segunda-feira, 22 de maio de 2017

PT, PSDB e PMDB concentram mais de 60% dos repasses informados pela JBS

                                           Joesley Batista, um dos donos da JBS, em foto de arquivo de 2011

Entre 2006 e 2014, a JBS doou dinheiro a 28 partidos, mas apenas três deles concentraram quase dois terços das milionárias doações do período: PT, PSDB e PMDB. Os números estão em uma planilha entregue pela empresa em sua delação premiada.
A tabela entregue pela JBS à PGR (Procuradoria-Geral da República) registra repasses de astronômicos R$ 495 milhões a partidos políticos. Deste valor, 63% ficou com PT, PMDB e PSDB.
O PT recebeu, segundo a JBS, R$ 172,2 milhões e é o partido com maior volume de repasses da empresa. O PSDB vem em seguida, com R$ 79,6 milhões. Em terceiro está o PMDB, com R$ 58,5 milhões.
Além de PT, PSDB e PMDB, a planilha da JBS mostra repasses aos seguintes partidos: DEM, PCdoB, PDT, PEN, PHS, PMN, PP, PPL, PPS, PR, PRB, PROS, PRP, PRTB, PSB, PSC, PSD, PSDC, PSL,PTdoB, PTB, PTC, PTN, PV e SD.
"Nós fizemos doações oficiais de R$ 400 milhões, e mais cerca de R$ 100 milhões em notas fiscais frias", contou Batista, em linha com os R$ 495 milhões da planilha.
A tabela não deixa claro que parte dos valores informados se refere a doações legais --ou seja, informadas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE)-- e o que seria caixa 2.
Para o dono da JBS, Joesley Batista, aparentemente isso não faz tanta diferença. Em depoimento de delação premiada, ele disse que mesmo as doações oficiais são "propina disfarçada de campanha política" .

Delator da JBS descreve partidos que receberam propina


A evolução da quantidade de dinheiro destinado pela JBS a partidos ajuda a entender o que Ricardo Saud, executivo do grupo J&F --que controla a JBS--, chamou de "reservatório de boa vontade" entre agentes públicos .
Segundo a tabela, a empresa doou R$ 7,9 milhões a oito partidos na eleição presidencial de 2006. Na disputa seguinte, em 2010, o valor saltou para R$ 66,2 milhões, distribuídos por 18 legendas.
Em 2014, os repasses explodiram. Chegaram a R$ 388 milhões, para 28 partidos. A eleição daquele ano concentrou aproximadamente 80% das doações, regulares ou não, relatadas pela JBS.
Segundo levantamento do UOL feito em janeiro de 2015, a JBS informou ao TSE doações de R$ 366,8 milhões em 2014 .
Com isso, haveria uma diferença de R$ 21,2 milhões entre o valor informado às autoridades e o descrito na planilha.

Entenda o caso

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo, retirou nesta sexta (19) o sigilo dos documentos das delações de executivos da JBS, que levantam suspeitas sobre diversos nomes de peso da política nacional. O presidente Michel Temer (PMDB) é implicado no caso, e se tornou alvo de investigação aberta com autorização do STF 
A base do pedido de abertura do inquérito é a conversa gravada entre Temer e Joesley Batista. O empresário entregou à PGR a gravação do diálogo que teve com Temer, durante um encontro realizado no dia 7 de março no Palácio do Jaburu. Entre as suspeitas relacionadas à conduta de Temer estão a de que ele deu aval para que Joesley continuasse comprando o silêncio do ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O áudio, porém, não é conclusivo quanto a esse ponto.
Na mesma conversa, Temer ouve Joesley contar que havia colocado um procurador para atuar a favor do grupo J&F  nas investigações. O Palácio do Planalto disse que Temer "não acreditou" no que o empresário estava falando.
Joesley também parece ser atendido por Temer ao cobrar um "alinhamento" do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles , em questões envolvendo órgãos como a Receita Federal, BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Cade (Conselho Adminstrativo de Defesa Econômica) e a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), órgão que regula o mercado financeiro brasileiro. A Presidência negou que Temer tenha intercedido a favor de Joesley. 
Diante da crise política provocada pela revelação da conversa, Temer veio a público na tarde de quinta (18) dizer que não iria renunciar .
Alguns dos outros políticos citados nas delações como supostos participantes de irregularidades são os ex-presidentes petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff , além do senador Aécio Neves (PSDB-MG) .
São delatores Joesley Mendonça Batista e Wesley Mendonça Batista, irmãos e donosda JBS, além de Ricardo Saud, Francisco de Assis e Silva, Florisvaldo Caetano de Oliveira, Valdir Aparecido Boni e Demilton Antônio de Castro.
Fonte: .jornalfloripa
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