Em entrevista exclusiva ao G1, petista diz que Rio pode viver momento conturbado em maio, com parcelamento de policiais. Titular pediu licença médica para tratar câncer.
A partir de terça-feira (11), o deputado André Ceciliano (PT) assume a presidência da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) no lugar de Jorge Picciani (PMDB), que pediu afastamento para tratar um câncer. Em entrevista ao G1, o petista de 49 anos disse que, embora seja de um partido que chegou a romper publicamente com o PMDB no plano nacional, não vai "mudar nada" em relação à direção de Picciani.
Ele espera que o mandato interino dure, no máximo, 10 dias – e diz torcer pelo retorno do colega. Neste período, não pretende voltar com o pacote de austeridade à pauta, mas se posiciona a favor do aumento da contribuição previdenciária de 11% para 14%.
"Quem acompanha a Assembleia sabe que até o final do ano passado estávamos vivendo uma crise. E foi a figura, a liderança do presidente [Picciani] que acalmou. A gente precisa muito do presidente para votar o que o governo pensa em votar", defende.
Crise
O petista reconhece que a necessidade de intervir na crise é grande, mas diz que o Estado depende em grande parte da ajuda federal. Ele estima que, sem o apoio externo, o Rio pode viver uma "convulsão social" já no próximo mês, com o parcelamento do salário de policiais.
"Nós temos mais uns 20, 30 dias para resolver o problema. Tem categorias recebendo em até 8 vezes, parcelado. A Segurança recebe atrasado, mas dentro do mês. Como vai continuar pagando a Segurança no dia se o MP se o Tribunal de Justiça já foram à Justiça para garantir o duodécimo. Seguramente teremos que parcelar também [a Segurança] se não resolver [nacionalmente] o problema. Acredito que, se não resolver o problema até maio, o Rio de pode viver uma convulsão social".
Pezão
Dar continuidade aos pedidos de impeachment do governador Luiz Fernando Pezão está fora dos planos de Ceciliano.
"Não vou [agilizar o impeachment], isso vai seguir o rumo normal aqui [na Alerj]", disse. "Tirar o governador Pezão não resolve o problema do Estado. O que resolve são recursos novos. Esse ano foram em torno de R$ 6 bilhões de bloqueio nas contas. Como o Governo pode se organizar, se toda hora tem bloqueio de R$ 70 milhões, R$ 80 milhões, R$ 120 milhões?", diz.
De acordo com o presidente interino da Assembleia, não há de se imputar à figura de Pezão a responsabilidade pela crise. "Ele herdou todos os aumentos salariais de ativos e inativos e essa queda de receita, que foi no país inteiro."
Investigações
O mandato interino de Ceciliano começará duas semanas após Picciani ser conduzido coercitivamente para depor na Polícia Federal. Ele não descarta que as investigações cheguem a outros deputados da Alerj.
"Acho que ninguém está livre disso. Tem boato para todo tipo, todo mundo fazendo delação. A mim não espantaria se chegasse [na Alerj] porque é uma casa política. Mas o que a gente quer é que seja esclarecido. Senão fica denuncismo", opina.
Perfil
André Ceciliano nasceu em Nilópolis, na Baixada Fluminense, e se mudou para Paracambi aos 5 anos com a família. Casado com a médica Ludmila Ceciliano, tem dois filhos, Giulia e Andrezinho.
O início na política foi aos 28 anos, quando se candidatou, sem sucesso, a prefeito de Paracambi. Dois anos depois, em 1998, foi eleito deputado estadual pelo PT. Em 2000, na segunda tentativa, foi eleito para a Prefeitura de Paracambi.
Em 2005 retornou à Prefeitura de Paracambi com a cassação, por compra de votos, do então prefeito eleito, Dr. Flávio (antigo PL). Tentou também ser prefeito de Japeri, mas ficou em segundo lugar na votação.
Em 2010 disputou o cargo de deputado estadual e ficou como primeiro suplente do PT. Acabou assumindo a vaga de deputado com a saída do deputado Carlos Minc para a Secretaria de Estado de Meio Ambiente.
Hoje, integra as Comissões de Defesa do Meio Ambiente, de Saneamento Ambiental, de Assuntos Municipais e Desenvolvimento Regional e de Tributação, Controle da Arrecadação Estadual e Fiscalização de Tributos Estaduais.
Fonte: G1
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