de carvão e de minério.  Hoje anunciam, com orgulho, que estão fazendo o que deveriam ter feito há décadas.
Esse é o Brasil do futuro na área do controle da poluição, entre outros.

A notícia foi divulgada como um grande avanço em 2008 e pode ser lida em
http://www.folhavitoria.com.br/geral/noticia/2008/08/cercas-de-20-metros-de-altura-em-volta-de-pilhas-de-minerio-reduzirao-poeira.html

No ano seguinte, a Vale anunciou o seu grande atraso tecnológico no controle da poluição como inovação, como se pode ver em

http://www.vale.com.br/saladeimprensa/pt/releases/release.asp?id=19150

A Vale é sócia da ThyssenKrupp na Compannhia Siderúrgica do Atlântico.
Não há informações sobre o dimensionamento apropriado das cercas quebra-ventos ou dos resultados do monitoramento, como seria de se esperar, mas já é um reconhecimento de que a engenharia existe para resolver problemas, e não para cumprir normas antiquadas.
Da mesma forma, a proposta de colocar câmeras - incluisve infra-vermelhas para assegurar a visibilidade noturna - nas áreas problemáticas da CSA merece ser levada adiante - afinal, qualquer condomínio ou shopping as tem - e não apenas para controle do INEA, mas para o acesso de toda a população e da imprensa.

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