segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Crise do estado: servidora sem dinheiro tem medo de ficar com a despensa vazia

Ana Maria Pereira mostra despensa quase vazia: ‘O jeito vai ser passar o mês a ovo se o salário não cair”’ Foto: Fabiano Rocha / Extra

A crise financeira do estado não para de fazer vítimas. Ana Maria Pereira, de 53 anos, é servidora da Secretaria estadual de Saúde há 23 e, com os atuais e constantes atrasos nos salários do funcionalismo, sente-se humilhada com os problemas financeiros que vem enfrentando. Com apenas R$ 67,58 na conta bancária, a funcionária pública diz que a despensa está cada dia mais vazia. Se o salário do mês de outubro não entrar na conta-corrente na data correta, ele só terá ovos para comer.

— Vivi até aqui para passar por essa humilhação. O governo não paga, e você simplesmente não tem o que fazer. Não tenho como fazer comprar. Ir ao mercado é uma tarefa quase impossível. O armário está quase vazio, e entre as poucas coisas que sobram estão os ovos — contou.
Além do desespero de ficar sem dinheiro para a comida, a servidora pontua que não consegue mais pagar as contas básicas, como telefone, água e luz.
— O que deveria ser tarefa para qualquer trabalhador se tornou impossível para os servidores. Hoje, ainda tenho celular porque um amigo se ofereceu para pagar minha fatura. Além disso, outras contas são pagas porque meu pai, aposentado, ajuda com o pouco que ganha para que eu não fique sem energia elétrica e água nas torneiras — disse a servidora.
Desanimada, Ana Maria afirma que, com o pouco dinheiro que tem, terá de escolher entre comprar mais comida ou pagar o transporte para ir ao trabalho:
— Não recebemos auxílio-transporte do governo. Então, não sei se terei como pagar as passagens para trabalhar. Entre comprar comida e gastar com passagens, prefiro comprar algo para colocar na geladeira.
Quando o assunto é a saúde, os problemas da servidora não diminuem. Hipertensa e diabética, após pagar o que deve ao pai e aos amigos que a ajudam financeiramente, ela ainda precisa se desdobrar para não ficar sem seus medicamentos.
— Tento conseguir os remédios mais baratos na Farmácia Popular, para não pesar no bolso. Ter que depender de parentes e amigos para coisas básicas, como pagar uma conta de telefone ou ir ao supermercado, é muito humilhante. Além disso, ainda temos que nos expor, que mostrar como a situação está difícil para o servidor público, para tentar reverter a situação. Como funcionária da Saúde, posso afirmar que somos uma das áreas mais precarizadas, praticamente esquecida pelo governo do estado. Minha história é apenas uma em meio ao turbilhão de problemas pelos quais os trabalhadores da Saúde têm passado. Tenho dezenas de amigos que estão em situação igual ou pior do que a minha. E não temos nenhuma perspectiva positiva de que o problema vai acabar. O jeito é tocar a vida e tentar trabalhar, mesmo assim. Mas não tem sido fácil passar por isso. O problema cresce diariamente.

Fonte: Extra

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