Para aqueles que achavam que o Brasil iria melhorar com a
saída de Dilma, preparem-se. Além do agravamento da crise econômica,
enfrentaremos uma grave recessão social e política. Sem mulheres, sem negros,
sem pobres, sem diversidade, esse governo Temer é uma volta ao passado, e
contra a corrente mundial de buscar por mais representatividade, diversidade.
Enquanto lutamos por
ações afirmativas para participação feminina nos parlamentos, Temer vai na
contramão compondo um ministério só de homens, como se não houvessem mulheres
competentes na política brasileira. Os defensores do golpe até tentam
justificar dizendo que não há problema, pois o que vale é a competência e o
mérito.
Mas
não é só o discurso discriminatório contra as mulheres que nos preocupa. Quanto
a isso, a maioria da população reconhece a importância da participação feminina
em todas as esferas, principalmente no poder público. Isso é essencial para a
democracia plena, afinal de contas somos metade da população e é importante que
a forma como pensamos e agimos seja incorporada na condução dos governos.
O
que nos preocupa também é o crescimento do discurso fascista. O Brasil vive sob
uma jovem democracia que permitiu ao povo, a partir de 1985, conquistar o
direito ao voto e ao primeiro operário e a primeira mulher chegarem à
Presidência da República. Porém, ultimamente, observamos o crescimento da
intolerância, com líderes de direita incitando a violência contra negros,
homossexuais, pobres. Essa agressão é o resultado da campanha de ódio veiculada
pela mídia conservadora e pelos grupos fascistas, com apoio dos partidos da
oposição ao governo de Dilma.
Essa
elite aristocrática e retrógrada, que se incomoda com o protagonismo das
mulheres, é aquela que aprendeu nos últimos anos a expor seu ódio e sua
ignorância contra os pobres, os despossuídos, que se incomodou ao ver um negro
na universidade quando o governo democrático popular ofereceu acesso por meio
das cotas. É a mesma elite que não suporta ver uma família pobre tendo acesso a
bens de consumo por meio de várias políticas sociais implantadas nos últimos
anos.
Nosso papel agora é
lutar contra qualquer tipo de retrocesso. A repercussão internacional do
afastamento da presidenta e as primeiras medidas de Temer continuam péssimas
para o Brasil. Toda a imprensa internacional denuncia o golpe de Estado contra
Dilma. Diversos veículos se pronunciaram a respeito do cenário político no
Brasil. Para eles, o impeachment é uma "declaração de falência", um
golpe claro, fazendo o
país recuar no tempo. Só alguns brasileiros ainda não perceberam quantos
direitos perderão.
Não
há o que esperar a não ser retrocessos. Continuaremos resistindo e lutando pelo
legado construído nesses últimos anos da nossa jovem democracia.
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