quinta-feira, 30 de junho de 2016

Sérgio Cabral é alvo de operação que investiga desvio de dinheiro público

Operação Saqueador, semelhante à Lava Jato, foi deglagrada nesta quinta pela Polícia Federal e Ministério Público Federal




Rio - Ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral é um dos alvos da operação Saqueador, uma espécie de Lava Jato carioca, deflagrada nesta quinta-feira pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal. A ação investiga desvio de dinheiro público em diversas obras, como a do Parque Aquático Maria Lenk, do Maracanã, e também de despoluição da Lagoa de Araruama, em Iguaba Grande. Descobriu-se, inclusive, que houve dispensa indevida de licitação para a construção do Maria Lenk.
Nesta primeira etapa, três pessoas foram presas, entre elas o ex-diretor da Delta Construções Cláudio Abreu e o contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira. Este último foi encontrado nesta manhã em sua casa, no luxuoso condomínio Alphaville Cruzeiro do Sul, em Brasília. Os dois estão sendo trazidos para a sede da Polícia Federal, no Rio, nesta tarde. Além deles, são alvos da operação a própria Delta Construções, o empresário Fernando Cavendish e o lobista Adir Assad.
"Baseado na delação premiada da Andrade Gutierrez, verificamos que havia muitas denúncias relacionadas a desvio, lavagem de dinheiro e obras superfaturadas. A partir das investigações, achamos necessário criar essa 'Lava Jato' específica para o Rio. Também investigamos o Sério Cabral", disse o Leandro Mitidieri, procurador da República no MPF.
As investigações ocorreram entre 2007 e 2012 e mostraram que 96% do faturamento da Delta, quase R$ 11 bilhões, veio de verbas públicas, em sua maioria do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). Deste total, verificou-se que R$ 370 milhões foram lavados para o pagamento ilícito a 18 empresas de fachadas, criadas pelos operadores do esquema. São eles: Carlinhos Cachoeira, Adir Assad e Marcelo Abud.
A Polícia Federal acha que Marcelo Abud irá se entrega nas próximas horas, pois seu advogado entrou em contato com o delegado da Delegacia de Combate à Corrupção e Crimes Financeiros Delecor),Tácio Muzzi, nesta manhã. Os agentes aguardam um tipo de contato da defesa de Fernando Cavendish, que viajou para a Europa no último dia 22. Caso ele não faça contato, seu nome poderá ser incluído na lista de procurados da Interpol.
"O que motivou a criação desta força tarefa foi que o volume de investigação relativo ao Rio é muito grande", afirmou Leandro Mitidieri, lembrando que a Operação Lava Jato do Paraná, comandada por Sérgio Moro, irá cooperar com a "Lava Jato" do Rio.
Ainda segundo o procurador, a Delta é uma "organização criminosa extremamente sofisticada em lavagem de dinheiro", tendo "terceirizado" este tipo de crime, ao contratar duas organizações criminosas especializadas em lavar dinheiro, as empresas de Cachoeira e Assad.
Cerca 100 policiais cumprem 20 mandados de busca e apreensão nesta quinta-feira. Somente no Rio, a Polícia Federal cumpre 5 mandados de busca e apreensão e 5 mandados de prisão preventiva. Já em São Paulo e Goiás os agentes cumprem apenas mandados de prisão. Na capital fluminense, foi apreendido um cofre no apartamento de Cavendish.
A Operação Saqueador
As investigações da PF duraram cerca de três anos e começaram a partir do envio de documentação pela Comissão Mista Parlamentar de Inquérito instaurada no ano de 2012 para investigar um grupo que atuava em Goiás.
De acordo com a Polícia Federal, "foram verificados, até o momento, fortes indícios de transferências milionárias de recursos de referida empresa de engenharia para sociedades de fachada, possivelmente desviados de obras públicas. Para comprovação de tais desvios, está sendo realizada perícia contábil-financeira na sociedade investigada".
Ainda segundo a Polícia Federal, a apuração levou ao indiciamento de 29 pessoas suspeitas de desvios de recursos federais destinados para diversas obras públicas. Com base no Inquérito Policial da PF, 23 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público Federal (MPF).
"O material foi imprescindível para o início das investigações na medida em que tais informações nominaram as empresas de fachada que supostamente recebiam valores desviados da pessoa jurídica investigada no presente apuratório", aponta a Federal.
O investigados poderão responder pelo crime de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, peculato, entre outros.
Fonte: O Dia/   Marlos  Bittencourt              

Judiciário não recebe repasse total do governo do Rio e salários de junho estão ameaçado

CI Rio de Janeiro (RJ) 01/04/2016 - Manifestação de taxistas contra a UBER. O trânsito em toda Cidade parou. Na foto taxis parados na Rua Antonio Carlos , enfrente ao Tribunal de Justiça. Foto Fabiano Rocha / Extra Foto: Fabiano Rocha / Fabiano Rocha

A crise vivida pelo governo do estado pode se agravar. Segundo integrantes do Judiciário, o Tribunal de Justiça (TJ-RJ), o Ministério Público (MP) e a Defensoria Pública não receberam do Estado do Rio sobre o repasse total do duodécimo constitucional — parcela mensal do Orçamento destinada aos Judiciário e ao Legislativo — até ontem. O detalhe é que a transferência dos recursos deveria ter sido feita até 20 de junho, para que os salários dos servidores dos dois Poderes fossem pagos hoje, último dia útil do mês.

A hipótese de não pagamento é, de acordo com pessoas próximas aos chefes desses órgãos, real. Caso se confirme, uma crise institucional será instalada. Procurada, a Secretaria de Fazenda explicou que os repasses estão acontencendo diariamente, e estarão encerrados no dia 5 de julho, terça-feira. A repercussão chegou ao funcionalismo como uma bomba. Em carta aos filiados, os coordenadores do Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário do Estado do Rio (SindJustiça) deixaram claro que, caso o pagamento não caia até o início da tarde de hoje, as atividades serão paralisadas.
A crise estadual já atingiu os salários de maio do Executivo. Mais de 310 mil funcionários ainda aguardam o pagamento da segunda parcela dos vencimentos, que continua sem data de depósito. O governo conta com o socorro da União — de R$ 2,9 bilhões — para criar uma engenharia financeira que possibilite o pagamento dos servidores.

Fonte: Extra


quarta-feira, 29 de junho de 2016

Crise financeira faz Rio de Janeiro deixar bens culturais abandonados




Da Rede Brasil Atual
Cidade tem pelo menos 40 bens culturais em situação de abandono
por Mauricio Thuswohl
Com déficit de R$ 19 bilhões previsto pelo governo para 2016 e em meio a uma crise financeira que culminou com o não pagamento dos salários de 137 mil aposentados e pensionistas do estado em abril, o Rio de Janeiro não tem tempo nem dinheiro para cuidar de seus bens culturais e históricos.
Passado um ano desde a formação, pela Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa (Alerj), de um grupo de trabalho que reúne órgãos do governo estadual e de outros setores para discutir e propor soluções, ainda não foi executado um único projeto de restauração e preservação em 40 bens que foram identificados em situação de abandono parcial ou total pelo poder público. Tampouco há previsão orçamentária para levar adiante essa tarefa, em uma gestão que acaba de aprovar dotação suplementar de R$ 900 milhões para as obras de construção da Linha 4 do metrô.
A discussão sobre a degradação dos bens culturais e históricos fluminenses veio à tona após a criação, por meio de uma página na rede social Facebook, do movimento S.O.S. Patrimônio­, que reúne museólogos, historiadores, arquitetos e artistas, além de outros interessados na restauração dos equipamentos abandonados. De um levantamento sugerido pelo grupo surgiu a lista inicial com 40 monumentos da capital e do interior que necessitam de cuidados imediatos.
A lista foi entregue em abril do ano passado ao deputado estadual Zaqueu Teixeira (PDT), presidente da Comissão de Cultura. Nela estão itens de grande importância histórica, como o Convento do Carmo, o Museu do Primeiro Reinado e o Museu da Cidade, além de conjuntos arquitetônicos como o Largo do Boticário e o Campo de Santana, entre outros.
O Grupo de Trabalho sobre Patrimônio Cultural formado na Assembleia tem a participação de representantes do Ministério da Cultura e da Secretaria Estadual de Cultura, além de órgãos como o Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), o Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (ligado à prefeitura), o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e a Fundação Parques e Jardins. De julho a novembro de 2015 foram realizadas cinco reuniões, e a lista de bens abandonados já ultrapassa 200 itens. Existe a previsão de que no segundo semestre sejam retomados os trabalhos para concluir as propostas levantadas pelo GT, com posterior realização de uma audiência pública. Mas, diante da crise financeira e da falta de empenho dos órgãos responsáveis, a expectativa de que alguma melhoria aconteça de fato é praticamente nula.
                                  Interior do palacete São Cornélio, na Glória...
                                     ... corre sérios riscos de perda total
Água abaixo
“A formação do grupo de trabalho foi uma grande perda de tempo, não foi à frente, não deu em nada. Na prática, nenhum órgão de nenhuma instância se mexeu, não houve nenhum esforço. A Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana), que seria responsável pela limpeza dos equipamentos, e o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), que seria responsável pela restauração, nem sequer compareceram às reuniões. Isso é uma grande tragédia cultural, pois estamos perdendo nossa riqueza, nossa história está indo por água abaixo. É muito triste”, afirma o guia de turismo Alberto Cardoso, integrante do S.O.S. Patrimônio e um dos responsáveis pela elaboração da lista de bens abandonados.
Na avaliação de Zaqueu Teixeira, a crise financeira vivida pelo estado e a decorrente imobilidade dos órgãos executivos explicam o insucesso da iniciativa. “As ações de preservação do patrimônio estadual fazem parte dos recursos disponibilizados para a Secretaria de Estado de Cultura, que tiveram cortes em torno de 42% desde o início de 2016, dentro do já parco recurso­. Parte das ações é articulada com o governo federal, que também passa por limitações de apoio. Logo, o quadro para o ano de 2016 é complexo”, diz o deputado.
A Assembleia, segundo Zaqueu, procurou fazer a sua parte. “O trabalho do Legislativo consiste na elaboração e melhoria das legislações e dispositivos legais e na fiscalização das ações do Executivo. O Inepac, no entanto, nos apresentou um quadro do seu funcionamento que é de poucos técnicos, apesar do excesso de vontade”, diz. Já a Secretaria de Cultura tem outra explicação para a falta de resultados do Grupo de Trabalho. “Até agora, o Inepac não recebeu nenhum projeto por parte do GT da Alerj”, afirma a secretária Eva Doris Rosental, por intermédio de sua assessoria.
Assessora especial da Comissão de Cultura, Morgana Eneile aponta a falta de eficiência dos órgãos estaduais como um problema que dificulta a preservação dos bens culturais no Rio de Janeiro. “Uma conclusão a que se chegou no GT é que precisa haver um canal de denúncia que não passe só pelo Inepac. O governo estadual se envolveu, foi a todas as reuniões. Só que o Inepac nem é um instituto de fato, é uma superintendência, não tem uma estrutura própria separada.”
Outro problema, diz Morgana, é a falta de recursos. “O ­Legislativo não pode demandar nada que traga custos para o Executivo. Um projeto de lei que passa, por exemplo, por aumento da estrutura não pode ser iniciativa nossa, tem que ser do Executivo. Ao mesmo tempo, como o Executivo pode demandar a criação de um cargo, um único que seja, para a área do patrimônio numa crise em que ele não consegue sequer pagar os salários dos servidores de carreira?”, questiona.
O S.O.S. Patrimônio, no entanto, considera que o abandono dos bens históricos e culturais do Rio vem de muito antes da crise atual. “O problema não é o déficit, é a falta de vontade pura e simples, é o desprezo pela história e pela cultura”, diz Alberto Cardoso. “Isso é um traço de política de Estado porque a cultura não é contemplada pelo governo. Se a educação, a saúde e o saneamento não são contemplados, a cultura é que não iria ser. No campo cultural o Brasil só não deve ficar atrás do Estado Islâmico. Só eles devem tratar pior os monumentos.”

Novas leis

Considerada fundamental, a adoção de uma nova legislação para garantir uma melhor preservação dos bens culturais e históricos também não prosperou. “Tínhamos a esperança de que, a partir dos trabalhos do GT, saísse um projeto de lei que criasse uma brigada do patrimônio”, acrescenta Cardoso. Este conceito já existe em outros países e funciona como uma brigada de incêndio de uma empresa.
“São pessoas que passam por um treinamento básico e técnico sobre o patrimônio histórico, ministrado pelos órgãos que cuidam dos bens, e que têm a permissão de fazer intervenções imediatas. Se, por exemplo, existe um patrimônio em risco iminente de desabar, a brigada pode atuar com respaldo legal”, compara. “Hoje em dia, quem limpar um monumento do patrimônio histórico no Rio é incurso no crime de dano ao patrimônio, o que é um absurdo. Então, ninguém cuida, porque se cuidar vai preso. O que a gente está tentando é normatizar essa lei. Essa seria uma vitória, mas para isso é preciso que a Assembleia Legislativa se mexa, e a ­Assembleia não se mexe. No atual momento político, a cultura foi totalmente relegada.”
Uma nova lei geral do patrimônio é outro sonho distante. “Não conseguimos consolidar um projeto de lei. Chegamos ao final do ano passado com a possibilidade de ter um novo texto de legislação patrimonial, mas o Estado foi contra. Isso acabou tomando muito tempo. De certa forma a gente parou no meio do caminho após compilar tudo e atualizar as questões que foram demandadas em uma nova lei do patrimônio”, diz Morgana Eneile. Enquanto a lei não sai, avalia a assessora da Comissão de Cultura, alguns paliativos podem ser adotados. “Um dos resultados que esperamos do GT é aprovar já na próxima reunião um projeto de lei que seja uma espécie de disque-denúncia do patrimônio.”
Segundo o deputado Zaqueu Teixeira, a busca por uma nova legislação prossegue em 2016. “O Grupo de Trabalho se pautou por soluções para além das ações do Executivo, buscando analisar possibilidades de dar visibilidade ao patrimônio e também fazer a revisão das leis existentes. Foi iniciado um debate sobre a revisão da legislação atual, que data da década de 1970, e cogitada a abertura de novas ações, como a intervenção da sociedade civil no cuidado com o patrimônio e na fiscalização deste.”
Solar dos Abacaxis, no Cosme Velho, um dos mais importantes edifícios neoclássicos da cidade
Ruínas. Solar do Visconde de São Lourenço, na rua do Riachuelo, foi interditado

Pessimismo

Para Morgana Eneile, “os resultados não se deram necessariamente em relação a um monumento restaurado” porque é preciso uma política pública com a participação efetiva dos diversos atores envolvidos. “Não basta o desejo de um patrimônio público por parte de quem o valoriza. Por isso, o trabalho do GT acabou se tornando tão complexo de resolver. Listamos um conjunto de ações, mas nenhuma delas se tornou concreta não porque não tenha como ser concretizada, mas porque são coisas difíceis de serem resolvidas do ponto de vista orgânico. Isso é um trabalho que vai levar tempo, não vai ser executado no tempo que a gente gostaria”, afirma.
O pessimismo dos envolvidos pode ser medido pelas palavras de Alberto Cardoso. “Desde o início, eu sabia que não seria feito nada. A realidade no Rio é uma tragédia, ninguém se sensibiliza. Uma cidade que constrói uma ciclovia por R$ 45 milhões que mais parece uma pinguela e cai em três meses matando gente mostra o desprezo pelas leis, pela ética, pela vida humana. Nesse contexto, nosso passado não vale nada, a cultura não vale nada. Estão deixando tudo ser destruído porque as verbas públicas vão todas para o lazer e o esporte, mais nada. Quando chegar a Olimpíada, o que nós teremos para mostrar aos estrangeiros em termos de cuidado com o nosso patrimônio?”, indaga.

Exemplos do abandono

Cardoso dá alguns exemplos de como a situação de abandono dos bens históricos e culturais do Rio de Janeiro se agravou nos últimos meses, apesar da criação do Grupo de Trabalho para tratar desse tema na Assembleia Legislativa. “Um dos objetos que nós tanto queríamos preservar – o Palacete São Cornélio, no Catete – está num estado pior do que estava há um ano. Foi invadido, arrancaram as calhas pluviais. O imóvel está hoje em uma situação que, se chover, vai perder totalmente seu interior. Está de pé por um milagre.”
“O Convento do Carmo, na Praça XV, está com as janelas abertas desde um ano atrás”, acrescenta. O prédio teve construção iniciada em 1619, passou por várias reformas na era colonial e foi confiscado por dom João VI em 1808 para alojar sua mãe, Maria I. Em seguida, seria o embrião da Biblioteca Nacional ao receber os primeiros livros vindos da corte portuguesa.
“Nós pedimos ao governo para entrarmos no prédio ou para pagarmos alguém para ao menos fechar as janelas, mas o pedido foi negado. Já fizemos um estudo, houve um compromisso pela restauração, mas as janelas continuam abertas. O vento, as chuvas e os animais estão deteriorando o único prédio joanino da cidade.”
“O monumento ao General Osório, também na Praça XV, está sendo dilapidado vagarosamente”, completa o ativista. “Já arrancaram o gradil, as letras de bronze, a espada do general, as balas de canhão. Já tentaram roubar até os painéis laterais, e nada foi feito pelo poder público.”
Fonte: jornalggn

Rio, recordista de tuberculose em tempos olímpicos

Eis um recorde que a Cidade Maravilhosa se empenha em esconder: além de ter uma taxa de incidência de tuberculose bem acima da média nacional (82 casos por 100 mil habitantes), a taxa de mortalidade pela doença é a mais alta entre todas as capitais do país – 6,9 mortes por 100 mil habitantes, o dobro da média das capitais brasileiras. Foram 440 pessoas mortas na capital e 840 em todo o estado pela doença em 2014, segundo os dados mais recentes publicados pelo Ministério da Saúde.
           De acordo com o gráfico, em 2014 o Rio de Janeiro era a capital com maior taxa de mortalidade por tuberculose no país


A taxa nacional de incidência de tuberculose tem baixado desde 2001. Foi de 41 por 100 mil habitantes para 33,8 em 2014. Mas no Rio os índices continuam muito altos, em especial entre as populações marginalizadas: habitantes de favelas, moradores de rua e a população carcerária. O estado tem a segunda maior incidência do país, atrás apenas do Acre.
A doença, que atingiu seu auge na Europa entre os séculos 18 e 19, é um grave problema de saúde pública ainda hoje no Rio, embora tenha cura – e o tratamento seja ministrado gratuitamente pelo SUS. Segundo Ana Alice Bevilaqua, gerente de Pneumologia Sanitária do Programa Estadual de Luta Contra a Tuberculose da Secretaria Estadual de Saúde, houve “14 mil casos de tuberculose no ano passado no estado, metade no município do Rio”.
A decadente rede pública na capital é o grande problema identificado pela maioria dos agentes de saúde e também pela maior especialista do país, Margareth Pretti Dalcolmo, pneumologista pesquisadora da Fiocruz e membro do Comitê Assessor em Tuberculose do Ministério da Saúde. “No SUS, o diagnóstico pode ser feito em 24 horas, e a decisão médica de como tratar deveria encontrar retaguarda no sistema. Porém existem hoje pouquíssimos leitos para os que precisam sair das suas casas, com a deterioração da rede pública hospitalar. É quase impossível conseguir internar um paciente por tuberculose. Ainda que o SUS preveja na sua tabela o pagamento da internação desse paciente, isso não é feito”, diz.

Doença de pobre

Procurada insistentemente pela Pública, a Secretaria Municipal de Saúde recusou-se a divulgar dados referentes à doença nas favelas “para não gerar pânico”, segundo Jorge Eduardo Pio, gerente da Área Técnica de Doenças Pulmonares Prevalentes.
Porém, um estudo acadêmico feito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em parceria com a Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, estima que nas favelas cariocas a taxa de incidência seja de 300 por 100 mil habitantes, mais de quatro vezes a média municipal. “É um índice que corresponde ao de países africanos subsaarianos”, reconhece Jorge Pio.
Sônia Regina Gonçalves da Silva, conselheira municipal da saúde e habitante do morro do Urubu, luta desde os 20 anos para que se entendam melhor as dificuldades dos moradores das favelas em enfrentar essa doença. “Quando tem um caso de tuberculose, os moradores se calam. Sabe por quê? Porque quem tem tuberculose é pobre, mora mal e se alimenta mal. É muito estigma para as pessoas aguentarem. Quando um morador tem esse diagnóstico, que ainda chega tarde, ele já está com sua autoestima lá embaixo. É mais fácil dizer ‘sou portador de aids’, sabe por quê? Se tem aids, você é pegador. Já tuberculose, você é pobre mesmo.”
O índice de abandono do tratamento é de 14% e o índice de cura, de menos de 85% no estado do Rio. “Segundo a OMS, o índice de abandono teria que ser de menos de 5% e de cura, de mais de 85%. Isso mostra que temos que dar uma melhor atenção médica ainda, mas também ir além da saúde e abordar o problema social”, explica Ana Alice Bevilaqua.
A tuberculose se desenvolve em lugares com populações muito densas, em particular quando as casas não recebem luz ou ventilação adequada. É o caso do Rio, onde a densidade reflete a desigualdade social. Enquanto a média da cidade é de 5 mil habitantes por quilômetro quadrado, na Rocinha é de 45 mil. Ou seja: melhorar as condições de habitações nas favelas é essencial para mudar o índice de tuberculose, segundo especialistas.
Situada na zona oeste, a favela da Rocinha, uma das maiores da América Latina, conseguiu reduzir a doença em uma pequena parte do seu território, no antigo “beco da tuberculose”, que passou a se chamar “Rua 4” com os investimentos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento, do governo federal). Ruas foram abertas  e reformaram-se apartamentos para receberem mais sol e ventilação.
“Foi uma mudança total”, diz Rita Smith, que nasceu na Rocinha e viu sua mãe morrer de tuberculose. Ela mesma contraiu a doença, mas sobreviveu e tornou-se agente comunitária de saúde. Em cada uma das Clínicas da Família que hoje atendem 50% da cidade, há seis agentes comunitários, que são da própria comunidade e vão visitar as pessoas nas suas casas.
                      Rita Smith, ex-doente de tuberculose e ex-agente comunitária na Rocinha que ainda mora por lá, mas saiu do “beco da tuberculose”, hoje a Rua 4 (Foto: Anne Vigna/Agência Pública)
Rita foi durante 20 anos agente na Rocinha. “Claro que o agente tem um papel fundamental: o nosso trabalho não é só levar o medicamento, é conversar, é motivar as pessoas porque é uma luta cotidiana”. Depois da implementação do esquema, os índices de cura melhoraram na Rocinha. Segundo a dissertação de mestrado da atual coordenadora de Doenças Transmissíveis da Secretaria Municipal de Saúde, Patrícia Durovni, a taxa de mortalidade caiu de 11,8/100.000 em 2009 para 7,2 em 2012, embora as infecções tenham aumentado.
Apesar das melhorias, Solange Carvalho afirma que “a mudança é ainda insuficiente”. A arquiteta é uma das fundadoras do escritório ArquiTraço, que desde 1994 vem participando de projetos urbanísticos para favelas. Foi o escritório que ficou responsável pelo Plano Urbanístico para Rocinha em 2006 – entre outras mudanças, fez o alargamento da Rua 4. “Os projetos de urbanização da prefeitura do Rio para as favelas não tinham verba para fazer melhoramento habitacional. Consistiam em abrir ruas, levar serviços e saneamento, criar praças e equipamentos. Mas, nas favelas muito densas, não adianta se não mexer nas construções e não desadensar, porque isso gera problema de saúde. Aqui não se faz desadensamento. É um problema em que ninguém quer mexer.” A arquiteta questiona a regularização de casas que não atendem os critérios de salubridade, como é o caso da pequena e densa favela Vila Canoas, em São Conrado, regularizada pela prefeitura. Ela aponta exemplos de danos para a saúde por causa de infiltração da água, pouca ou nenhuma iluminação, ausência de ventilação e espaço.
Em 2011, a prefeitura do Rio lançou um ambicioso programa de reurbanização, o Morar Carioca. Feito mediante um convênio com o braço fluminense do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-RJ), previa realizar melhoramentos habitacionais ligados à saúde. Porém, pouco se concretizou, e o IAB desistiu do programa em 2013. Hoje em dia, essas melhorias não são conduzidas por nenhum órgão público. Como não há leitos suficientes e em muitos casos a doença não é identificada, é comum uma pessoa doente na favela conviver durante dias com outras em um mesmo cômodo, sem ventilação, espalhando a tuberculose, segundo agentes comunitários e médicos entrevistados pela Pública.
Um exemplo ficou claro para a reportagem ao visitar o Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria, da Fiocruz, em Manguinhos, onde não faltam médicos. Ali também há uma assistente social que ajuda a tramitar o mais rapidamente possível a ajuda social aos pacientes de tuberculose: vale-transporte, INSS, vale social. Mas, mesmo em condições muito boas de cuidado médico, o número de casos em Manguinhos triplicou em sete anos: foram 65 em 2006 contra 183 em 2013.
“A gente sabe que ainda tem muitos casos não identificados e outros que procuram atendimento fora da comunidade porque temem o preconceito de vizinhos. Sem uma política social, os índices não vão melhorar”, pensa Celina Boga, médica do Centro de Saúde da Fiocruz.
Segundo os dados do Centro de Saúde da Fiocruz em Manguinhos, os números de casos de tuberculose seguem aumentando (Foto: Anne Vigna/Agência Pública)
De acordo com urbanistas e arquitetos, as ações de urbanização e melhorias das favelas estão praticamente paradas há dois anos. E para o presidente do IAB-RJ, Pedro da Luz Moreira, é difícil não relacionar essa “pausa” com a reta final dos projetos olímpicos: “No meu entendimento, deixaram as favelas para lá. O prefeito nos chamou em 2011 para fazer um concurso público. Ele declarou que gostaria de ter para 2020 todas as favelas urbanizadas. Selecionamos 40 equipes de arquitetos, sociólogos etc., mas a prefeitura só contratou 11 equipes. Nós não queríamos uma atuação pontual porque senão você supervaloriza uma favela que está aqui e subvaloriza outra que está lá. Perde a confiança da população, faz remoções brancas. Por isso, O IAB saiu em 2013, e hoje estamos sem programa de urbanização, o que era uma constante desde o Favela Bairro, em 2007.”
Segundo o Censo de 2010, existem 763 favelas no Rio, onde moram 1,4 milhão de pessoas. A Secretaria Municipal de Habitação (SMH) garante que o programa Morar Carioca tem beneficiado desde 2010 cera de 70 mil domicílios em 69 comunidades, em um investimento de R$ 2,1 bilhões da prefeitura, governo federal e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Porém, a SMH reconheceu que “não existem projetos de desadensamento nem de melhoramento habitacional”. Questionado pela Pública, o prefeito Eduardo Paes garantiu que o Morar Carioca está de vento em popa. “Estamos trabalhando em várias comunidades. Há duas semanas, estava na Barreira do Vasco inaugurando uma obra do Morar Carioca, mas não tinha nenhum jornalista.” 
Quando há jornalistas, a prefeitura empenha-se em bloquear o acesso aos fatos, o que a Secretaria Municipal da Saúde fez em diversos momentos durante esta reportagem. Alguns entrevistados afirmaram à Pública ter dados sobre incidência de tuberculose, mas depois foram proibidos de repassá-los à repórter. Jorge Pio, gerente do programa Tuberculose da secretaria, aceitou pelo telefone passar os dados, mas afirmou depois: “Recebi instruções para não divulgar”.
Além de não entregar dados sobre as favelas, a secretaria não permitiu à repórter visitar um posto de saúde comum. Permitiu apenas uma visita à clínica da saúde em Manguinhos, que tem um Consultório na Rua. Mas, depois de uma entrevista na qual uma enfermeira criticou o governo, a encarregada de comunicação da secretaria decidiu cancelar tudo. Não foi possível acompanhar o trabalho na rua nem entrevistar médicos ou a administração da clínica.
Os especialistas insistem na importância de comunicar mais sobre a tuberculose para combater o preconceito que a rodeia. O Ministério da Saúde faz campanhas com esse objetivo, mas parece que a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, responsável pela cidade com maior taxa de mortalidade de tuberculose do país, vai no sentido contrário.
Becos em Manguinhos: As casas não recebem sol nem ventilação (Foto: Anne Vigna/Agência Pública)
É ainda pior para a população carcerária e moradores de rua
Não bastasse a postura opaca da prefeitura, os especialistas afirmam que existe uma “subnotificação” do número de casos dentro do Sinan, sistema federal que contabiliza dados de saúde. Por exemplo, até 2014 se estimava que, para a população encarcerada na cidade do Rio, a taxa de incidência fosse de 775 por 100 mil, o que representa nove vezes mais risco do que estando em liberdade. No entanto, em 2015 uma equipe do Ministério da Saúde fez um “rastreamento em massa” no Instituto Penal Benjamin de Moraes Filho, na zona oeste da cidade, durante duas semanas. O resultado foi muito superior ao estimado: 1.242 por 100 mil, o equivalente a 16 vezes mais chances de adoecer do que na população geral.
Segundo Yvone Pessanha, coordenadora de Gestão em Saúde Penitenciária, os dados que os funcionários enviam ao Sinan nem sempre são registrados pela prefeitura. “Nós notificamos os casos no Sinan Rio. E no município alguém tem que passar para o Sinan net, em nível federal. No passado, vários casos já digitalizados não tinham sido repassados para Sinan net”, admitiu em entrevista à Pública.
Essa população enfrenta também a deterioração da rede hospitalar. “Até 2004, tínhamos cinco hospitais gerais, dois psiquiátricos, um sanatório e o triplo dos funcionários da saúde. O Rio era uma referência nacional. Agora temos dois hospitais psiquiátricos, uma UPA [Unidade de Pronto Atendimento] e um sanatório – e muito mais presos”, explica Lúcia Lutz, médica há 25 anos e presidente da Associação dos Servidores das Áreas de Saúde e Assistência Penitenciária do Estado do Rio de Janeiro. Hoje, o Rio tem 47 mil presos para 27 mil vagas, uma densidade que evidentemente favorece a tuberculose em lugares fechados.
Todas as unidades prisionais têm ambulatórios, mas “a maioria não tem médicos, só enfermeiros. O nosso grande problema é a falta de médicos. Em 2013, fizemos uma contratação para 43 vagas. Nenhum médico se candidatou, só três psiquiatras. O salário teria que ser muito atrativo para eles virem trabalhar aqui”, explica Yvonne. Quando não se diagnostica rapidamente a tuberculose, seu tratamento é mais difícil e o doente segue contaminando outros companheiros de cela, visitantes e carcereiros. A maior aposta é na comunicação para que os presos relatem novos casos. “Se a pessoa tosse muito, fica na cama e perde peso, geralmente é tuberculose. Mas as pessoas não sabem, ou não querem dizer para não ficar isoladas”, acrescenta Lúcia.
Na rua
Segundo o Ministério da Saúde, para a população que vive na rua a possibilidade de contrair a doença é 44 vezes maior do que para quem tem casa. Porém, não existem dados precisos sobre essa população no Rio.
A cidade tem seis Consultórios na Rua dedicados a essa população desde 2011. Em Manguinhos, na zona norte da cidade, o consultório é composto de uma equipe de dez pessoas, entre agentes comunitários, psicóloga, dentista e enfermeiros, para atender 1.100 moradores de rua. “Atualmente temos 44 pessoas tratadas por tuberculose”, explica Marcelo Soares, enfermeiro do consultório. “Todos os dias vamos para a rua atrás delas, levar a medicação para ser tomada ou para coletar exame de escarro. A gente deixa a medicação com eles para uma semana. Mas temos que ir diariamente também porque de repente eles perdem, ou roubaram a mochila deles, ou a Guarda Municipal joga fora a medicação. Isso é uma realidade também.”
Os Consultórios na Rua tinham um convênio com os restaurantes estaduais populares, nos quais os doentes por tuberculose tinham direito a três refeições por dia, mas essa parceria acabou há três anos. “Hoje, nós temos quatro refeições dadas pelo restaurante da Fiocruz por dia para repartir entre os 40 doentes. A gente prioriza os que mais precisam, os que não têm nenhuma rede de apoio para comer. Outro grande problema é a falta de vagas nos abrigos. Uma pessoa com tuberculose teria que sair da rua para se curar. Mas tem muito poucas vagas e em geral eles não querem ir nos abrigos porque estão em condições muito ruins. E nos hospitais não se conseguem leitos”, conclui Soares.
Imagem destacada: Favela da Rocinha, por Igor Fernando. Flickr 
ATUALIZAÇÃO: Erramos
Após a publicação desta reportagem, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) enviou uma nota negando ter omitido dados epidemiológicos. De fato, o Dr Jorge Pio havia enviado à repórter um arquivo em Powerpoint contendo dados gerais sobre a tuberculose. Os dados não foram utilizados na matéria porque estavam desatualizados em relação ao informado pelo Ministério da Saúde (taxa de incidência em 2014). A Agência Pública reconhece que errou ao afirmar que a SMS “não enviou quaisquer dados”. O texto foi corrigido.
O que a Secretaria recusou-se a entregar foram os dados referentes às favelas do Rio. Na nota, a SMS alega que esses dados são “tecnicamente imprecisos”. “Além disso, a comparação entre áreas da cidade com diferentes IDHs e índices de concentração populacional poderia estigmatizar ainda mais moradores de algumas regiões historicamente menos favorecidas”, diz o comunicado.
A SMS enviou ainda um site contendo o número de infecções na cidade. A Pública agradece o envio, mesmo que após o fechamentoViste o site aqui
Fonte: Publica Agência de Reportagem  e Jornalismo Investigativo         

Servidores do Rioprevidência iniciam greve nesta quarta-feira por tempo indeterminado

                                   
Rioprevidência não detalhou como serão feitos os depósitos de abril Foto: Alexandre Cassiano / Alexandre Cassiano/Agência O Globo

Nesta quarta-feira, os especialistas e os assistentes do Rioprevidência iniciam uma greve por tempo indeterminado. A queixa é a mesma das demais categorias estaduais: o não pagamento da segunda parcela dos salários de maio.

Os servidores farão um protesto em frente à sede do fundo, na Rua da Quitanda, no Centro do Rio, e atos de mobilização da categoria. O Rioprevidência informou que respeita a paralisação e que suas agências não terão expediente ou funcionarão de forma parcial.
O fundo ainda reiterou que a agência central funcionará, preferencialmente, para a habilitação e a exclusão de pensões e para fornecer informações sobre outros serviços. Os agendamentos marcados para outras agências estão cancelados.

Fonte: Extra

terça-feira, 28 de junho de 2016

Atraso nos salários põe em risco temporada do Theatro Municipal do

                       
Sem salários, artistas, técnicos e servidores administrativos do teatro estão sem condições de trabalharDivulgação/Riotur

Com salários atrasados, o corpo artístico do Theatro Municipal do Rio de Janeiro suspendeu os ensaios e as próximas estreias estão comprometidas. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Entidades Públicas da Ação Cultural do Estado do Rio de Janeiro (Sintac), ainda não há confirmação para a estreia da ópera Orfeu e Eurídice, de Gluck, prevista para domingo (3).
O presidente do sindicato e integrante do coro do Theatro, Pedro Olivero, informou que, apesar do nome, a instituição é ligada ao governo do estado, que passa por grave crise financeira e vem atrasando o pagamento de diversas categorias. Orquestra, coro e corpo de baile, além de funcionários técnicos e administrativos, fizeram assembleia na manhã de hoje (28) e decidiram manter a paralisação, iniciada sexta-feira (24).
De acordo com Olivero, não se trata de greve, mas falta de condição de ir para o trabalho. “Está acontecendo com artistas e funcionários do Theatro a mesma coisa que com os demais funcionários do estado. A gente está sem receber o salário de maio. Recebemos menos da metade do que tinha de ser pago. Seria pago no dia 1º de junho, que passou para 10, que passou para 14 e que não foi pago em sua totalidade. A gente já está entrando no mês de julho e não tem previsão de quando esse pagamento vai sair.”
Ensaios
Segundo o presidente, diante da promessa de pagamento os ensaios ocorreram até quinta-feira (23). Mas, como o dinheiro não caiu na conta, começou a paralisação. “A maioria dos funcionários, músicos, cantores, está na mesma situação: sem dinheiro para ir trabalhar. Aí não tem como continuar os ensaios. Não é greve. É paralisação até que o restante do salário seja pago. Não somos a favor da greve. Somos artistas. Nosso prazer é cantar, dançar, tocar, embora achemos que a greve seja legítima também. Mas, no nosso caso, trabalhamos de forma diferenciada”.
São cerca de 350 pessoas no corpo artístico do Theatro Municipal e outros 150 técnicos administrativos, que têm se revezado para manter o prédio funcionando, já que ele é alugado para outros eventos e espetáculos. Conforme Olivero, até essas atividades podem ser suspensas por falta de verba para manutenção.
Fundação
“Tem prêmios, outras orquestras, outros espetáculos. Tem de ter gente na portaria para abrir o teatro, brigada de incêndio, gente que cuida do ar condicionado. Os funcionários técnicos e administrativos têm de fazer o rodízio para manter o teatro funcionando. Isso até o dia que não der também, porque o governo não está repassando o dinheiro para manutenção da casa. São R$ 600 mil por mês para manter o teatro aberto. No início do mês passou R$ 120 mil e agora nada.”
Em nota, a Fundação Teatro Municipal do Rio de Janeiro informou que “já vem trabalhando com a perspectiva de dificuldades e problemas decorrentes da crise econômica que atinge o Estado do Rio de Janeiro” e que está buscando “soluções que preservem os eventos programados para a temporada artística de 2016”.
Fonte: Akemi Nitahara – Repórter da Agência Brasil
Edição: Armando Cardoso

Governo do RJ ainda não tem data definida para pagamento de servidor



Dornelles diz que vai fazer levantamento para saber o que tem em caixa.
Governo espera a liberação de R$ 2,9 bilhões do governo federal.



Ainda não havia nenhuma data definida pelo governo do Estado do Rio, no início da manhã desta terça-feira (28), para a realização do pagamento da segunda parte do salário de maio dos servidores.
A primeira parcela do salário do mês de maio foi paga no dia 14 de junho e a segunda parcela é que ainda não tem data definida. Por enquanto só os servidores da Educação receberam pagamento integral devido ao Fundo de Educação Básica (Fundeb).
O restante do funcionalismo — servidores da ativa, aposentados e pensionistas — receberam R$ 1 mil mais 50% da diferença entre o valor líquido do seu vencimento e a parcela de R$ 1 mil. Como exemplo, se um servidor ganha R$ 4 mil líquidos, ele teve em sua conta um depósito de R$ 2.500, que corresponde aos R$ 1 mil mais metade dos R$ 3 mil que ainda terá a receber.
Em entrevista ao jornal O Globo, o governador em exercício, Francisco Dornelles, disse que vai fazer, 
Apoio financeiro
Uma medida provisória publicada em edição extra do Diário Oficial da União de terça-feira (21) estabeleceu um "apoio financeiro" de R$ 2,9 bilhões ao Rio de Janeiro, que na semana passada decretou estado de calamidade pública em razão da crise financeira no estado. Segundo a Casa Civil do governo Michel Temer (PMDB), o governo estadual não precisará devolver esses recursos para a União por se tratarem de um "subsídio".
De acordo com o texto, os recursos deverão ser utilizados para auxiliar nas despesas com Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro decorrentes da realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos - Rio 2016.
Os recursos serão entregues após abertura de crédito orçamentário. Segundo a Casa Civil, a efetiva liberação do dinheiro para o estado ainda depende de uma segunda medida provisória, que será publicada quando os recursos estiverem disponíveis. O governo, contudo, não informou quando isso ocorrerá.
O Ministério da Fazenda informou que o pagamento é um gasto orçamentário efetivo, mas explicou que essa despesa já está dentro da estimativa de déficit fiscal de até R$ 170,5 bilhões que foi aprovada pelo Congresso Nacional para este ano.nesta terça, um levantamento para saber o que tem em caixa para saber o que pode ou não ser pago.
Fonte : G1